Ciência e Tecnologia

Analisando 2.600 genomas, cientistas descobriram como o câncer se forma

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O câncer é, sem sombra de dúvidas, uma das doenças que mais matam no mundo inteiro. Por esse motivo, é muito importante entender como a doença se forma, para tentar encontrar o melhor tratamento possível. Pensando nisso, o projeto Pan-Câncer concluiu uma importante pesquisa sobre o assunto. As perguntas eram como e porque cada tipo de tumor cancerígeno surge no corpo humano. A pesquisa durou mais de dez anos e envolveu 1.300 cientistas e clínicos de mais de 37 países. Juntos, os pesquisadores analisaram mais de 2.600 genomas e 38 tipos diferentes de tumores. Os resultados promissores foram publicados recentemente na revista científica Nature.

“Entre as principais conclusões do trabalho está a descoberta da enorme variedade de genomas de câncer“, explica Peter Campbell, diretor do projeto. Por fim, eles detectaram mais de 80 processos distintos que causam as mutações genéticas do câncer. Entre elas, algumas estão relacionadas à idade, outras são de origem hereditária. E outras podem estar ligadas a fatores externos de estilo de vida, como fumo e consumo de álcool.

Descobertas

Os pesquisadores descobriram que o desenvolvimento precoce de alguns tipos específicos de câncer podem ocorrer muito antes do diagnósticos. E às vezes, até na infância. Isso sugere que há sim a possiblidade de um tratamento, muito antes da doença se desenvolver e ficar mais grave.

Outra descoberta interessante da pesquisa foi que os cânceres, em diferentes partes do corpo, podem ser mais parecidos do que se imaginava. “Podemos ter um tipo de câncer de mama e de próstata em que as mutações são semelhantes. Isso significa que os pacientes podem se beneficiar do mesmo tipo de tratamento”, explica Joachim Weischenfeldt, professor da Universidade de Copenhague e um dos coautores da pesquisa.

Por fim, os cientistas também descobriram que os padrões de mutações e onde elas ocorrem podem ser muito úteis na hora de identificar entre 1%  e 55% dos cânceres não identificados por diagnósticos regulares.

O desenvolvimento do câncer

Cada pessoa é formada por um conjunto de 30 bilhões de células. E essas células passam por vários processos genéticos e se multiplicam. Cada vez que elas se dividem, o genoma por inteiro, composto por 3 milhões de letras, deve ser copiado o A com o T e o C com o G.

Durante esse processo, erros de cópia casuais podem ocorrer, ou seja, as mutações. Um ser humano pode acumular milhões dessas mudanças, sendo a maioria delas inofensiva. Mas uma pequena fração delas é o que pode resultar em um câncer. Por esse motivo, identificar qual é a nociva pode ser crucial para entender melhor a doença. Mas principalmente para desenvolver novos tratamentos contra ela.

“Com o conhecimento que adquirimos sobre as origens e a evolução dos tumores, podemos desenvolver novas ferramentas e terapias para detectar o câncer mais cedo. Além de desenvolver tratamentos mais direcionadas e curar os pacientes com sucesso”, afirma Lincoln Stein, um dos pesquisadores envolvidos no estudo.

De acordo com os responsáveis pela pesquisa, esses resultados podem fornecer dados importantes para a medicina de precisão. “Mostramos como fazer grandes estudos genômicos do câncer de maneira sustentável. Agora, a ideia é fazer o mesmo em hospitais e incluir dados clínicos de cada paciente, principalmente o histórico do tratamento. Para que assim, talvez, um dia, possamos conhecer todas as mutações causais do câncer”, completa Alfonso Valencia, um dos pesquisadores do Pan-Câncer.

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