Quando pensamos em contos de fadas, com certeza imaginamos um mundo fantástico de príncipes e castelos, de uma forma muito parecida com os filmes antigos da Disney. Essas histórias encantam crianças do mundo todo há tempos. E uma coisa que várias delas tem em comum é o seu começo, com o conhecido “era uma vez”.
Mesmo tendo ouvido várias dessas histórias repetidas vezes, muitas pessoas não sabem ou nunca chegaram a se perguntar qual a origem da expressão com a qual os contos de fada começam.
O “era uma vez” indica um tempo propositalmente vago e impreciso, como uma maneira de marcar que aquela história é algo ficcional e convidando quem está lendo ou ouvindo a soltar sua imaginação.
Origem do era uma vez
A primeira vez que essa expressão foi usada, em língua francesa, foi pelo escritor e poeta Charles Perrault no conto Les souhaits ridicules (“Os desejos ridículos”), de 1694. Esse conto foi incluído na obra mais famosa do autor, Histoires ou contes du temps passé, avec des moralités (“Histórias ou contos do tempo passado com moralidades”), conhecidos como Les contes de la mêre l’Oye (“Contos da mamãe Gansa”), na edição de 1871.
Desde então, o termo “era uma vez” e variantes dele, como “houve um tempo”, se tornaram uma fórmula uma chave mágica usada pelos escritores da época e do século seguinte.
Na língua inglesa, a origem da expressão “once upon a time” e suas variantes é do século XIV no poema Sir Ferumbras, da canção de gesta, que é um poema épico medieval francês celebrando os feitos de heróis e escrito para ser declamado, a respeito da época do rei Carlos Magno. A expressão também foi vista no The Canterbury Tales (“Contos da Cantuária”) do escritor e filósofo inglês Geoffrey Chaucer.
Esses registros são indicativos que a expressão existia já desde o ano de 1600 e se consolidou com as narrativas de Perrault, seguido dos irmãos Grimm e de Andersen. Logo elas ficaram populares e foram traduzidas para outros países.
Contos de fadas
Sabendo a origem do era uma vez, é interessante também saber quando os contos de fada se originaram. Isso aconteceu quando Perrault reuniu e deu forma literária a narrativas orais na primeira edição de Contos da mamãe Gansa, de 1697.
As histórias tinham fadas, seres imaginários que normalmente eram mulheres com poderes mágicos e sobrenaturais. Esses contos de fadas expandiram seu alcance para além dos salões parisienses, onde eram lidos como um entretenimento adulto. Depois disso, eles se tornaram, junto com o termo era uma vez, uma característica de histórias para crianças.
Contudo, na visão de outros estudiosos, essa origem é atribuída à poetisa e tradutora francesa Marie de France, em sua obra “Lais”, coletânea de 12 poemas narrativos, escritos entre 1160 e 1215.
Já outros dizem que a expressão “conto de fadas” é da escritora Marie-Catherine Le Jumel de Barneville, Baronesa d’Aulnoy, por ter inaugurado o gênero literário em 1690 na França quando usou a expressão contes de fée, no conto L’Île de la Félicité (“Ilha da felicidade”) contido no romance Histoire d’Hypolite, Comte de Duglas.
Nos anos que se seguiram, cerca de 90 contos de fadas foram publicados por vários escritores e escritoras, como por exemplo, Gabrielle-Suzanne Barbot, na França. Já no fim do século XVII, as publicações desse gênero caíram de forma considerável. Então, Perrault começou a escrever para crianças, dando uma amenizada nas passagens de terror e colocando elementos maravilhosos.
A origem dos contos de fada é antiga e as pessoas nem sempre concordam com a origem de fato. O fato é que o era uma vez e os contos de fadas se tornaram bem mais do que fórmulas clichês com várias versões escritas, orais, cinematográficas e em mídias contemporâneas. E até hoje chamam leitores e ouvintes para serem encantados pelo mundo da imaginação.
Fonte: Galileu
Imagens: Elo7, Spirit fanfics