Curiosidades

Pela 1ª vez, cientistas fotografam um dos roedores mais raros do mundo

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O nosso mundo é extremamente diverso e amplo. Há diversidade em tudo, desde os povos, culturas, à fauna e à flora. A prova disso que estamos falando é o reino animal, inclusive é o mais fácil de perceber tudo isso. Ele é tão grande e diverso que pode proporcionar surpresas agradáveis para os pesquisadores.

Um exemplo disso foi o registro do rato gigante de Vangunu, que é um dos roedores mais raros do planeta. Esse animal foi filmado pela primeira vez através de armadilhas fotográficas colocadas pelos pesquisadores. Com elas, eles conseguiram flagrar quatro indivíduos diferentes nas Ilhas Salomão, na Oceania.

Ao todo foram captadas 95 imagens dos animais e os pesquisadores descreveram o avistamento em um estudo publicado no dia 20 de novembro. Quem fez o estudo foram especialistas da Universidade de Melbourne, da Universidade Nacional das Ilhas Salomão e da Vila de Zaira, em Vangunu.

Animal

Galileu

O animal foi descrito em 2017 e está entre os roedores menos estudados do mundo. “Esta espécie criticamente ameaçada está enfrentando uma escala de ameaça rapidamente crescente devido à exploração de seu habitat primário de floresta de planície, na única ilha em que ocorre — Vangunu, Ilhas Salomão”, disseram os pesquisadores.

Para o estudo, os pesquisadores não usaram apenas as armadilhas fotográficas. Eles também usaram o conhecimento ecológico tradicional da população local a respeito do animal. Por conta disso que eles conseguiram os registros dos indivíduos da espécie no último grande bloco de floresta primária de Vangunu.

“As florestas em Zaira representam o último habitat adequado remanescente para esta espécie, e a recente concessão de licença para exploração madeireira em Zaira levará à sua extinção se permitida”, alertaram os pesquisadores.

Registro

Galileu

O registro desses animais aconteceu em um “momento crítico para o futuro das últimas florestas de Vangunu, que a comunidade de Zaira vem lutando para proteger da exploração madeireira há 16 anos”, disse Tyrone Lavery, autor principal do estudo da Escola de Ciências Biológicas da Universidade de Melbourne, na Austrália, em um comunicado.

Esse animal vive em árvores e de acordo com relatos, ele pode roer cocos com seus dentes e seu tamanho é, pelo menos, duas vezes maior do que o de um rato comum. Conforme pontuou Lavery, o animal foi a primeira nova espécie de roedor que foi descrita nas Ilhas Salomão em mais de 80 anos.
Ainda de acordo com o autor, uma parte importantíssima para que o projeto tenha sido bem sucedido foi o conhecimento ecológico tradicional da população local. “Por décadas, antropólogos e mamalogistas estavam cientes desse conhecimento, mas esforços periódicos para identificar e documentar cientificamente essa espécie eram infrutíferos”, disse.
Segundo Kevin Sese, autor sênior do estudo da Universidade Nacional das Ilhas Salomão, a comunidade de Zaira estava certa de que o animal vivia na floresta mesmo a presença dele no local nunca tendo sido documentada.
Agora, com esse registro, isso pode ajudar na permanência e preservação da espécie no local.  “Esperamos que essas imagens do U. vika apoiem os esforços para evitar a extinção desta espécie ameaçada e ajudem a melhorar seu status de conservação”, concluiu Sese.

Raro

G1

Assim como esse roedor, existem outros animais que também são raros por conta das suas características. Um exemplo disso são os animais albinos. Mesmo assim, um deles foi encontrado no Mato Grosso do Sul. Um tamanduá albino, com pelagem clara e olhos avermelhados, foi encontrado na região e no batizado de Alvin.

De acordo com os especialistas, ele é o único tamanduá-bandeira albino que se conhece em todo o planeta. Além disso, a existência dele pode ajudar na explicação de como o desmatamento do Cerrado afeta sua espécie.

Essa descoberta foi feita em agosto do ano passado e desde então pegou o foco do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS). Tanto é que ele começou um estudo científico a respeito do animal e da sua adaptação ao Cerrado.

Quem encontrou o tamanduá foram funcionários de uma fazenda particular na região de Três Lagoas, uma cidade que fica a aproximadamente 330 quilômetros da capital Campo Grande. O animal tem somente oito meses de vida. Por ainda ser um filhote, ele estava junto com sua mãe, que estava o carregando em suas costas. Normalmente, os filhotes de tamanduá são cuidados por suas mães até os 10 meses de vida.

Contudo, mesmo que o filhote fosse albino, sua mãe tinha características comuns de um tamanduá-bandeira. Sua pelagem era acinzentada como os demais, característica que os ajuda na camuflagem no meio da vegetação do Cerrado.

Justamente por conta desse risco que Alvin está em uma posição ainda mais rara. Isso porque não se tem nenhuma notícia de que exista um outro tamanduá igual a ele.

Sua condição, o albinismo, é uma desordem genética que faz com que a produção de melanina seja limitada. Como resultado, os animais têm uma pelagem de cor mais clara ou meio aloirada. Mesmo que essa condição possa atingir todas as espécies, ela é extremamente rara. E em um bioma tão extenso como o Cerrado, encontrar um animal albino é muita sorte.

Com relação a Alvin, alguns mistérios ainda pairam no ar e os cientistas estão tentando resolvê-los. O primeiro é que ele não foi o primeiro tamanduá albino que foi encontrado nessa mesma região. Em 2021, outro animal foi encontrado por funcionários da mesma fazenda em Três Lagoas.

“Quando nós chegamos lá, ele já estava morto, mas conseguimos coletar amostras genéticas que foram enviadas para a análise em laboratório”, explicou a médica veterinária Débora Yogui.

Na visão de Nina Attias, bióloga e pesquisadora do ICAS, o mais provável é que o primeiro tamanduá albino seja irmão de Alvin. Contudo, é preciso testes genéticos com os dois animais para que essa teoria seja comprovada. “Dois tamanduás albinos aparecerem na mesma fazenda é como se dois raios caíssem no mesmo lugar. Por isso, nós acreditamos que sejam irmãos”, explicou Attias.

Attias aponta um problema, já que os tamanduás não são monogâmicos. Por conta disso, eles se acasalam e têm filhotes com muitos parceiros em sua vida. “Para um nascer albino, é necessária uma combinação dos genes do pai e da mãe. É uma questão de acaso mesmo, muito difícil de acontecer”, pontuou ela. Por isso que, para Alvin e o outro animal encontrado primeiro serem irmãos, eles precisam ser filhos dos mesmos pais.
“Teria que ser uma coincidência muito grande nascerem dois tamanduás albinos de pais diferentes em uma mesma fazenda”, disse a bióloga.
Uma coisa que pode explicar essa coincidência é o desmatamento do Cerrado. Como aponta a bióloga, essa destruição pode levar à endogamia da espécie, que é quando eles têm uma opção menor de parceiros para acasalar.
“Muito provavelmente esse declínio populacional e isolamento desse bichos têm a ver com o alto grau de degradação do Cerrado no Mato Grosso do Sul”, disse ela.
Fonte: Galileu, G1
Imagens: Galileu, G1

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