Uma situação nada agradável, mas que infelizmente pode acontecer com uma certa frequência é uma mosca, ou algum outro inseto, pousar na comida que alguém está comendo. Com isso, além de um certo nojo vem a pergunta: será que ainda é seguro comer aquela comida onde o inseto pousou?
A maior parte das pessoas sabe que as moscas carregam várias bactérias, fungos, vírus e ovos de vermes porque elas se alimentam de material orgânico em decomposição, especialmente fezes. Por conta disso que quando elas pousam na comida, elas deixam um rastro de sujeira que não é visto a olho nu.
O pior de tudo é que não para por aí. Como as moscas não tem dentes e nem mandíbulas, elas cospem na comida que pousam. Elas fazem isso para que as enzimas da sua saliva dissolvam a comida para que elas possam sugar para dentro da boca.
É seguro?
Mesmo com tudo isso acontecendo, de acordo com Ana Paula Garcia, mestre em nutrição pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenadora do curso de gastronomia da Uninter, o risco de pegar uma doença depois de comer um alimento que apenas uma mosca pousou por um pequeno período de tempo é bem baixo.
Além dela, Márcia Cristina Bueno, mestre em ciência dos alimentos pela Unesp, pontua que apenas esquentando a comida já é uma forma de diminuir a possibilidade de contaminação. “Quando aquecemos os alimentos contaminados a uma temperatura acima de 70ºC, grande parte dos micro-organismos começa a ser eliminada”, disse.
Contudo, as duas especialistas dizem que a melhor coisa a ser feita é jogar fora o alimento onde a mosca pousou. Isso deve ser feito porque, em primeiro lugar, não é possível ter certeza de que ela ficou no alimento por pouco tempo, e segundo, também não se sabe onde ela ando e que tipo de patógenos ela trouxe para a comida.
Que germes as moscas espalham?
De acordo com um estudo publicado em agosto do ano passado, as moscas domésticas espalham 130 patógenos entre bactérias, fungos, vírus e parasitas. Dentre eles, alguns são espécies sérias e com risco de vida.
“O maior perigo de contaminação é se a mosca trouxer com ela ovos ou cistos de parasitas e de vermes, porque ao consumir o alimento, eles podem completar seu ciclo natural dentro da pessoa que consumiu, ou seja, ela vai ficar parasitada”, explicou Jorge Luiz Fortuna, doutor em higiene e processamento de produtos de origem animal e professor no curso ciências biológicas na Universidade do Estado da Bahia (Uneb).
“É importante lembrar que abelhas e formigas, apesar de parecerem inofensivas, também carregam microrganismos e por isso representam risco de contaminação de alimentos”, disse Bueno.
Como evitar tê-las em casa?
Normalmente, as moscas mais presentes nas casas das pessoas são: drosófilas ou moscas de furtas, que são aquelas pequenas; moscas domésticas, as pretas mais comuns; e varejeiras, que são verdes e grandes. Esse último tipo é o mais perigoso por usarem a comida para botar ovos.
Mesmo que ninguém queira ter moscas em casa, no meio ambiente elas cumprem um papel. Justamente por isso que os especialistas dizem que o certo é fazer um controle delas e não eliminá-las por completo. “Elas fazem parte de uma cadeia alimentar e são alimentos para pássaros, anfíbios, répteis e artrópodes”, enfatizou Fortuna.
Para mantê-las longe de casa. algumas coisas que podem ser feitas é deixar a casa limpa, as lixeiras fechadas e vazias sempre que possível, deixar os ralos e frestas vedados e prestar atenção em como os alimentos são armazenados.
“Frutas exalam cheiros que podem atrair insetos, por isso, quando for para deixá-las em fruteiras, utilize tampa ou rede de proteção. Alimentos secos devem ser armazenados em locais limpos e ventilados, sem vazamento e infiltrações. Ao finalizar o preparo de um prato, deixe a panela fechada, mesmo que você já for se servir”, recomendou Garcia.
Fonte: VivaBem
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