História

A verdadeira história do misterioso “Homem da Máscara de Ferro”

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Muitos historiadores, escritores e filósofos tentaram até hoje decifrar o enigma em torno de um misterioso prisioneiro do século 17, que ficou conhecido como o “Homem da Máscara de Ferro”. A possível identidade deste homem foi amplamente discutida e tem sido o tema de muitos livros, o rosto dele jamais foi visto.

A principal teoria é a de Voltaire, que alega que o prisioneiro era um filho de Ana de Áustria com o Cardeal Mazarin, ou seja, um meio-irmão ilegítimo do rei Luís XIV. No entanto, isso nunca foi provado. Alexandre Dumas usou essa teoria em seu livro The Vicomte de Bragelonne, mas na história, o escritor transformou o prisioneiro em um irmão gêmeo de Louis XIV. Este livro serviu de base para diversas versões adaptadas para o cinema, com a estrelada pelo ator Leonardo Di Caprio.

Hugh Ross Williamson afirma que o “Homem da Máscara de Ferro” era o verdadeiro pai de Luis XIV. Segundo esta teoria, o nascimento “milagroso” de Luís XIV em 1638 teria ocorrido após Luis XIII ter se afastado de sua esposa por 14 anos. Além disso, o rei era velho, fraco, doente, e tinha pouco tempo de vida, além de provavelmente estar impotente. O que sugere que Luis XIII não era o pai do monarca.

Um dos ministros do rei, o Cardeal Richelieu, tinha um plano para que um substituto, provavelmente um filho ou neto ilegítimo de Henrique IV, tivesse relações íntimas com a rainha e gerasse um novo herdeiro para o trono. Na época, o então sucessor era o irmão de Luis XIII, Gaston d’Orléans, que era inimigo de Richelieu. Se Gaston se tornasse rei, Richelieu provavelmente perderia não só o cargo, como também a vida. Por isso, o cardeal estava interessado em frustrar as ambições de Gaston. Luis XIII também odiava Gaston e provavelmente teria concordado com os planos. A rainha Ana também foi cúmplice, pois Gaston lhe teria tirado sua influência.

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Vestígios históricos

Os registros mais antigos do prisioneiro mascarado são do final de julho de 1669, quando o Marquês de Louvois, ministro de Louis XIV, enviou uma carta a Bénigne Dauvergne de Saint-Mars, diretor da prisão de Pignerol, território que na época pertencia à França. Em sua carta, Louvois informava Saint-Mars que um prisioneiro chamado Eustache Dauger deveria chegar em agosto.

Os historiadores perceberam neste documento que o nome “Eustache Dauger” foi escrito em uma caligrafia diferente do resto do texto, sugerindo que um funcionário escreveu a carta sob ditado Louvois, enquanto um terceiro, muito provavelmente, o próprio ministro Louvois, colocou o nome posteriormente.

A prisão de Pignerol, (hoje Pinerolo, Itália), era usada para encarcerar aqueles que eram considerados um “problema” para o Estado. Outros prisioneiros incluem o Conde Ercole Antonio Mattioli (ou Matthioli), um diplomata italiano que havia sido sequestrado e preso por duas vezes cruzando o francês com contrabando. Houve também o Marquês Nicolas Fouquet, um ex-superintendente das finanças, que havia sido preso por Louis XIV; e o Marquês de Lauzun, que se casou com a duquesa de Montpensier, um primo do rei, sem o consentimento do monarca.
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Altamente confidencial

O  Homem da Máscara de Ferro ou L’Homme au Masque de Fer é o nome supostamente dado a Eustache Dauger. Detido pelo capitão Alexandre de Vauroy, o Homem da Máscara de Ferro foi levado para Pignerol e sua permanência lá foi altamente confidencial. Nem mesmo o governador local foi informado quando ocorreu a prisão.  Ele foi mantido sob a custódia pelo mesmo carcereiro, Bénigne Dauvergne de Saint-Mars, por um período de 34 anos.

Porém, logo os primeiros rumores de identidade do prisioneiro (que ele era um marechal da França) começaram a circular. De acordo com as várias versões existentes, o prisioneiro estava sempre usando a máscara. Esse fato e o excesso de cuidados em torno de sua presença despertaram muita curiosidade, dando margem às inúmeras lendas.

Em suas cartas, o diretor da prisão descreve Dauger como um homem quieto, que não dava problemas, “dispostos a vontade de Deus e ao rei”, enquanto que os demais prisioneiros estavam sempre reclamando e constantemente tentando escapar. Ou simplesmente eram loucos. Mas apesar de toda confidencialidade, Dauger nem sempre ficava isolado.

Era um costume na época que prisioneiros ricos e influentes tivessem ter criados na cadeia, que eram na verdade outros prisioneiros. Saint-Mars pediu permissão para Dauger servir Fouquet. Em 1675, Louvois deu permissão com a condição de que o Homem da Máscara de Ferro tivesse contato apenas com  Fouquet, já que não havia expectativa que ele viesse a ser libertado. No entanto, o mascarado estava proibido de ver qualquer outra pessoa; por exemplo, se Fouquet e Lauzun se encontrasse, Dauger não poderia estar presente. Tudo para que ninguém soubesse da existência de Dauger.

Após a morte de Fouquet em 1680, Saint-Mars descobriu um buraco secreto entre as celas de Fouquet e Lauzun. Neste instante, o diretor da cadeia teve a certeza de que eles se comunicavam sem que ele ou os guardas soubessem. Assim, Lauzun deve ter ficado sabendo a respeito da existência de Dauger. Louvois instruiu Saint-Mars a transferir Lauzun para a cela de Fouquet e dizer a ele que Dauger tinha sido libertado. Na verdade, ele permaneceu preso em outra cela da prisão, sendo sua presença lá altamente secreta.

Dauger teria morrido em 19 de Novembro 1703, sob o nome de Marchioly, durante o reinado de Luís XIV de França (1643-1715). Historiadores afirmam que o protocolo do século 17 tornou impensável que um homem da realeza serviria como um servo na cadeia. Por isso, alguns estudiosos colocam em dúvida as teorias de que Dauger tinha parentesco com o rei.

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