Desde o início da Guerra da Ucrânia, Estados Unidos e Rússia vivem um clima de inimizade diplomática. De um lado, os russos seguem suas empreitadas militares dentro do território ucraniano. Do outro, os americanos condenam o avanço da Rússia por meio de sanções. Apesar disso, parece que esses nervos aflorados não chegaram na ISS (Estação Espacial Internacional).
Por lá, astronautas da NASA e da Roscosmos seguem suas missões normalmente. Inclusive, há tarefas que se realizam com participações conjuntas entre russos e americanos. E é justamente este o caso da parceria entre o americano Mark Vande Hei com os russos Anton Shkaplerov e Pyotr Dubrov.
O trio voltou para a Terra na última quarta-feira (30). Primeiramente, eles se despediram da ISS às 4:21 da manhã (horário de Brasília). Depois, entraram a bordo da nave russa Soyuz e pousaram no Cazaquistão às 8:21 da manhã (também no horário de Brasília). Juntamente com as gravações da descida, também houve registros de recordes por dois dos três tripulantes.
Maior estadia russa e americana na ISS
Mark Vande Hei e Pyotr Dubrov embarcaram lado a lado em direção à unidade espacial. Sendo assim, a decolagem dos dois aconteceu em abril de 2021, bem antes da deflagração da Guerra da Ucrânia. Depois que chegaram à ISS, a dupla viajou mais de 241 milhões de quilômetros, o que totaliza 5.680 órbitas ao redor da Terra.
Finalmente, os viajantes retornaram, e juntamente com suas bagagens, trouxeram recordes nacionais. A princípio, Mark Vande Hei se tornou o americano com maior tempo no espaço, morando lá por 355 dias. Anteriormente, esse título era do ex-astronauta Scott Kelly, o qual ficou em órbita por 340 dias.
Já Pyotr Dubrov se tornou o cosmonauta da Rússia a passar mais tempo na ISS. Ele só não é o russo com maior estadia em uma viagem espacial pois quatro viajantes ficaram mais que 355 dias na Mir, antiga estação russa.
Seu compatriota, Anton Shkaplerov, era o chefe da estação administrada por EUA, Canadá, Japão, Europa e Rússia. Antes que fosse embora, ele passou o comando a Tom Mashburn, astronauta da NASA. Ao passar a “chave”, ele destacou que os problemas entre as nações aconteciam apenas na Terra.
Portanto, em seu discurso, ele afirmou que: “em órbita, somos uma tripulação, e acho que a ISS é como um símbolo de amizade, cooperação (e) nosso futuro flexível de exploração do espaço. Muito obrigado, meus membros da tripulação. Vocês são como meus irmãos e irmãs espaciais”.
Enquanto isso na Terra…
Apesar do clima de paz entre os tripulantes, no decorrer de março, o diretor da Roscosmos, Dmitry Rogozin, fez declarações ameaçadoras. Em síntese, ele sugeriu que se a ISS fosse desorbitada, com isso, ela cairia em cima dos Estados Unidos.
Vale lembrar que cada nação administradora tem uma função dentro deste ponto de encontro internacional. Nesse sentido, a Rússia é responsável pelo sistema de propulsão, ou seja, trata-se de um país que tem o poder de desorbitar a estação onde bem entender.
Além disso, outra rusga aconteceu durante o embarque da tripulação que irá substituir os recém-chegados Vande Hei, Dubrov e Shkaplerov. No dia 15 de março, astronautas russos causaram polêmica ao decolarem com um traje especial amarelo com detalhes em azul. Logo, surgiram rumores de que aquilo seria um protesto contra a guerra na qual a pátria deles se envolveu. Até agora, não se tem resposta definitiva quanto à intenção da roupa.
O que se sabe é que Vande Hei e Dubrov são mais duas provas vivas dos efeitos biológicos de um longo tempo no espaço. As informações coletadas podem ajudar as agências espaciais a planejarem missões com humanos na Lua e em Marte.
Nesse sentido, o ex-astronauta Scott Kelly já forneceu dados importantes quanto a isso. Enquanto ele estava 340 dias no espaço, seu irmão gêmeo, Mark, prosseguiu sua vida na Terra. Sendo assim, através de testes diários, identificou-se mudanças significativas na vida de Scott.
O DNA do viajante sofreu mutação em determinadas células. Da mesma forma, seu sistema imunológico também apresentou respostas diferentes e seu corpo passou a hospedar novos tipos de bactérias. Com certeza, essas informações colocaram em dúvida a segurança dos astronautas em missões duradouras, algo que poderá ser melhor estudado através de Vande Hei e Dubrov.
Fonte: Canal Tech, CNN
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