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Por que as pessoas ainda têm complicações da covid-19?

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Vivemos a pandemia do coronavírus e presenciamos toda a corrida pela criação de vacinas eficazes contra o vírus. Felizmente elas vieram e o mundo pôde voltar ao normal. No nosso país, em quase três anos, foram aplicadas mais de 540 milhões de doses. Agora, o país vive um período de transição na vacinação contra o covid-19.

Mesmo ela não sendo mais uma emergência global, algumas pessoas ainda têm complicações graves por conta da covid-19, enquanto que em outras pessoas a doença não chega a ser tão forte, precisando apenas de alguns dias de cama.

Para entender o motivo de isso acontecer, é necessário saber duas coisas: o vírus está em mutação constante e a maior parte das pessoas não recebeu as novas doses das vacinas que foram atualizadas nos últimos 12 meses. Isso quer dizer que a quantidade de anticorpos, que são a primeira linha de defesa do corpo, está baixa na população.

Nesse ponto, é importante lembrar algo dito por Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), em maio deste ano. “Este vírus veio para ficar. Ainda está matando e ainda está mutando”, disse ele.

Contudo, de lá para cá vários países abandonaram suas estratégias para conter a covid-19. Então, onde a doença é transmitida de forma livre, as pessoas mais vulneráveis são as mais expostas aos riscos.

No entanto, nem mesmo a ciência sabe ao certo quem vai ter casos graves da covid-19 até hoje.

Aumento de casos

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Com relação ao Brasil, os pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), através do Boletim InfoGripe, informaram que os casos graves de covid-19 no país estavam aumentando de acordo com um levantamento da última semana. E os casos estão concentrados no nordeste do país.

Para se ter uma ideia, o Ceará é o estado que tem o ritmo mais acelerado de crescimento de casos de covid-19. Mas Maranhão, Paraíba e Pernambuco também teve sinais iniciais de aumento de casos recentemente, especialmente entre idosos.

Como explicação para essa volta da covid-19, Eleanor Riley, professora da Universidade de Edimburgo, pontua os anticorpos. “Os níveis de anticorpos das pessoas contra a covid-19 estão, provavelmente, tão baixos agora quanto na época em que a vacina foi introduzida pela primeira vez”, explicou.

Quando não existe essa defesa rápida, que é produzida logo depois da vacinação ou infecção, a pessoa tende a ser infectada pelo vírus. Assim, as pessoas podem voltar a desenvolver formas mais graves da doença, ou até terem sintomas mais fortes.

As pessoas que ainda têm anticorpos têm que saber se eles são específicos contra as cepas atuais do covid-19. Justamente por isso que as pessoas podem correr mais riscos se tomaram somente as primeiras vacinas e não tiveram o vírus dessas novas cepas.

Até porque, “os vírus que circulam agora estão bastante distantes [biologicamente] do vírus original que foi usado para fazer as primeiras vacinas ou que nos infectou pela última vez”, disse Peter Openshaw, professor do Imperial College London.

Vacinação contra covid-19 no Brasil

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De acordo com Eder Gatti, diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), na Jornada Nacional de Imunizações, realizada pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), em Florianópolis, em setembro, os municípios estão trabalhando praticamente há três anos na campanha de vacinação contra o covid. No entanto, conforme a condição epidemiológica do vírus mudou, as vacinas contra a doença devem fazer parte do calendário do programa.

Esse ano, a vacinação com doses de reforço bivalentes para toda a população acima de 12 anos foi estendida pelo Ministério da Saúde. Contudo, a adesão da população foi baixa até mesmo entre os grupos prioritários e que são considerados de maior risco. Para se ter uma noção, foram aplicadas 516 milhões de doses de vacinas monovalentes, enquanto que da bivalente foram somente 28 milhões.

Então, o objetivo é que em 2024 seja adotado um calendário de vacinação contra o covid-19 na rotina das crianças menores de cinco anos, além de doses de reforço periódicas pelo menos uma vez por ano para os grupos de risco, no caso, idosos, imunocomprometidos e gestantes.

“Vacinar toda a população, como a gente vem fazendo, precisa ser revisado nesse momento de transição em que nos encontramos. Fizemos reuniões técnicas e tiramos diretrizes básicas que o Ministério da Saúde vai seguir em discussões internas. Agora, o anúncio disso ainda depende de uma discussão com a gestão tripartite [governo federal, estados e municípios]. Hoje, avançamos tanto na avaliação da recomendação internacional, da OMS, quanto na discussão com os especialistas, mas precisamos avançar nessa pactuação”, disse Gatti.

O plano do diretor do PNI é começar essa estratégia de vacinação de rotina já no começo do ano que vem para que o “caráter de excepcionalidade” seja substituído, já que ele ainda dita o ritmo da aplicação das vacinas.

“A covid-19 precisa deixar de ser uma estratégia de campanha e passe a ser uma recomendação permanente. Esperamos fazer anúncios oficiais com a estratégia mais completa antes do fim do ano”, pontuou.

Além disso, Gatti também pontuou que deve ser constante a vigilância nas variantes do vírus. Até porque, foram elas que determinaram as ondas de casos novos no começo da pandemia. E mesmo que seja importante ter vacinas atualizadas para essas possíveis novas variantes, ele diz que o mais importante é que a vacinação aconteça.

“O SAGE [grupo consultivo de vacinação da OMS] não fala tanto de qual é a vacina que deve ser feita. A OMS pauta como deve ser a composição da vacina, agora sobre qual vacina usar existe uma certa liberdade”, pondera o diretor do PNI, que adianta que o posicionamento do programa será disponibilizar as vacinas disponíveis preferencialmente na última versão licenciada e atualizada contra variantes. “As próximas aquisições do Ministério da Saúde vão seguir essa lógica. Provavelmente serão vacinas de RNA mensageiro com as composições colocadas conforme licenciamento”, concluiu.

Fonte: Canaltech, Agência Brasil

Imagens: Canaltech

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