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Veneno de cascavel pode ajudar em tratamentos de câncer

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Uma das doenças mais temidas pelas pessoas, se não a mais, é o câncer. E quando esse conjunto de centenas de mutações patológicas com um crescimento de células anormal e fora do controle não é tratado, ele pode levar à morte. Como essa é uma doença que atinge milhares de pessoas ao redor do mundo, estudos sobre ela nunca param. Eles são feitos na tentativa de encontrar um tratamento ou até mesmo uma cura.

Agora, um estudo feito pelos pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp) mostrou que uma das toxinas presentes no veneno de cascavel tem um efeito modulador no sistema imune em casos de câncer.

Essa toxina é a crotoxina, e para ver seu efeito, os pesquisadores fizeram experimentos em dois grupos de camundongos. Um grupo teve células tumorais aplicadas e três tratamentos diferentes, sendo dois deles com a crotoxina. O outro grupo teve os mesmos tratamentos, mas não tiveram o tumor aplicado.

Estudo

Olhar digital

Nos testes, os pesquisadores acompanharam os camundongos por 13 dias. O grupo que recebeu a aplicação de células tumorais foi de tumor ascítico, que se desenvolve na região abdominal. Os tratamentos recebidos por eles foram: uma solução salina, uma dose de 0,9 micrograma de crotoxina e uma dose de 5 microgramas da toxina.

Mesmo sem as células tumorais, o segundo grupo também recebeu os três tratamentos para que os pesquisadores vissem o efeito da toxina nos organismos livres da doença.

Como resultado, os camundongos que foram tratados com a crotoxina tiveram uma prevalência dos macrófagos M1, que são pró-inflamatórios e inibem o desenvolvimento dos tumores, e redução dos macrófagos M2, que favorecem o tumor.

“Estamos estudando formas e combinações estruturais da crotoxina para encontrar uma que seja menos tóxica e mais efetiva no seu efeito imunomodulador e antitumoral. Mas é possível que outras estruturas da molécula crotoxina, inclusive já conhecidas, possam realizar a mesma ação ou potencializar seu efeito”, disse Sandra Coccuzzo Sampaio, pesquisadora do Instituto Butantan e coordenadora do estudo.

O estudo mostra que a ação dessa toxina nas células de defesa pode trazer mudanças futuras na imunoterapia, que usa substâncias e faz mudanças nas células do sistema imune para facilitar o combate a tumores.

Câncer

Unigran

Como dito, estudos sempre estão sendo feitos para combater e até mesmo tentar curar vários tipos de câncer. Como um estudo que mostrou que uma molécula encontrada no veneno de abelha pode suprimir o crescimento de células cancerosas. O estudo focou em determinados subtipos de câncer de mama, incluindo o câncer de mama triplo-negativo (TNBC), que é uma doença bastante agressiva, com poucas opções de tratamento.

O TNBC é responsável por até 15% de todos os cânceres de mama. E em vários casos, suas células produzem mais de uma molécula chamada EGFR do que as células normais. Todas as tentativas anteriores de tratamento que visavam essa molécula em específico não foram bem sucedidas. Até porque elas afetariam negativamente as células saudáveis.

O veneno da abelha melíferaApis mellifera, mostrou ter um potencial em outras terapias médicas, como por exemplo no tratamento de eczema. E já faz tempo que ele também é conhecido por ter propriedades antitumorais. Mas o seu funcionamento contra tumores em nível molecular ainda não é totalmente compreendido. E um grande avanço em direção a essa resposta foi feito.

A verdade é que as abelhas usam a melitina, que é a molécula que compõe metade do seu veneno e faz com que as picadas sejam doloridas, para lutar contra os seus próprios patógenos. Nesse sentido, os insetos produzem o peptídeo não somente em seu veneno, mas também em outros tecidos.

Observando essa molécula, os pesquisadores submeteram células cancerosas, que foram cultivadas em laboratório, e células normais ao veneno da abelha da Irlanda, Inglaterra e Austrália. E também ao veneno da abelha Bombus terrestris, da Inglaterra.

Depois disso, eles descobriram que o veneno que não tem melitina, mas tem outros assassinos de células em potencial, que teve um efeito menor nas células de câncer de mama. Vale ressaltar que o veneno da abelha em todos os locais fez diferença.

“O veneno era extremamente potente. Descobrimos que a melitina pode destruir completamente as membranas das células cancerosas em 60 minutos”, disse a pesquisadora médica Ciara Duffy, do Instituto de Pesquisa Médica Harry Perkins.

A melhor parte foi que a melitina teve pouco impacto nas células normais, e focou especificamente nas células que produziam muito EGFR e HER2, que é outra molécula produzida em excesso por alguns tipos de câncer de mama.

“Este estudo demonstra como a melitina interfere com as vias de sinalização nas células do câncer de mama para reduzir a replicação celular”, disse o cientista-chefe da Austrália Ocidental, Peter Klinken, que não esteve envolvido neste estudo.

A equipe quis levar seu trabalho mais longe e produziu uma versão sintética da melitina para ver como ela se sairia comparada à real. “Descobrimos que o produto sintético espelha a maioria dos efeitos anticâncer do veneno das abelhas”, explicou Duffy.

“Descobrimos que a melitina pode ser usada com pequenas moléculas ou quimioterapias, como docetaxel, para tratar tipos altamente agressivos de câncer de mama. A combinação de melitina e docetaxel foi extremamente eficiente na redução do crescimento do tumor em camundongos”, continuou.

É claro que muitas coisas podem matar uma célula cancerosa quando ela está em uma placa em um laboratório. Por isso os pesquisadores ainda têm um caminho longo a percorrer antes que essa molécula de veneno possa ser usada em tratamentos em humanos.

Fonte: Olhar digital

Imagens: Olhar digital, Unigran

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