Inovação

Quem faz as playlists do Spotify? (Não são os computadores, como você pensava!)

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Na era das músicas consumidas digitalmente, você já deve ter ouvido falar do Spotify. Se você é do tipo de gente que adora conhecer música nova, mas não tem a motivação ou o conhecimento para saber como encontrar, pode encontrar muito conforto nas playlists úteis do serviço. Dentre alguns dos principais recursos do Spotify, estão playlists como Descobertas da Semana e Daily Mix, geradas por algoritmos

A recomendação de músicas automáticas não é algo novo, mas o Spotify conseguiu identificar elementos para fazer playlists personalizadas que soam como novas e familiares ao mesmo tempo. Desde que foi lançado, o recurso de Descobertas da Semana já foi ouvido bilhões de vezes por usuários ao redor de todo o mundo.

De olho no seu próprio histórico de músicas, álbuns e artistas ouvidos, as playlists feitas por máquinas conseguem apresentar seleções pensadas para você, apresentando sons inspirados no seu próprio gosto. Além das Descobertas, é possível ouvir novidades no Daily Mix, que muda diariamente e gera playlists “infinitas” de acordo com suas preferências.

Mas esse não é o único segredo por trás da criação de playlists na plataforma. Parte do que mantém e atrai usuários para o Spotify é a possibilidade de playlists curadas por funcionários humanos.

Curadoria humana

O Spotify gastou $100 milhões para comprar a companhia The Echo Nest, que analisa hábitos de quem ouve músicas digitalmente a partir de uma série de critérios. Na época, o grupo de 70 pessoas por trás do algoritmos se tornaram parte essencial do sucesso das playlists personalizadas para cada usuário. Mas rapidamente, um grupo que já chega a 50 pessoas de todo o mundo foi capaz de adicionar um toque ainda mais íntimo ao trabalho.

Desde 2014, o trabalho de criar playlists e sugerir músicas apropriadas para cada situação tem sido realizado a partir da colaboração entre máquinas e seres humanos – algo que não se vê em outras plataformas populares para o consumo de música, como o moderno YouTube ou o tradicional rádio.

Por meio de softwares especializados, o Spotify consegue analisar os sons mais ouvidos, o perfil de quem está ouvindo e o momento em que eles são mais buscados. Com o conjunto de dados em mãos – essas são só algumas das informações geradas nas análises – e o próprio conhecimento musical, os curadores podem, então, montar as playlists ideais para cada situação, região, humor ou gênero.

“Somente as pessoas podem fazer esse trabalho de sugerir conteúdo. O machine learning [aprendizado das máquinas] trabalha analisando o comportamento das pessoas ao ouvir música”, explica Rocío Guerrero, líder para curadoria de conteúdo da plataforma digital de streaming.

Brasil

No Brasil – e também em Portugal –, quem comanda o que entra em cada playlist é o brasileiro Bruno Telloli. Ele já trabalha no mundo da música há anos, tem passagens por plataformas como MySpace, Apple e Vevo e acabou conseguindo o emprego no Spotify Brasil. Atualmente, ele está no cargo de Senior Editor – Shows & Editorial.

De acordo com o editor e curador, a tecnologia dos algoritmos e das análises de hábitos de audição ajudam muito na curadoria, principalmente na hora de sugerir os conteúdos para as playlists dos portugueses. Para o sucesso do trabalho, é fundamental que muita música seja ouvida e o trabalho de pesquisa aconteça dentro e fora da plataforma.

Além disso, Bruno destaca a importância das playlists geradas, não só pelos funcionários, para ajudar e promover cantores e bandas. “Tem artistas que conseguem muita exposição em playlists de usuários comuns, o que mostra que o usuário usa o Spotify como rede social, ouvindo e descobrindo novos sons”, explica.

Como são feitas

Para fazer as playlists, existem algumas regras que os curadores precisam seguir. Dentro da empresa, existem os chamados nívels de playlist, o que significa que é importante separar artistas considerados menores dos maiores. “Tem playlists do Spotify voltadas para novos artistas e a gente sabe que se colocar um artista novo em playlist com artistas bombados, o artista começa a ser meio massacrado ali dentro e é complicado”, esclarece.

Para driblar esse problema, existem playlists focadas em artistas menores, nas quais os novos nomes e apostas são trabalhados. Assim que as músicas e artistas vão crescendo nesses espaços, começam a ter oportunidade de figurar nas playlists de maior destaque.

Da mesma forma, os padrões de separação são aplicados para cada região, por exemplo. O editor de cada país precisa ficar atento ao que está bombando na sua região, para poder divulgar o som para o resto do mundo e inserir artistas em playlists internacionais.

De com acordo com Rocío Guerrero, as pessoas costumam ouvir mais playlists do que procurrm por artistas, quando usam o Spotify. “É um comportamento comum de toda América Latina. Sendo assim, muitos artistas sugerem músicas pensando em entrar em listas do serviço de streaming como versões acústicas dos seus sucessos ou mesmo temáticas”, mostrando que artistas e selos também podem ajudar no processo de seleação. Apesar das dicas, uma regra é seguida à risca: não existe jabá no Spotify.

E aí, gostou do método de construção das playlists? Quais são as suas favoritas? Conte para a gente, divulgue suas seleções e conheça novos sons utilizando a seção de comentários.

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