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Pesquisadores encontram fósseis de nove neandertais em uma caverna no sul de Roma

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Em 1939, funcionários de um hotel à beira-mar no sul de Roma descobriram acidentalmente o crânio de um Neandertal em uma caverna que integrava um terreno privado. Segundo uma reportagem publicada pelo portal de notícias All That is Interesting, à data, a descoberta do crânio colocou em pauta a ideia de que os seres humanos que viviam na região utilizavam a caverna em questão para realizar rituais canibalescos. Ainda de acordo com as informações que foram disponibilizadas na matéria do portal, os mesmos seres humanos realizavam regularmente festas para idolatrar os fósseis das vítimas de canibalismo.

Curiosamente, a teoria descrita acima foi descartada neste sábado, 08/05. Novas evidências sugerem que as hienas foram as reais culpadas por tal carnificina.

Restos mortais

No mesmo local em que o crânio foi encontrado – em 1939 -, um grupo especialistas descobriu recentemente restos fossilizados de mais nove neandertais. Os achados foram divulgados neste sábado, 08/05, pelo The New York Times. Além dos corpos, as escavações, realizadas na caverna Guattari, localizada em uma cidade costeira de San Felice Circeo, revelaram fósseis de distintas espécies de animais selvagens, as quais foram extintas há muito tempo.

Com isso, a região histórica provou ser o berço de um tesouro inestimável de relíquias, que engloba desde ossos de antigas hienas e elefantes até rinocerontes e auroques – um ancestral extinto do boi. Para Mauro Rubini, antropólogo-chefe do Ministério da Cultura local, a descoberta terá enormes ramificações.

“A história da caverna não terminou em 1939, como pensávamos. Há, agora, muito para se descobrir”, pontuou o profissional. “Digo isso porque sabemos que o esqueleto humano é uma espécie de arquivo que contém infinitas informações históricas, as quais podem revelar muitas questões que ainda permanecem sem respostas. Com esses fossies, por exemplo, podemos descobrir o sexo dos neandertais, a idade, a altura e a dieta. Podemos descobrir também se tiveram doenças, por exemplo”.

Passado vs. futuro

Em 1939, encontrar vestígios antigos de nossos parentes distantes ao pé de um hotel à beira-mar incitou os especialistas a trabalharem com suposições, afinal, a tecnologia disponível na época era incapaz de oferecer informações precisas. Felizmente, os avanços tecnológicos e os longos 80 anos de estudo de nossos ancestrais que viveram durante a Idade da Pedra permitem que os pesquisadores possam interpretar de forma imediata os recentes vestígios encontrados.

Para Mario Rolfo, professor de arqueologia da Universidade Tor Vergata, agora está claro que esse grupo de ancestrais viviam para se defender de predadores – especificamente hienas. “Pelo que podemos ver, os neandertais eram presas fáceis para estes animais”, disse Rolfo em entrevista à BBC. “As hienas os caçavam, especialmente os mais vulneráveis, como doentes ou idosos”.

De acordo com Rolfo, as hienas da Idade da Pedra eram implacáveis e utilizavam a caverna como uma espécie de depósito. Um dos nove fósseis encontrados na região era de um menino. Os pesquisadores acreditam que oito dos fósseis tenham entre 50.000 e 68.000 anos – o novo pode ter até 100.000 anos.

A premissa de que o crânio encontrado em 1939 era fruto do canibalismo partiu do paleontólogo Alberto Carlo Blanc. Um buraco considerável no crânio o convenceu de que esse indivíduo teve o cérebro retirado.

Caverna

O acesso à Caverna Guattari é proibido há anos. Um antigo terremoto e um deslizamento de terra bloqueou todas as entradas, deixando, assim,o conteúdo protegido por 50.000 anos. De acordo com a reportagem publicada pelo portal de notícias All That is Interesting, a última vez que os paleontólogos estudaram foi no início dos anos 1950. Não obstante, nos últimos 20 meses, pesquisas diligentes levaram especialistas a áreas da caverna que nunca haviam sido penetradas antes, revelando, assim, os vestígios citados acima.

O prefeito de San Felice Circeo, Giuseppe Schiboni, solicitou financiamento da União Europeia para reforçar o apelo arqueológico de sua jurisdição. Conforme consta na reportagem do portal All That is Interesting, o político manifestou interesse em abrir um centro europeu de estudo neandertais na área.

Angelo Guattari espera que a caverna um dia seja aberta ao turismo. Seu pai era dono do Hotel Guattari em 1939. Guattari viu com seus próprios olhos o primeiro crânio descoberto na caverna. Hoje, o icônico hotel à beira-mar foi renomeado para “Hotel Neanderthal” e atualmente está à venda.

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