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Youtuber usa carros de luxo para abordar mulheres: “testando interesseiras”

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O Youtube é uma plataforma que oferece conteúdo de todo tipo, desde receitas culinárias, dicas de reforma de casa, tutoriais de maquiagem, música, e até um youtuber testando se um carro de luxo muda o nível de interesse de uma mulher.

O youtuber Maiki da Silva Moraes, conhecido como Maiki 021, acumula mais de 13 milhões de inscritos em seu canal. Isso porque o influenciador faz sucesso e garante cliques por meio de seu conteúdo controverso, em especial com seus vídeos que aborda mulheres para revelar se elas são “interesseiras” ou não. Para tal, ele aborda as mulheres com carros de luxo.

Os vídeos, denominados “testes de mulheres interesseiras” aparentam ser pré-combinados e mostram Maiki abordando jovens desconhecidas na rua ao dirigir carros humildes. Sem nenhum contexto, ele oferece carona ou as convidam para sair.

Então, quando a mulher recusa o convite, ele volta, dessa vez dirigindo carros de luxo de marcas como Porsche, BMW e Audi. Ele refaz a proposta e analisa as respostas das mulheres. Dessa forma, os conteúdos acumulam em média 100 mil visualizações e contam com títulos chamativos como “Interesseira me beijou só para andar de BMW” e “Caçando interesseira na praia de R8”.

Suposta pegadinha normaliza assédio

Reprodução/Canal Maiki 021

A suposta pegadinha não é inédita, visto que outros canais semelhantes fazem o mesmo, como o HoomanTV. “Parece uma armação. Porém, se a pessoa sentir um constrangimento pode se considerar assédio”, diz a advogada e pesquisadora sobre problemas de gêneros Raquel Xavier Braga.

“O problema é banalizar o assédio, o caso é uma situação de preconceito e um estereótipo nocivo em que ele provoca a situação para tirar a vantagem”. O artigo 216-A do Código Penal Brasileiro afirma que o assédio se configura a partir do constrangimento com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, tendo como pena por violação a detenção de 1 a 2 anos.

“Afirmo que é violência contra mulher por ter sido gravado sem autorização, ou seja, sem consentimento, tendo violação de privacidade”, afirma Carine Ross, especialista em diversidade e inclusão feminina. “A versão em inglês é a mesma situação, a fala é bem semelhante. Acredito que seja uma réplica de conteúdo americano.”

Ambas as especialistas afirmam acreditar que o conteúdo é forjado. Isto é, que o youtuber ou sua equipe notifique as mulheres anteriormente sobre o que devem fazer em cada situação, garantindo um resultado satisfatório que rende visualizações.

Consequências

“Se for encenado, é algo programado para estereotipar e induzir o público a achar que ela é interesseira, criando uma personagem”, afirma Carine. “Se for real, pode se configurar como assédio, já que há um ataque à dignidade da pessoa. Caso seja uma montagem, há um problema ainda maior, a banalização do assédio com o fortalecimento de um estereótipo feminino”.

“Reforça os discursos sociais de que mulheres que usam roupas curtas devem ser maltratadas. Assim, existindo mulheres que merecem ser maltratadas e outras que devem ser tratadas bem”, completa.

Sendo assim, Raquel Braga não só questiona a veracidade das abordagens, como destaca a possibilidade de ação judicial a quem se sentir prejudicada. “Se não for armação, a mulher abordada na rua dessa maneira deve buscar um advogado para reparação pelos danos no Judiciário”, orienta.

Além disso, Carine questiona a responsabilidade da própria plataforma de conteúdo e redes sociais na publicação e divulgação de vídeos com esses tipo de conteúdo danoso.

“Qual o papel do próprio YouTube? As redes sociais como Instagram e Facebook poderiam ficar mais atentas aos discursos de ódio contra mulheres. É uma violência subjetiva e sutil, que abre portas para comportamentos agressivos contra mulheres. É papel do próprio YouTube e de outras redes sociais fiscalizar e banir, quando necessário, qualquer tipo de produção que ultrapasse os limites éticos”, conclui.

Fonte: UOL

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