História

7 coisas que poderiam mudar a forma como vemos a Bíblia

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A Bíblia é uma coleção de textos religiosos de valor sagrado para o cristianismo. Nela se narram interpretações religiosas do motivo da existência do homem na Terra. Muitos crentes seguem cegamente todos os ensinamentos do livro sagrado, mas será mesmo que tudo que está escrito nesse livro é verdade?

Sem sombra de dúvidas não existe outro livro nesse mundo que traga tantas controvérsias quanto a Bíblia. Isso faz com que os crentes e descrentes sejam rivais e até coloca os estudiosos da Bíblia contra eles mesmos. Loucura, não!? Bom, nós separamos para vocês algumas coisas controvérsias da Bíblia e temos certeza que tal matéria causará até um debate entre os nossos leitores. Então, caros amigos, confiram agora a nossa matéria com as 7 coisas que poderiam mudar a forma como vemos a Bíblia:

1 – Ossos de Jesus Cristo

Um controverso programa de televisão chamado The Lost Tomb of Jesus sugere que havia um túmulo em Israel e que poderia ele poderia conter os restos de Jesus e sua família, incluindo um filho chamado Judá. Essas alegações criaram um grande debate religioso já que muitos acreditam que Jesus não teve filhos e que ele ressuscitou, por isso seria impossível acharem seus ossos. Mas e aí, seriam esses ossos realmente de Jesus Cristo e sua família?

Simcha Jacobovici, que dirigiu o programa, recebeu várias acusações do arqueólogo Joseph Zias (funcionário aposentado da Autoridade de Antiguidades de Israel). Jacobovici entrou na justiça e pediu um milhão de dólares em indenização por difamação. Depois disso, muitos estudiosos da Bíblia tomaram partido, uns pro lado de Zias, outros pro lado de Jacobovici.

Em 2015, um tribunal de Jerusalém concedeu $260.000 em danos a Jacobovici. Após a decisão, o cineasta escreveu o seguinte em seu site:

“Como jornalista, estou comprometido com o princípio do livre debate em uma sociedade democrática. Mas a liberdade de expressão termina onde o libelo começa, e Zias cruzou todas as linhas vermelhas de um debate civilizado. Acusou-me, entre outras coisas, de “falsificação”, “plantar arqueologia”, ” enfeitar a Bíblia ” e “inventar histórias do Holocausto”. Ele também me acusou de estar em contato íntimo com vários elementos criminosos em todo o mundo. Todas estas acusações são horríveis mentiras inventadas que ele circulou na Internet e enviou para várias universidades, editores e emissoras”.

2 – A Bíblia foi escrita em tempo real?

Existe um debate entre os estudiosos da Bíblia que analisa se o Antigo Testamento foi escrito em tempo real ou séculos após os eventos terem acontecido. Até o ano de 2008 acreditava-se que a Bíblia hebraica foi escrita no século VI a.C. pelo fato de não existir evidência escrita em hebraico nessa época.

Mas um fragmento de cerâmica do século X a.C., inscrito em hebraico, foi descoberto em Khirbet Qeiyafa, em Israel. “Isso indica que o Reino de Israel já existia no século X a.C. e que pelo menos alguns dos textos bíblicos foram escritos centenas de anos antes das datas apresentadas na pesquisa atual”, afirmou o professor Gershon Galil, que decifrou o texto antigo.

Existem muitas discussões a respeito de provas se a Bíblia é ou não um documento histórico. Mesmo esse fragmento de cerâmica não foi o suficiente para confirmar se o Antigo Testamento foi ou não escrito em tempo real.

Em 2013, a “Inscrição Ophel” foi encontrada em um fragmento de um jarro de barro perto do Monte do Templo (na área de Ofel) em Jerusalém. Ninguém conseguiu descobrir o que a inscrição dizia e muito menos que linguagem era aquela. Embora muitos estudiosos acreditassem que a escrita era de uma língua desconhecida, Galil interpretou a escrita como hebraico antigo que classificava o vinho armazenado no recipiente. Ele acredita que se refere ao vinho barato dado aos trabalhadores escravos.

No entanto, o vinho barato não é importante. Se Galil estiver correto, a Inscrição Ophel sugere que Jerusalém já era uma cidade importante no século X a.C., com uma estrutura de classes e um sistema administrativo complexo. Além disso, sugere que a escrita foi generalizada na época.

“Os escribas que escreviam textos administrativos também podiam escrever textos literários e historiográficos”, disse Galil. Embora seja controverso, muitos estudiosos acreditam que, se Jerusalém fosse povoada por falantes e escritores hebreus no século X a.C., então os escribas provavelmente registrariam os eventos do Antigo Testamento em tempo real.

3 – A localização do julgamento de Jesus

O julgamento de Jesus é um dos acontecimentos mais importantes da Bíblia, mas os arqueólogos nunca conseguiram chegar a um acordo sobre onde ocorreu tal julgamento. Durante a expansão do Museu da Torre de David, em Jerusalém, os arqueólogos encontraram um sistema de esgoto com paredes de fundação que eles acreditam ser do antigo palácio de Herodes, o Grande. Muitos dizem que Jesus foi julgado antes de ser crucificado. Nessa época, Herodes era o rei da Judéia.

Os evengelhos do Novo Testamento parecem fornecer relatos conflitantes sobre a localização do julgamento de Jesus. No Evangelho de João diz-se que o julgamento ocorreu em um pavimento de pedra perto de um portão. Isso combina com o palácio de Herodes. Mas os evangelhos também usam a palavra latina “praetorium” para descrever o lugar em que Pôncio Pilatos examinou Jesus.

Enquanto alguns acreditam que Pilatos estava no palácio de Herodes, outros estudiosos acham que um pretório era uma tenda de general em um acampamento militar romano. Mesmo que essa dúvida até hoje não tenha sido resolvida, a prisão está aberta para visitação do público.

4 – Êxodo e aborto

No debate religioso sobre o aborto, as pessoas discutem o significado do Êxodo 21: 22–25. A versão Douay-Reims da Bíblia, diz o seguinte: “Se alguns homens brigarem, e um ferir uma mulher grávida, e for causa de que aborte, não resultando, porém, outro dano, este certamente será multado, conforme o que lhe impuser o marido da mulher, e pagará segundo o arbítrio dos juízes; mas se resultar dano, então darás vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe”.

Defensores interpretam “aborto espontâneo” como significando que o feto não tem o mesmo status de vida que a mulher adulta. Se o bebê morrer em consequência de um aborto espontâneo, então o responsável é punido. Mas se a mulher morre, então o homem que causou isso deve ser punido com a morte.

John Piper, chanceler do Bethlehem College & Seminary, aponta que a Nova Versão Internacional da Bíblia traduz essa passagem como ” ela dá à luz prematuramente ” em vez de “ela abortar de fato”, o que sugere que o bebê nasceu vivo. Nesse caso, o homem paga uma multa se a mãe ou filho forem feridos, mas ele é condenado à morte se a mãe ou a criança morrerem. Para Piper, existe uma palavra hebraica para “abortar” que não foi usada nessa passagem.

O rabino Shmuley Boteach acha que de acordo com a interpretação judaica da passagem do Êxodo, o feto não tem o mesmo status de vida que a mulher adulta. Sendo assim, ele acredita que tirar a vida de um feto não é assassinato. O rabino reconhece que a interpretação judaica do Êxodo é diferente da interpretação católica.

5 – Mentiras do Novo Testamento

Forged, um livro do erudito bíblico Bart Ehrman, foi publicado em 2011 e trouxe muitas controvérsias. Ehrman disse que metade do Novo Testamento foi forjado por pessoas que tinham uma agenda religiosa no mundo antigo, mas não conseguiu fazer sucesso com seus próprios nomes. “Havia competição entre diferentes grupos de cristãos sobre o que acreditar e cada um desses grupos queria ter autoridade para apoiar seus pontos de vista”, disse ele em uma entrevista. “Se você fosse um ninguém, não assinaria seu próprio nome para o seu tratado. Você iria assinar com Peter ou John”, completou Ehrman.

Ele ainda afirma que os falsificadores mentiam para o que acreditavam ser o bem maior. Esse também foi um caminho para que os antigos líderes cristãos vencessem as disputas religiosas entre si. Ehrman dá exemplos no livro da escrita de Paulo no Novo Testamento, que variam em estilos: frases curtas em algumas partes, sentenças mais longas que não são do estilo de outras. Ah, ainda tem partes que até se contradizem. Mais a parte mais incrível do livro é quando Ehrman afirma que Pedro e João eram pescadores analfabetos, sendo assim, não poderiam ter escrito nada do Novo Testamento.

Ben Witherington, um estudioso bíblico, diz que o livro de Ehrman é uma farsa e que as pessoas acreditam em qualquer coisa, não importa o quão escandalosa seja. Witherington também acha que, com exceção de Pedro, cada livro do Novo Testamento foi escrito por um membro de um pequeno grupo de cristãos instruídos. Eles tinham conexões próximas com Jesus e Paulo.

Ele também afirma que os escribas da época eram essenciais para transcrever corretamente os documentos. Por isso, era comum pessoas como Paulo ditarem suas palavras para um escriba. A verdade? Talvez a gente nunca a tenha.

6 – A visão da Bíblia sobre a homossexualidade

Em 2012, um grupo anônimo publicou um livro chamado “Queen James Bible”, editando oito versos da popular versão King James Version. A tentativa era de tornar impossível a interpretação da Bíblia de maneira homofóbica. Steve Golden, da Answers in Genesis, disse que quem publicou esse livro “zombou de uma amada tradução da Bíblia”.

Por exemplo, em Levítico 18:22, a nova versão acrescenta palavras (mostradas em itálico): “Não te deitarás com a humanidade como com a mulher no templo de Moloque: é uma abominação”. Essa passagem reescrita passa a condenar fazer sexo com prostitutas em tempos particulares em vez de denunciar certos atos sexuais.

Em geral, Golden argumenta que os defensores dessa versão da Bíblia interpretam erroneamente a palavra hebraica “ritualmente impura” como relacionada à idolatria pagã, sendo usada para condenar “algo que é moralmente repugnante aos olhos de Deus, como a homossexualidade”. Golden também menciona dois outros capítulos em Levítico que especificam o comportamento pecaminoso, como bestialidade, sacrifício de crianças e incesto.

Ele então afirma que os editores dessa nova versão devem ser consistentes no sacrifício de crianças e no incesto aceitáveis, a menos que a idolatria pagã estivesse envolvida. Portanto, sua conclusão é que a homossexualidade deve ser um pecado, envolvendo ou não a idolatria pagã.

Golden aponta para outros eruditos bíblicos com Romanos 1: 26–27, que fala sobre homens e mulheres que “trocaram relações naturais por outros não naturais”. Nessa parte ele argumenta que o apóstolo Paulo condenou tanto homossexuais quanto àqueles que os aprovam. No entanto, John Shelby Spong, bispo aposentado da Igreja Episcopal, diz em uma entrevista que ele acredita que Paulo era um homossexual reprimido, cuja auto-aversão explica porque ele tão vigorosamente se opunha à homossexualidade.

7 – Conquista de Josué de Jericó

Com um oásis no deserto da Cisjordânia, Jericó acreditava ser a primeira cidade do mundo que foi continuamente habitada. Em vários momentos, pelo menos 23 civilizações fizeram de Jericó sua casa. Como contado no livro na Bíblia, Josué levou os israelitas a Jericó, o coração da Terra Prometida. Mas quando ele chegou, foi obrigado a conquistar os cananeus com seu exército em uma batalha sangrenta.

A Bíblia diz que no sétimo dia Josué circulou as paredes externas da cidade sete vezes com a poderosa Arca da Aliança, o baú que continha as tábuas de pedra inscritas com os Dez Mandamentos. Então Deus fez as paredes da cidade desmoronarem, e Josué e seus homens invadiram-na, matando todos, exceto Raabe e sua família. Raabe era a prostituta que ajudara os espiões de Josué.

Até agora, escavações arqueológicas não suportam a história bíblica de Josué atacando Jericó. Parece que ninguém morava em Jericó na época de Josué e não havia paredes. Parece mais provável que os israelitas invadiram o país das colinas pouco habitadas de forma mais gradual, conforme foi descrito no Livro dos Juízes. Para certas pessoas isso é um alívio já que eles não podem reconciliar seu misericordioso Deus com o Deus que perdoou tal massacre.

Isso sugere um debate interessante. Se os antigos israelitas e os cananeus da Bíblia fossem parte da mesma tribo, o que será que dizem as análises de DNA? De acordo com o arqueólogo bíblico Eric Cline, o teste de DNA moderno pode mostrar que os judeus e palestinos de hoje são irmãos distantes ou primos daquela tribo. A incapacidade de confirmar a história bíblica da conquista de Jericó por Josué pode ser uma das provas de que a Bíblia não é um documento histórico preciso.

E vocês, caros leitores, já tinha visto todas essas controvérsias que podem mudar a maneira como vemos a Bíblia? Comente!

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