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Própolis melhorou imunidade e amenizou inflamação crônica em pessoas que vivem com HIV

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Aproximadamente 37 milhões de pessoas convivem com o vírus da Imunodeficiência Humana, o HIV, no mundo todo. Vários países oferecem o tratamento de prevenção para essas pessoas. No entanto, ainda não existe uma vacina ou uma cura para o HIV.

Contudo, estudos estão sempre sendo feitos em relação a esse assunto para melhorar ainda mais a qualidade de vida das pessoas que vivem com esse vírus. De acordo com um estudo publicado na revista “Biomedicine & Pharmacotherapy”, 500 miligramas diários de própolis têm um efeito benéfico nas pessoas que vivem com o HIV.

Segundo os autores do estudo, diferente dos pacientes que receberam placebo, os que tomaram o própolis tiveram uma diminuição bem significativa na concentração plasmática de malondialdeído, que é um marcador de estresse oxidativo. Além disso, essas pessoas também tiveram sua capacidade antioxidante total aumentada, o que por sua vez tem um efeito direto no combate aos radicais livres.

Pessoas que vivem com HIV

Sagres

“Apesar de as pessoas que vivem com o HIV apresentarem excelente expectativa de vida com as atuais terapias, um dos problemas ainda enfrentados é a questão do envelhecimento precoce – de aproximadamente dez a 20 anos, em comparação à população não infectada. Há uma deterioração da imunidade [imunossenescência] acelerada nessa população e o desenvolvimento precoce de comorbidades como diabetes, hipertensão e neoplasias”, disse a bióloga Karen Ingrid Tasca, que desenvolveu seu pós-doutorado no Instituto de Biociências de Botucatu, da Universidade Estadual Paulista (IBB-Unesp), com apoio da FAPESP.

Esse envelhecimento precoce acontece por conta da ativação constante do sistema imunológico e da inflamação crônica que esses pacientes têm. Ainda de acordo com Tasca, o chamado estresse oxidativo anda lado a lado com essas duas vias. Justamente por isso que é importante que ele seja controlado.

“O estresse oxidativo causado pelo vírus e pelos próprios antirretrovirais possui grande impacto nesses pacientes. Na tentativa de reduzir esses processos patológicos e melhorar a qualidade de vida e a sobrevida, há necessidade de intervenções que minimizem esses efeitos. Entre os diversos produtos naturais existentes, a própolis, que é uma resina, possui esse potencial, pois apresenta propriedades antioxidante, antiviral e anti-inflamatória reconhecidas”, explicou.

Estudo

CNN

Esse estudo foi liderado por José Maurício Sforcin, biólogo e professor que estuda os efeitos da própolis há quase 30 anos no Instituto de Biociências de Botucatu. “Tenho investigado a ação imunomoduladora da própolis para ampliar o conhecimento sobre seus mecanismos de ação em células envolvidas na imunidade. Muitos trabalhos já foram realizados sobre as ações biológicas desse produto in vitro, em cultura de células, bem como in vivo, em modelos com animais de experimentação, principalmente camundongos. As pesquisas com ensaios clínicos precisam se expandir e revelar o potencial desse produto apícola para a saúde”, pontuou ele.

Por mais que se soubesse desses benefícios para a saúde, nenhum estudo tinha colocado em sua amostragem as pessoas que vivem com HIV. “Havia achados in vitro que mostravam o potencial de inibição da carga de replicação do vírus por alguns componentes contidos na própolis. E também estudos em pessoas que apresentavam alguma condição crônica, como diabetes, então percebemos a urgência da nossa pesquisa, pois no momento em que delineamos nosso estudo não havia na literatura dados sobre os efeitos da própolis para esse grupo específico”, ressaltou Tasca.

Dentre os benefícios do própolis, além da diminuição do estresse oxidativo, os pesquisadores já tinham visto a diminuição de parâmetros inflamatórios nessas pessoas. O estudo também mostrou um aumento de linfócitos T CD4+, que são o alvo principal do HIV.

“Os resultados indicam que a própolis pode ser uma alternativa para melhorar a resposta imune e reduzir a inflamação nos pacientes assintomáticos. A infecção pelo HIV induz intensa desregulação do sistema imunológico, gerando perda da função celular e inflamação crônica. As persistentes ativação imune e inflamação merecem atenção, pois são fatores potencialmente determinantes de morbidade e mortalidade não associadas à Aids, mesmo nos indivíduos sob tratamento e que apresentam supressão viral adequada”, disse Fernanda Lopes Conte, biomédica e uma das autoras do estudo.

O estudo foi feito com 40 pessoas, sendo que 20 receberam o própolis e 20, placebo. Ao todo foram 90 dias de observação. E para priorizar a saúde e segurança dos pacientes, só participaram do estudo aqueles que estavam fazendo terapia antirretroviral, tinham uma carga viral indetectável e contagem ideal de células imunológicas do tipo T CD4+.

Fonte: Galileu

Imagens: Sagres, CNN

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