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Os cachorros de Chernobyl são geneticamente diferentes

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O acidente nuclear de Chernobyl foi o maior de todos os tempos até os dias atuais. Em 1986, a usina explodiu e desencadeou vários eventos catastróficos. Por causa dos transtornos causados pela explosão em uma parte da Usina Nuclear, uma grande área foi infectada por uma forte radiação. E isso danificou o solo do local de forma tão terrível que as pessoas não podem visitar algumas partes até hoje. Mas curiosamente, cachorros ainda continuaram na região.

Por conta do acidente, esses cachorros que continuaram na região acabaram se diferenciando geneticamente dos demais, como aponta um novo estudo. No começo, vários desses animais foram abatidos pelas autoridades. Contudo, aqueles cachorros que conseguiram escapar acabaram se tornando geneticamente diferentes.

Ao todo é estimado que existam aproximadamente 800 cachorros dentro da zona de exclusão radioativa. Para o estudo feito com os animais, os pesquisadores avaliaram o genoma de cachorros em três regiões diferentes perto de Chernobyl. Foram elas: a própria usina, a cidade de Chernobyl, e a cidade de Slavutych.

Mudanças genéticas

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Eles analisaram o material genético de 302 cães, sendo 132 da usina, 154 de Chernobyl e 16 de Slavutych. Como resultado, eles descobriram 15 famílias diferentes, com a maior delas sendo a que vive na região de exclusão radioativa. Isso mostra que aconteceu uma migração dos animais da usina e da cidade de Chernobyl.

Antes do estudo, o que era esperado era que, pelo menos os animais que circulavam e se reproduziam por essas três regiões tivessem a mesma composição genética. Contudo, o que foi descoberto foi que os cães que moram mais perto do lugar da explosão são diferentes daqueles que vivem mais longe. No caso, os que vivem na usina têm algumas características de pastores alemães, enquanto os outros apresentam uma mistura de outras raças modernas.

“Esse estudo apresenta a primeira caracterização de uma espécie doméstica em Chernobyl, estabelecendo sua importância para estudos genéticos sobre os efeitos da exposição à radiação ionizante de baixa dose e de longo prazo”, disseram os pesquisadores.

Mesmo que os pesquisadores não mostrem uma relação direta entre essas diferenças genéticas e a exposição à radiação, eles acreditam que o estudo pode mostrar esses efeitos em mamíferos de grande porte.

Além disso, eles também acreditam que novas análises possam mostrar como essa mudança genética pode ter ajudado os cachorros a sobreviverem nesse ambiente tão hostil.

Cachorros

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Muitas pessoas podem ficar surpresas em saber que Chernobyl tem tantos cachorros assim. Mas além dos cachorros, a usina tem os guardas que a vigiam, então é meio que impossível que esses dois não acabem criando um laço.

Um desses guardas é Bogdan, nome fictício, que não demorou muito para ver que teria companheiros inesperados em seu trabalho. O homem já trabalha na zona há quase dois anos e conhece bem os cachorros. Alguns deles têm nomes, outros não. Da mesma forma que alguns cães ficam por perto, outros continuam afastados e se aproximam quando querem. Mesmo assim, Bogdan e os outros guardas alimentam os cães, oferecem abrigo e, às vezes, cuidam de doenças e feridas, além de os enterrar quando morrem.

Depois de 35 anos do acidente, centenas de cães de rua perambulam pelos 2.600 km² da Zona de Exclusão de Chernobyl, que foi estabelecida para restringir o tráfego humano de entrada e saída da área. Não há como saber quais animais são descendentes daqueles abandonados e quais vieram de outros lugares. A realidade é que todos são cachorros da Zona de Exclusão.

A vida desses cães é perigosa, até porque eles correm o risco de contaminação radioativa, ataques de lobos, incêndios florestais, fome e outras ameaças. Por conta disso, a expectativa de vida deles é de somente cinco anos, de acordo com o Fundo Clean Futures, organização não governamental que monitora e fornece assistência aos cães que vivem na Zona de Exclusão.

Todos sabem que existem cachorros vivendo nessa zona. E alguns deles se tornam pequenas celebridades nas redes sociais. Tanto é que Lucas Hixson, cofundador do Fundo Clean Futures, oferece visitas virtuais da Zona de Exclusão mostrando os cachorros.

Fonte: Olhar digital, BBC

Imagens: Olhar digital

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