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Quais as diferenças entre as vacinas contra dengue Qdenga e do Butantan?

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A dengue é um dos principais problemas de saúde pública do mundo. A doença tem quatro tipos porque o transmissor dela tem quatro sorotipos diferentes. São eles: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. Em nosso país, já foram encontrados todos esses tipos de dengue. Por conta disso, a doença sempre foi uma preocupação. Felizmente, em março, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou uma vacina contra a dengue.

A chamada Qdenga, da farmacêutica Takeda, começou a ser distribuída pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ao mesmo tempo, o Instituto Butantan está desenvolvendo uma vacina que pode ficar disponível em 2025.

No caso da Qdenga, ela recebeu o aval da Anvisa em março de 2023 e foi incorporada no sistema público universal em dezembro do mesmo ano, enquanto que a vacina do Butantan está sendo estudada há 15 anos. Sua fase 1 de testes foi feita entre 2010 e 2012, e a fase 2 em 2013 e 2015. Em 2018, o Butantan fez uma parceria com a farmacêutica MSD, o que era uma promessa de acelerar o desenvolvimento. E na última quarta-feira os resultados dos testes clínicos foram divulgados.

Diferenças das vacinas

CNN

Os dois imunizantes são feitos com o vírus da dengue atenuado. Dessa forma, o sistema imunológico é estimulado a produzir células e anticorpos específicos para proteger uma pessoa infectada.

O diferencial da vacina do Butantan é que ela tem os quatro tipos do vírus da dengue em suas versões enfraquecidas. Já a Qdenga tem somente o sorotipo DEN-2. Mesmo assim, as duas oferecem proteção contra os quatro tipos de vírus da dengue.

O que pode diferenciar a eficácia que a vacina terá são fatores como a idade, quadro clínico e se a pessoa já teve dengue antes ou não. No caso da Qdenga, a taxa de eficácia em até 54 meses depois da vacinação completa é de 63% para a doença sintomática em qualquer gravidade, e 85% nos casos de internação por conta da dengue.

Enquanto que a do Butantan tem uma eficácia de 73,5% nas pessoas que nunca tiveram dengue, 89,2% em quem já teve a doença, e 79,6% de eficácia geral.

Com relação à faixa etária, a Qdenga é recomendada para crianças a partir dos quatro anos, adolescentes e adultos até 60 anos. E não importa se a pessoa já teve ou não dengue antes. A contraindicação dela é para gestantes, mulheres em fase de amamentação, pessoas com imunodeficiência e pacientes com HIV.

No caso do imunizante do Butantan, em sua fase 3 de testes, 16.235 pessoas entre dois e 59 anos receberam ele. De todas, somente três tiveram efeitos colaterais adversos e todos se recuperaram 100%. Além disso, esses eventos adversos tiveram uma frequência igual em todas as faixas etárias. Isso indica que a vacina deve ser indicada para pessoas entre essas idades.

Em doses do imunizante para serem tomadas, a Qdenga precisa de duas doses com um intervalo de três meses entre elas, enquanto que a do Butantan teve seus testes com duas doses, sendo a segunda depois de seis ou 12 meses da primeira. Mas não foram vistas grandes diferenças na resposta de anticorpos.  Por isso, a vacina deve ser aplicada em dose única.

Dengue

Exame

A imunização contra a dengue é algo de extrema importância porque os casos da doença estão cada vez mais altos em nosso país. Para se ter uma noção, somente em janeiro foram 243.721 casos prováveis ou confirmados, representando um aumento maior que 160% em comparação com o mesmo mês de 2023.

Esse número gigantesco visto no primeiro mês de 2024 também é maior do que todos os casos de dengue que foram registrados em 2017, ano em que houve 239.389 notificações.

De acordo com o Ministério da Saúde, esse aumento nos casos esse ano foi visto em todas as faixas etárias, sendo a maior concentração nas pessoas entre 30 e 39 anos. Colocando em números, foram 48.672 notificações em janeiro comparadas com 18.796 ano passado.

“Uma das características da dengue no Brasil é sua distribuição democrática por faixa etária. Por mais que vejamos a pirâmide de registro de casos, se você fizer recortes, a incidência é muito igual. A dengue afeta todas as idades, não é como a meningite, por exemplo, que afeta mais as crianças”, disse Renato Kfouri, infectologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Mesmo que os casos tenham aumentado, felizmente o número de mortes por conta da doença caiu. Ele foi 61, em 2023, e 24 nesse ano.

Ainda conforme o Ministério da Saúde, esse avanço da dengue no nosso país é visto por conta da combinação do calor excessivo e de chuvas intensas, efeitos provocados pelo El Niño e ressurgimento recente dos sorotipos 3 e 4 do vírus no Brasil.

Evolução da dengue nos últimos anos

  • 2010 – 1.011.548 casos
  • 2011 – 739.370 casos
  • 2012 – 589.591 casos
  • 2013 – 1.454.871 casos
  • 2014 – 589.107 casos
  • 2015 – 1.688.688 casos
  • 2016 – 1.483.623 casos
  • 2017 – 239.389 casos
  • 2018 – 262.594 casos
  • 2019 – 1.545.462 casos
  • 2020 – 948.533 casos
  • 2021 – 531.922 casos
  • 2022 – 1.420.259 casos
  • 2023 – 1.658.816 casos

Fonte: Olhar digital

Imagens: CNN, Exame

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