Humanos já produziam queijo com leite de vários animais no Neolítico

Uma boa alimentação é essencial para a nossa vida. E alguns alimentos são amados por praticamente todas as pessoas. Um deles é o queijo. Hoje já existe uma variedade na forma de fazer esse produto, mas o que muitas pessoas podem não saber é que já no período neolítico nossos ancestrais também faziam seus queijos de variadas maneiras.

De acordo com o estudo publicado na revista Royal Society Open Science, existem vestígios de que nossos ancestrais produziam derivados do leite, como por exemplo, queijo e iogurte, já no período neolítico. Os pesquisadores chegaram a essa conclusão através da análise de cerâmicas datadas desse período que foram encontradas em Sławęcinek, na Polônia.

Além disso, eles também observaram que para produzir esses queijos, iogurtes e demais derivados, os humanos dessa época usavam leite de diferentes animais, como vaca, cabra e ovelhas.

Queijo e derivados do leite

Aventuras na história

Mesmo que o leite e seus derivados sejam amados por vários, existem aqueles que são intolerantes à lactose e por isso não conseguem produzir lactase, que é a enzima que decompõe lactose no organismo. Isso é visto porque os mamíferos só ingerem leite no começo da sua vida. E se hoje em dia essa condição é bem incidente, no passado ela era ainda maior. Contudo, os cientistas acreditam que durante a Idade do Bronze isso começou a mudar.

Ainda assim, essa descoberta da enzima láctea nos vasos de cerâmica do neolítico mostrou que nessa época o consumo de leite e dos seus derivados acontecia. Através dela que os pesquisadores conseguiram afirmar que essas cerâmicas tinham, a priori, a função de armazenamento de leite, queijo e seus demais derivados.

No estudo, os pesquisadores deduziram que a essa fabricação de derivados do leite, como o queijo, data de bem antes do que se imaginava. Eles chegaram a essa dedução pelo alto teor de coalhada que eles encontraram nas cerâmicas.

Produção

SIC notícias

Na visão de Harry Robson, um dos autores do estudo, “esses resultados contribuem significativamente para nossa compreensão dos primeiros agricultores da Europa Central”, disse ele.

“Embora pesquisas anteriores já tenham demonstrado que os produtos lácteos estavam disponíveis em algumas regiões europeias durante esse período, aqui, pela primeira vez, temos evidências claras de um rebanho leiteiro diversificado”, continuou.

Além dele, Miranda Evans, que é a autora principal do estudo, também fez suas considerações. “Os resultados proteômicos mostraram que os resíduos antigos se assemelhavam tanto aos resíduos modernos da fabricação de queijos quanto ao próprio queijo, e não ao leite integral. Isso confirma que o povo de Sławęcinek praticava a fabricação de queijos ou outra forma de processamento de laticínios enriquecidos com coalhada”, concluiu.

Consumo

Science alert

Assim como nesse estudo foi descoberto que a produção de laticínios data bem antes do imaginado, um outro estudo descobriu que o nossos ancestrais da Idade do Ferro já gostavam de consumir queijo azul e cerveja.

O estudo mais detalhado dessas amostras de fezes que se recuperou das minas de sal Hallstatt-Dachstein / Salzkammergut, na Áustria, mostrou dois tipos de fungos. Foram eles, o Penicillium roqueforti e Saccharomyces cerevisiae. Também se conhece esses fungos como levedura e cerveja.

Hoje em dia ainda se usa esses fungos na produção de queijo azul e cerveja. E foi isso que deu aos historiadores uma visão não somente do que nossos ancestrais comiam, como também do quão sofisticadas eram as técnicas de preparo dos alimentos e bebidas.

“A análise de todo o genoma indica que ambos os fungos estavam envolvidos na fermentação de alimentos e fornecem a primeira evidência molecular para o consumo de queijo azul e cerveja durante a Idade do Ferro na Europa”, disse o microbiologista Frank Maixner, do Instituto de Pesquisa de Múmias Eurac na Itália.

Eles acreditam que a dieta desses europeus de antigamente era bastante fibrosa e rica em carboidratos. E que provavelmente se usava favas, frutas, nozes e produtos alimentícios de origem animal como suplementos à dieta principal.

Fonte: Aventuras na história, Science alert

Imagens: SIC notícias, Aventuras na história, Science alert