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As flores estão evoluindo para a autopolinização devido ao declínio de insetos

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De acordo com um estudo publicado na revista New Phytologist, as flores silvestres estão em um processo de evolução para se autopolinizarem com uma frequência maior ao invés de serem dependentes dos insetos polinizadores, que com o passar do tempo estão cada vez mais raros.

Para se ter uma ideia, a maioria das planta floríferas, mais de 80%, são dependentes de insetos como as mariposas ou abelhas para que seu pólen seja transferido e resulte na fertilização das suas sementes, o que é conhecido como polinização. Mesmo assim, o estudo feito pelos pesquisadores do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica (CNRS) e da Universidade de Montpellier, na França, mostrou que determinadas flores nativas que são vistas em áreas de cultivo estão se adaptando para conseguir fazer a polinização sem precisarem de vetores externos. Isso é conhecido como autopolinização.

O foco do estudo foi nas violetas-do-campo atuais comparadas com algumas que foram cultivadas de sementes colhidas entre 1992 e 2001 em uma área rural na região de Paris. O estudo colocou a análise genética das populações, mensurou as características físicas das plantas e fez testes de atração com as abelhas-mamangavas.

Autopolinizando

Socientifica

Os resultados mostraram que as violetas-do-campo atuais tem sua capacidade de autopolinização 27% maior do que as outras, além de também ter uma estrutura menor, produzir menos néctar e ter uma atração menor para as abelhas-mamangavas em comparação com as flores que vieram de sementes antigas. Isso sugere que as plantas estão dando uma resposta significativa para os desafios encontrados hoje em dia na cadeia alimentar global.

No caso, as plantas estão se adaptando ao menor número de insetos e virando autopoliizadoras. Contudo, essa evolução pode ser um agravante para a diminuição dos insetos e criar um ciclo prejudicial. Até porque, os insetos são uma fonte alimentar chave para as aves, anfíbios e outros animais, além de também terem um papel crucial na decomposição de resíduos.

“Este estudo demonstra que os sistemas de acasalamento de plantas podem evoluir rapidamente em populações naturais em face de mudanças ambientais contínuas. A rápida evolução para uma síndrome de autofecundação pode, por sua vez, acelerar ainda mais o declínio dos polinizadores, em um ciclo de feedback eco-evolutivo com implicações mais amplas para os ecossistemas naturais”, escreveram os pesquisadores.

Os insetos polinizadores são essenciais para o cultivo de frutas, e fazer a substituição deles precisaria de esforços científicos bem significativos para mudar as plantas geneticamente. Por conta disso que os insetos são um tesouro vital para o planeta e merecem ser protegidos.

Insetos

Pensamento verde

Dentre os insetos polinizadores, as abelhas são as mais conhecidas. E seu declínio pode ser uma ameaça bem maior do que as pessoas imaginam. Não é de hoje que se escuta que o número de abelhas no mundo está diminuindo de forma considerável. Tanto é que algumas delas estão presentes na lista de espécies ameaçadas de extinção por conta de diferentes fatores além da ação humana. Mesmo assim, a maior parte das pessoas parece não entender o motivo de o sumiço das abelhas ser tão preocupante.

Todos sabem que esses insetos são agentes polinizadores e que por conta disso ajudam várias plantas em sua reprodução. Além disso, as abelhas são a espécie mais importante nesse ponto que é fundamental para o equilíbrio da vida em nosso planeta. Para se ter uma ideia, elas polinizam mais de 70 das 100 plantas que são alimentos para os humanos. Por conta disso, seu impacto é de 90% na produção de comida da Terra.

Claro que elas não são os únicos animais polinizadores. Por mais que pássaros, morcegos e borboletas também espalhem o pólen, com eles isso é feito por acaso. Até porque o pólen gruda neles quando eles ficam mais perto para sugar o néctar. No caso das abelhas, elas precisam do pólen para dar de comida para suas larvas. Por conta disso, elas sempre voam em busca dele e assim acabam o espalhando.

Então, se elas forem extintas, dificuldades drásticas serão vistas na produção de alimentos. E alguns deles chegariam a desaparecer, como por exemplo, cenoura, berinjela, alho, cebola, manga, melão e maçã.

Sem esses insetos  não somente os humanos sofreriam. Vários animais também são dependentes desses vegetais para sua alimentação. Justamente por isso que sem eles, toda a cadeia alimentar seria comprometida. Dentre as consequências, os herbívoros poderiam morrer por não terem comida, o que por sua vez iria afetar também os animais carnívoros.

As consequências não param por aí. Os laticínios e as carnes também teriam sua oferta diminuída. Isso porque, sem as abelhas no mundo, o acesso a alimentos por eles seria menor. Como resultado, o preço das comidas iria subir, o que faria com que menos pessoas pudessem comprá-las. Tudo isso geraria uma crise econômica no setor da produção de alimentos. E sem esses importantes agentes polinizadores no mundo, essa crise seria bem difícil de ser contornada.

Até mesmo as roupas seriam prejudicadas com esse sumiço porque o algodão depende das abelhas para se reproduzir. Assim como os alimentos, as roupas ficariam mais caras. E mesmo que existam tecidos sintéticos, eles não são uma boa ideia para quem mora nos trópicos.

Mesmo com todas essas possíveis consequências, a diminuição do número de abelhas não para. Dentre as razões para isso estão o crescente uso de pesticidas, as mudanças climáticas, e um parasita que mata as abelhas tanto jovens como adultas.

Justamente por ser um motivo real de preocupação e com consequências drásticas, especialistas de vários países se reúnem para discutir formas de tentar evitar que isso se torne uma realidade e conseguir contornar esse problema.

Contudo, as pessoas também podem fazer algumas coisas para ajudar nesse aspecto, como por exemplo, a destruição do habitat das abelhas é um dos grandes vilões, por isso, espaços urbanos poderiam ser construídos para remediar isso. Ilustração disso são jardins, áreas verdes e corredores com plantas e flores ricas em néctar. O melhor de tudo é que esses espaços podem ser pequenos e feitos na esquina de uma rua.

Outra coisa que pode ser feita são lugares para banho de abelhas. Da mesma forma que as pessoas criam lugares para passarinhos irem tomar água e tomar um banho, é possível fazer isso para esses insetos. Para isso é preciso encher um prato raso com água limpa e colocar dentro algumas pedras para que elas consigam sair dali. Esse lugar será ótimo para as abelhas descansarem ou fazerem uma pausa durante a sua polinização.

E claro, apoie o apicultor local. Ele se esforça muito para cuidar das abelhas e mantê-las nutridas e saudáveis. Então, comprando os produtos feitos regionalmente você está o encorajando a continuar esse trabalho que faz bem não só para ele mesmo, mas para todos.

Fonte: Socientifica, Hypeness

Imagens: Socientifica, Pensamento verde

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