Bastam dois filhos. Os pais, sim, têm preferências por algum deles. Na literatura, a imagem do filho predileto é recorrente e, às vezes, acompanhada de um final trágico, como o Abel, personagem bíblico, morto pelo irmão, Caim, após se sentir desvalorizado pelo caçula.
Com o propósito de refutar desfecho trágico, os pais evitam contar quem é seu filho favorito. A máxima “para mim meus filhos são iguais” se tornou escudo para apaziguar conflitos familiares. Ainda bem que estas preocupações saíram do âmbito familiar e se estenderam ao âmbito científico, com pesquisas.
Mas será que é possível gostar da filha que “tem o jeitinho da mamãe” e do filho que “tem o temperamento do pai”? A psicanalista Ana Olmos, coordenadora de pesquisa na Universidade da Califórnia, disse que cerca de 65% das mães e 70% dos pais escolhem suas crias prediletas.
“A melhor palavra para definir esse fenômeno não é favoritismo, mas afinidade”, diz a psicanalista. “É natural ter mais afinidade com um filho do que com outro. O que não significa amá-los de forma diferente.”
O que move a predileção, de acordo com a pesquisa, não é a semelhança, pois os pais buscam o princípio de complementaridade. Eles observam nos filhos as características que não tem em si. Desenvolvido por Freud, o conceito determina o amor à mãe e o ódio ao pai. E assim se popularizou a crença de que a mãe prefere os filhos, e o pai, a filha.
A psicóloga Leila Salomão Tavino, professora do Instituo de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), revelou que na prática não é bem assim. “Um pai pode se sentir mais vinculado à filha, mas isso ocorre por afinidade, não por ela ser do sexo oposto”, diz.
Na literatura brasileira, o escritor Reinaldo Moraes, autor do clássico Pornopopéia, descreveu como era sua relação com a mãe, de forma escrachada e zoada. Zeca, protagonista da obra, tinha tendência à promiscuidade e sua mãe se preocupava com ele e sua busca “pela ferra”. Vale a leitura, leitor.
Após essa contextualização, o ultra Curioso preparou, amigo navegante, uma lista com os sete sete sinais de que nem de longe você é o filho preferido. Confira:
1 – Seu temperamento
Como já foi citado acima, o temperamento pode ser um fator determinante na relação entre pai, mãe e filho. No início do século XX, o pai da psicanálise Sigmund Freud, disse que o filho prefere a mãe, e a filha, o pai. Contudo, psicólogos alertam: as coisas não são bem assim. As relações se estabelecem por afeto e cumplicidade, mesmo.
2 – Gosto pela vida noturna
Batata, amigo leitor. Você sai de casa, às 18h, e avisa seus pais de que vai, apenas, na casa de um amigo. Mas dali, ambos vão para um bar mais longe, no centro. E do centro, invariavelmente, vocês caem, de corpo e alma, na esbórnia. No dia seguinte aguente as comparações com seu irmão.
3 – Música alta de manhã
Sempre, ela, o som, o combustível de todos as almas perdidas neste espaço maluco que convencionamos chamar de mundo. Para muitos, a música serve para livrá-lo e libertá-lo das coisas cotidianas. Para outros, é uma necessidade. Música é música, independente do volume que sair do som. Mas a mamãe e o papai não vão gostar, tenha certeza.
4 – Quarto desorganizado
Se seu quarto é repleto de roupas, garrafas de bebida e comida pelos lados, sabia: isso vai ser motivo para suscitar comparações entre você e seu irmão.
5 – Procrastinação
Quem não tem? Mas seus pais não querem saber. Eles vão dizer que seu irmão, cuja faculdade foi “brilhante, com notas de encher os olhos”, nunca teve esse comportamento, “por isso está onde está.” Este caro, caro leitor procrastinador, nada pode ser feito. Apenas ouvir e deixar para lá.
6 – Visão de mundo
É normal: pais com inclinações conservadoras vão fazem de tudo para dizer que suas concepções de mundo são equivocadas. Todavia, você tem de entendê-los. A tendência do homem, com o passar dos anos, é ser conservador. Não tem jeito.
7 – Mulheres caminhando em trajes íntimos pela casa
Intrínseco ao item anterior, os pais mais conservadores iram reclamam qualquer coisa quando ver uma moça saindo do seu quarto, em um domingo à tarde, após uma noite calorosa. Você pode tentar de tudo para explicar o que, de fato, aconteceu.
8 – Desempenho escolar
Mesmo que você esteja na faculdade, cuja visão que tínhamos antes de entrar era totalmente errônea, vai ser alvo de acusações e afirmações ríspidas de seus pais. Eles vão resmungar sobre as notas que tirou em certas disciplinas. “É um absurdo. Você só faz isso da vida e, ainda assim, consegue ir mal. Eu na tua idade não tive essas oportunidades”, dirá ele.
Pais e filhos discutem desde que o mundo é mundo. Eles, sim, têm preferências pelos filhos. Se Freud pensou que a filho gosta da mãe, e a filha do pai, hoje mudou. Há afinidade, e ela é um fator determinante nas relações familiares. Você já foi alvo de comparações com seu irmão?
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