A China, famosa por seus grandes projetos de infraestrutura, mais uma vez impressiona o mundo com uma obra colossal para a Rota da Seda.
A construção de uma rodovia de 446 km que corta o deserto de Taklamakan, no centro da Ásia, é um feito notável da engenharia civil e um renascimento da histórica Rota da Seda.
Com um investimento de US$ 600 milhões, a China está indo além dos limites da engenharia moderna. Ela quer conectar regiões afastadas, revitalizar antigas rotas comerciais e melhorar o desenvolvimento econômico de Xinjiang.
No entanto, essa grande obra também suscita preocupações ambientais e sociais, como a fragmentação de habitats e o possível deslocamento de comunidades locais.
A rodovia, que ressuscita a antiga Rota da Seda, posiciona a China de forma estratégica, fortalecendo suas relações comerciais e políticas com nações da Ásia e Europa.
Qual foi a origem da necessidade de uma rodovia de 446 km no deserto de Tarim?
Deserto
Raramente se ouve falar do deserto de Taklamakan fora da China. Esse deserto abriga uma reserva de petróleo capaz de abastecer a China inteira sem depender de recursos externos.
O maior deserto do mundo está situado na parte Oeste da China, na região conhecida como Xinjiang. Por muito tempo, Taklamakan era um problema para a China: valioso demais para se descartar e difícil de lidar.
A situação mudou nos anos 90, quando foi descoberta uma grande reserva de petróleo no deserto. Deng Xiaoping, ex-presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, reconheceu o potencial da região e decidiu explorar ao máximo seus recursos.
Em 1992, deu início à construção de uma estrada de 446 km no deserto de Tarim. Um projeto foi elaborado para conectar por estrada os estados de Lintai e Nia, ao norte e ao sul, respectivamente.
Para acessar as vastas reservas de petróleo, foram construídos ramais nesse imenso campo petrolífero, semelhantes aos ramos de uma árvore.
O comprimento total da estrada ultrapassou os 550 km e muitos especialistas do ocidente consideraram o projeto ousado, extremamente caro e sem sentido.
Principal objetivo
A edificação desta estrada está em sintonia com a ambiciosa Iniciativa Cinturão e Rota da Seda na China, que busca unir a Ásia à Europa e África por meio de uma rede de infraestrutura.
Ao cruzar o deserto de Taklamakan, a nova via abre caminhos comerciais inéditos e reforça a posição estratégica da China na área.
Além disso, o projeto visa estimular o crescimento econômico da região de Xinjiang, abundante em recursos naturais, porém historicamente isolada.
Realmente, Taklamakan é uma região totalmente desabitada, sem qualquer estrutura. Ao contrário do Saara e dos desertos da península arábica, que são predominantemente pedregosos, o deserto na China consiste em um vasto mar de areia com dunas que chegam a mais de 20 metros de altura.
Assim, essas dunas poderiam facilmente cobrir as estradas e invalidar todo o esforço realizado. No entanto, em 1995, concluíram a construção da estrada de 446 km no deserto de Tarim.
Dentro dessa estrada, onde a presença humana era praticamente inexistente por séculos, foram erguidas pequenas cidades. Nesses locais, os motoristas podem abastecer, descansar, entrar em contato com suas famílias por telefone e, mais recentemente, até mesmo acessar a internet.
A rodovia de 446 quilômetros no deserto de Tarim ganhou destaque global. Com o objetivo de facilitar o transporte de engenheiros e trabalhadores até o local onde o petróleo estava localizado, a China iniciou a extração de petróleo nessa região, alcançando rapidamente um feito impressionante.
No entanto, os desafios da China com a rodovia no deserto de Tarim não terminavam por aí.
Desafios que a China enfreta
Depois de um período, a estrada ficou completamente cheia de areia, exigindo um grande investimento de tempo para removê-la. A construção de 1 quilômetro da pista custava 14 bilhões de dólares e a manutenção periódica aumentaria ainda mais os gastos.
Para combater a ameaça de afundamento da estrada devido à onda de terra, os engenheiros consideraram diferentes soluções, incluindo a construção de uma sarjeta ou barreira.
Embora a China tenha construído a famosa Muralha da China, replicar algo semelhante exigiria recursos significativos.
Felizmente, a natureza ofereceu uma solução inesperada. Apesar da aridez do deserto de Taklamakan, descobriu-se água subterrânea. Dessa forma, possibilita uma solução mais simples e esteticamente agradável: o cultivo de plantas ao redor da pista. Assim, foi possível evitar a invasão de areia na estrada e continuar com esse ambicioso projeto da Rota da Seda.
Fonte: Click Petróleo e Gás
Imagens: PxHere, China Daily