Uma triste verdade: a cultura do estupro está inserida historicamente em nossa sociedade. Talvez os homens não concordem, e até mesmo algumas mulheres, mas a questão é que, quando falamos sobre um mundo ocidental, patriarcal, aparentemente se mostra que os homens são melhores ou mais importantes em determinados sentidos que as mulheres. Apesar de haver uma grande luta, que nos últimos anos tem ganhado cada vez mais força,na tentativa de conscientização da sociedade em relação à igualdade de gêneros, os preconceitos ainda permanecem fortemente arraigados ao convívio social.
A probabilidade de você não concordar com isso é grande, mas com certeza conhece alguém que ainda sim. Como por exemplo, o homem é quem deve prover o sustento da casa, da família. Ou em situações menores, como um pneu furado na estrada, tanto por parte dos homens quanto das mulheres, eles dizem que ela não sabe e, por sua vez, ela acata esse pensamento dizendo que não faz parte de sua alçada aprender esse tipo de coisa. Uma questão: com exceção dos órgãos reprodutores, em que, necessariamente, se diferenciam biologicamente os organismos masculinos e femininos?
Determinadas situações são extremamente constrangedoras e embaraçosas, trazem à tona preconceitos e medos que não são dialogados em sociedade. De acordo com a legislação brasileira, é considerado estupro:
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena – reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:
Pena – reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§ 2o Se da conduta resulta morte:
Pena – reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Muitas vezes, uma pessoa sofre estupros constantes sem mesmo saber que o está. O mais comum são casos como: festas, trabalho e até dentro da própria casa. O ato de reproduzir esses traços culturais podem acontecer tanto contra os homens quanto contra as mulheres. Mas, com certeza, 99% das vezes, repugnantemente, acontecem contra as mulheres. Confira abaixo a seleção que a redação da Fatos Desconhecidos preparou e se surpreenda com alguns traços da cultura do estupro que os homens reproduzem sem querer no cotiano e que passam despercebidas no dia-a-dia.
1. Coisa de menina
Se vestir bem, se cuidar, ser recatada. Não sentar de pernas abertas, não subir em árvores, não brincar de bola na rua. Bonecas, cházinhos, brincar de casinha, maquiagem. Dançar balé ao invés de praticar artes marciais. Usar rosa e amarelo ao invés de azul e verde. As meninas devem aprender a “servir”, ajuda nas tarefas da casa, obedece pais e irmãos, por serem homens.
2. Mulher casta
Desde sempre é ensinado às mulheres que elas devem ser castas, seletivas, honradas. Devem escolher o parceiro com cuidado e detalhadamente. Caso contrário, se torna puta, vagabunda, piranha, etc. Enquanto os homens, com quanto mais mulheres se envolvem, frequentam bordéis, vão às festas, mais “machões” eles são, devem ser pegadores para se provarem viris.
3. Roupas
Criticar as roupas de uma mulher, porque é curta de mais, decotada, ou porque a idade dela já não combina com aquele tipo de roupa. Quando alguém fala “Essa roupa está muito curta.” é a mesma coisa de dizer que “Mas também, com minissaia à noite, pediu para acontecer”. Pelo fato de que o corpo da mulher é de propriedade dela, de mais ninguém. Não existe homem, pai, namorado, marido, no mundo que tenha poder sobre o que ela faz ou deixa de fazer em relação ao próprio corpo.
4. Objetos
Talvez um dos piores traços da cultura do estupro, objetifica o corpo da mulher. É muito comum ver esse tipo de coisa acontecendo em propagandas de cerveja, com a famosa “Globeleza”, etc.
5. Cantadas
As famosas cantadas de pedreiro, tiram a liberdade e, na maioria das vezes, ao invés de servirem como elogio, acabam insultando aquelas que por ali passam. Os homens fazem isso por acreditar que é de direito deles, é a prova mais fiel da crença de poder e dominação sobre a mulher.
6. Desumanizar
Quando os esteriótipos, as características físicas da mulher definem o que ela é. Como por exemplo: loira gostosa, gordelícia, bonita e burra, são exemplo de objetificação da mulher. Esse é um dos piores tipos de sexismo, porque ele vem disfarçado de brincadeira.
7. Silêncio
É preciso começar desde já, abrir a boca, falar, não ter medo nem vergonha. O silencio é o pior inimigo nessas horas. Não denunciar é a mesma coisa de ser cúmplice. Seja um puxão no cabelo, uma piada sexista ou tentativa de tratar a mulher como objeto, esses e outros atos são atos machistas e contribuem para a cultura do estupro.
Provavelmente nem todos vocês irão concordar, mas o pior cego é aquele que não quer ver. Essas características, como dissemos anteriormente, estão incrustadas em nossa cultura social e cabe a nós desmistificarmos. Claro que as coisas não mudam do dia para a noite, mas o mais importante é começar.
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