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Com relação ao reino animal, a nossa certeza é de sempre nos surpreendermos, seja positiva ou negativamente. Sua imensa diversidade deixa qualquer um bastante impressionado. E é ainda mais empolgante quando uma espécie é “redescoberta”, ou nesse caso, vista de novo depois de um século.
Essa espécie rara de borboleta estava escondida no meio da Mata Atlântica e foi encontrada no interior de São Paulo. Antes disso, conhecia-se a espécie do gênero Adelpha através de um desenho datado de 1907. Contudo, uma pesquisa atual encontrou borboletas desse grupo e deu a elas o nome de Adelpha herbita.
Avistamento da espécie
Galileu
O desenho feito retratava uma fêmea dessa espécie e, depois de ele ter sido feito, a borboleta nunca mais foi vista. Por já ter mais de 100 anos, o inseto era considerado perdido. No entanto, em 2019, essa realidade mudou. Isso porque nessa época os especialistas estavam fazendo um levantamento no Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do país, no Vale do Ribeira, e se depararam com a borboleta.
“A única imagem da Adelpha herbita era essa ilustração científica, uma obra detalhada e em cores feita por Gustav Weymer, taxonomista alemão e especialista em borboletas da América do Sul. Porém, o indivíduo que foi coletado em Santa Catarina e usado para descrição, chamado de ‘tipo’ pela ciência, nunca foi localizado em nenhuma coleção no mundo”, disse Laura Braga, pesquisadora da reserva.
O estudo chamado “Levantamento da Fauna de Lepidoptera (Borboletas)”, feito entre 2016 e 2019, registrou a descoberta da borboleta. Quando fez esse registro, Braga não tinha ideia da importância dele. Somente ano passado, quando seu livro “Borboletas do Legado das Águas” foi publicado foi que ele soube que a borboleta vista por ele era a única Adelpha herbita em uma coleção biológica no mundo todo, conforme informou o Laboratório de Borboletas (LABBOR) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
“Quando soubemos que em nossa coleção biológica estava o único indivíduo da espécie no mundo, não hesitamos em fazer a doação para o LABBOR compreendendo o impacto positivo para a ciência e para a conservação da Mata Atlântica”, contou Daniela Gerdenits, gerente do Legado das Águas.
Rara
Galileu
Conforme explicou André Victor Lucci Freitas, coordenador do LABBOR, ter encontrado esse único exemplar da Adelpha herbita irá ajudar os pesquisadores em sua compreensão a respeito da espécie e também aumenta a relevância da ciência no Brasil. Hoje em dia, a borboleta é parte do Museu de Diversidade Biológica da Unicamp.
“Coleções biológicas fornecem informações valiosas e indispensáveis para o progresso da ciência. Por mais de 100 anos, a falta de um exemplar depositado em uma coleção zoológica deixou uma enorme lacuna de conhecimento. O indivíduo da Adelpha herbita junta-se a outros da coleção que possuem enorme importância para o estudo das borboletas, não só no Brasil como no mundo”, disse Freitas.
A reserva onde a espécie foi encontrada está em atividade há 11 anos. Durante esse tempo, já foram feitas várias descobertas relevantes. E esse agora é o terceiro registro importante sobre borboletas, sendo os outros da Godartiana byses, que teve somente um registro no Estado de São Paulo, e o da Prepona deiphile, que foi vista duas vezes no Estado entre 1950 e 2000.
Fonte: Galileu
Imagens: Galileu
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