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Antigo DNA de neandertais pode ter relação com o autismo

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Todos sabem que o DNA é um composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéticas, que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos e de alguns vírus. Além disso, transmite as características hereditárias de cada ser vivo. Resumindo, o DNA é a matéria que nos torna o que nós somos. E muitos podem não saber que até hoje as pessoas carregam DNA de neandertais e isso pode influenciar suas vidas.

De acordo com um estudo publicado na revista Molecular Psychiatry, o DNA dos neandertais pode estar relacionado com as chances de autismo. Quem fez esse estudo foi a equipe da Loyola University New Orleans com os dados de sequenciamento do banco de dados Simons Foundation Powering Autism Research (SPARK). O foco deles foi em pessoas que tinham TEA (transtorno do espectro autista) e os irmãos que não tinham a condição.

Até o momento, a influência do DNA dos neandertais em coisas como  função imunológica, pigmentação da pele e metabolismo já foi identificada. Contudo, a relação dele com o desenvolvimento do cérebro ainda não foi compreendida por completo e precisa de mais investigações.

DNA de neandertais e autismo

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Justamente nesse ponto que o novo estudo foi feito. O foco dos pesquisadores era conseguir preencher a lacuna e compreender se o DNA dos neandertais tem uma prevalência maior nas pessoas com autismo quando comparadas com as demais.

Como resultado, os pesquisadores descobriram que as pessoas que tinham autismo tinham uma maior prevalência das variantes genéticas raras derivadas dos neandertais. Essa variantes são bem raras, acontecendo em menos de 1% da população. No entanto, os próprios pesquisadores ressaltaram que isso não quer dizer que as pessoas com autismo tem mais DNA de neandertais do que as outras. A realidade é bem mais complexa do que isso, especialmente se for levado em conta que o genoma humano é composto por mais de 3 bilhões de pares.

“A grande maioria dos nossos genomas é bastante idêntica entre si. Mas há alguns lugares no genoma humano que são locais de variação. O DNA neandertal fornece parte dessa variação e algumas dessas variantes são comuns (1% ou mais da população tem essa variante específica) ou podem ser raras (menos de 1% tem essa variante)”, explicaram os pesquisadores.
“Descobrimos que as pessoas com autismo, em média, têm mais variantes raras do Neandertal, e não é que tenham mais DNA do Neandertal em geral. Isso significa que, embora nem todo o DNA Neandertal esteja necessariamente influenciando a suscetibilidade ao autismo, um subconjunto o faz”, conclui o estudo.
Contrastando com essas variantes raras, o estudo viu que as variantes comuns vindas dos neandertais eram menos prevalentes nas pessoas com autismo. Isso tem um peso muito grande na compreensão do autismo e nas bases genéticas dele. Além de abrir portas para entender melhor o neurodesenvolvimento em si.
Segundo o Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETHZ), na Suíça, e o Instituto de Biotecnologia Molecular (IMBA), existem 36 genes diretamente associados com o autismo.
Essa descoberta que variantes genéticas raras herdadas de neandertais podem estar mais presentes nas pessoas com autismo auxilia na compreensão da complexidade da genética e da ancestralidade humana. Mas isso não determina o valor ou capacidade, mas sim mostra a riqueza da evolução humana.

Influência

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O DNA de neandertais está presente nos humanos modernos, especialmente na Europa. Contudo, por mais que isso seja sabido, o que isso quer dizer ou como influencia a vida das pessoas está sendo descoberto aos poucos. Agora, dois estudos novos quiseram compreender como o DNA neandertal influencia os humanos modernos. O foco do primeiro estudo foi na fisionomia e tamanho do nariz. Enquanto o segundo focou no sistema imunológico.

Quem liderou o estudo foram pesquisadores da University College London (UCL). O trabalho explicou que o formato do nariz está sim relacionado com o DNA neandertal. Isso porque o gene ATF3 tem relação com a regeneração dos tecidos nervosos e também com o desenvolvimento das características da face.

Em outro estudo mais recente liderado por pesquisadores da Universidade Cornell. Ele se baseou nos dados genéticos do UK Biobank e através deles conseguiram informações genéticas e informações de cerca de 300 mil pessoas.

O que eles descobriram foram mais de 235 mil variantes genéticas com uma possível origem neandertal. Dentre essas, aproximadamente 4,3 mil seriam relacionadas com uma série de 47 47 características humanas. Como por exemplo, o metabolismo, desenvolvimento e sistema imunológico.

“Nossas descobertas também podem oferecer novos insights para os biólogos evolucionistas que analisam como esses tipos de eventos podem ter consequências benéficas e prejudiciais”, disse Sriram Sankararaman, um dos autores do trabalho de Cornell.

O máximo de DNA neandertal nos humanos é de 4% e, ao que tudo indica, essa porcentagem pode afetar até mesmo o nascimento das pessoas. O objetivo dos estudos feitos é entender como esse DNA neandertal pode afetar a vida, seja de forma positiva ou negativa. Contudo, antes disso é preciso traçar até onde ele se faz presente na genética atual.

Fonte: Terra,  IGN
Imagens: Terra

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