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Saliva do mosquito pode suprimir sistema imunológico

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Quando pensamos em animais perigosos para nós, logo pensamos em grandes predadores como uma onça, leão, ou até mesmo um elefante que pode nos pisotear. Contudo, uma grande ameaça e o animal mais mortal do mundo é o mosquito. Isso porque as doenças que ele transmite são responsáveis por mais de um milhão de mortes anualmente.

O pior de tudo é que não são apenas as picadas que devem preocupar os humanos. De acordo com novos estudos, a saliva de um mosquito que esteja portando o vírus da dengue é cheia de uma substância que pode suprimir a capacidade do sistema imunológico. Isso por sua vez aumenta o risco de infecção.

Usando três formas de análise separadamente, os cientistas conseguiram identificar na saliva do mosquito infectado um tipo específico de RNA viral, que é um mensageiro químico, chamado sfRNA. O que ele faz é bloquear os mecanismo de defesa que o corpo humano coloca contra a infecção.

Saliva do mosquito

Science alert

“É incrível que o vírus possa sequestrar essas moléculas para que sua co-entrega no local da picada do mosquito dê uma vantagem no estabelecimento de uma infecção. Essas descobertas fornecem novas perspectivas sobre como podemos combater as infecções pelo vírus da dengue desde a primeira picada do mosquito”, disse Tania Strilets, bioquímica da Universidade da Virgínia.

Esse sfRNA fica armazenado nas chamadas vesículas extracelulares e estão sempre prontos para serem entregues. Segundo os pesquisadores, o vírus da dengue age como se subvertesse a biologia do mosquito para conseguir aumentar suas chances de propagação.

Quando fizeram testes em linhas de células imortalizadas, os pesquisadores confirmaram que o sfRNA realmente aumentou os níveis de infecção do vírus. Com isso, ele fez com que o corpo humano não estivesse tão bem preparado para o ataque.

Estudo

Superinteressante

Essa não é a primeira vez que o sfRNA é visto. Ele já tinha sido visto em outros vírus, como o zika e a febre amarela. Resumidamente, o papel dele é atrapalhar a sinalização química que o corpo usa conforme o vírus vai se replicando.

“Propomos que, ao introduzir esse RNA no local da picada, a saliva infectada pela dengue prepara o terreno para uma infecção eficiente e dá ao vírus uma vantagem na primeira batalha entre ele e nossas defesas imunológicas”, escreveram os pesquisadores.

Com sua descoberta, os pesquisadores esperam que medidas preventivas melhores contra o vírus da dengue sejam criadas a partir do momento da infecção. Infelizmente até o momento a melhor prevenção é evitar ser picado pelo mosquito.

“Não tenho dúvidas de que uma melhor compreensão da biologia fundamental da transmissão acabará levando a medidas eficazes de bloqueio da transmissão. Nossas descobertas quase certamente serão aplicáveis ​​a infecções com outros flavivírus. É improvável que as moléculas específicas aqui se apliquem à malária, mas o conceito pode ser generalizado para infecções virais”, concluiu Mariano Garcia-Blanco, virologista da Universidade da Virgínia.

Vírus

History

Por mais que a dengue ainda não tenha uma vacina contra ela, outras medidas foram tomadas para tentar diminuir os casos, como por exemplo, mosquitos modificados em laboratório. Graças a eles, o número de casos de dengue, zika e chikungunya em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, caiu em até 70%. A cidade foi um dos lugares onde a Fiocruz soltou Aedes aegypti com a wolbachia, uma bactéria que bloqueia a transmissão do vírus de todas essas doenças transmitidas pelo mosquito. Isso foi feito há seis anos.

Os primeiros mosquitos modificados foram soltos no bairro de Jurujuba. Depois de alguns meses, eles começaram a se reproduzirem de forma natural. Com isso, os mosquitos modificados hoje estão em 75% do município.

Por conta disso, a queda do número de casos foi vista nas três doenças que o Aedes aegypti transmite. Foi uma queda de 70% nos casos de dengue, 60% em chikungunya e 40% em zika.

Segundo Luciano Moreira, pesquisador da Fiocruz, os dados que eles observaram em Niterói são bem parecidos com os vistos na Indonésia, país que também é parte do “World Mosquito Project”, cuja rede está em 11 países.

“Esses dados são interessantes e corroboram com os da Indonésia. Lá tivemos 77% menos dengue nas áreas que receberam o programa”, disse ele.

Embora os resultados obtidos sejam promissores, essa estratégia do uso de mosquitos modificados em laboratório ainda é bem pontual e não está sendo usada em grande escala.

Fonte: Science alert, G1

Imagens: Science alert, Superinteressante, History

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