O dólar é a moeda comumente mais usada no mundo todo para se basear o preço das coisas. No entanto, isso não é algo que parece agradar todo mundo. Tanto é que há pelo menos duas décadas vários analistas esperam que o Índice Dólar morra. E ao que tudo indica, a desdolarização feita por parte de entidades que fazem o comércio de serviços e produtos no mundo todo pode finalmente acabar com o reinado do dólar.
Claro que para que essa desdolarização seja feita, ou mesmo para que ela fosse considerada, tem que existir alguns fatores. E no caso, eles não são poucos. São eles:
- O aumento das tensões entre o Ocidente, especialmente os Estados Unidos, com os países ricos em commodities e recursos que querem ficar livres das ordens do dólar nas suas transações comerciais.
- O motivo de essa tensão estar ainda maior é o envolvimento dos Estados Unido na Ucrânia, e com a participação da Rússia na Opep+.
- No caso da China, a desdolarização vem por conta dos problemas do país com Taiwan, que é como se fosse um protetorado dos Estados Unidos.
- Outro fator que impulsionou essa desdolarizção foi a criação de zonas econômicas globais que deem a oportunidade de se superar a dependência de um império econômico avançado, mas que está passando por uma deterioração lenta.
- Além disso, o impasse político nesse império econômico está cada vez maior. E um grande destaque está na discussão a respeito do teto da dívida. Além disso, o problema que a “impressora” do Fed criou em 2020 está aumentando a gravidade dessa discussão sem nenhuma dúvida.
Com todos esses fatores vem a pergunta: o que tudo isso quer dizer? Desde o segundo semestre de 2022, tem-se visto uma tendência de desinflação, além do favorecimento do medo da deflação a um novo surto de pressão inflacionária por conta da visão prospectiva. Em teoria, tudo isso conseguiria provocar uma corrida pela liquidez do dólar, já que ele é a moeda de reserva universal.
Resumidamente, a volta do mercado de baixa nas ações iria gerar uma corrida para o dólar e outros ativos de proteção, como por exemplo, o ouro e a prata. Mesmo que as estratégias que podem ser implementadas sejam as mais variadas e precisem de muitas análises, o ouro e a prata, conhecidos como cavaleiros do Apocalipse da Liquidez, podem ser analisados.
Se houver uma subida deles, o movimento esperado dos mercados, que é inflação>desinflação>medo de deflação, desde o segundo semestre do ano passado irá continuar o mesmo. Contudo, se ele caírem se forma um cenário mais interessante.
Desdolarização
Com relação aos mercados globais, tendo o Fed com suas mãos atadas, seria possível uma operação de inflação com o foco mais global. Isso se o dólar romper para baixo e agir como uma contraparte, como geralmente acontece.
Olhando a relação diária ouro/prata (GSR), o outro geralmente fica atrás da prata, o que mostra, junto com outros indicadores, que a liquidez global ainda é satisfatória nesse momento. Agora, se esse GSR tiver um rompimento para baixo da mínima de dezembro, o cenário seria bastante diferente e o mais provável é que ele não seria baixista, principalmente no caso de mercados globais de ações, commodities e metais preciosos.
Observações
Com relação ao dólar, ele está em um nível de suporte que não é muito impressionante olhando no gráfico diário. Mesmo assim, ainda existe o potencial de ele fazer um fundo duplo.
Uma perspectiva melhor é vista no gráfico semanal. Ele mostra o potencial de suporte na congestão do topo de 2020 e um possível padrão de ombro-cabeça-ombro de topo. Agora, se isso prosseguir e acontecer um rompimento, o marco irá mudar. Mas até isso acontecer, o dólar tem um suporte e a questão da desdolarização irá continuar fervilhando, mas não transbordará.
Fonte: Investing
Imagens: Investing
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