Droga pode ter vários significados, e em seu sentido original o termo abrange uma grande quantidade de substâncias desde o carvão à aspirina. Mas, geralmente, a palavra é usada para se referir às substâncias psicoativas, ou seja, drogas ilícitas. As drogas têm o efeito de alterar o estado de consciência de uma pessoa e várias vezes são pensadas como possíveis tratamentos para algumas doenças.
Por isso, pesquisadores do Reino Unido propuseram uma ideia bastante radical para diminuir a taxa de suicídio. Eles queriam incluir o medicamento psicoativo lítio, que é um estabilizador de humor, na água potável da população.
A priori essa ideia pode parecer bem radical. Mas segundo a Vice, ela tem ganhado força entre os cientistas. Até porque a água potável tem, naturalmente, traços de lítio. E de acordo com um novo estudo, publicado na revista “British Journal of Psychiatry”, foi descoberta uma ligação entre a ocorrência natural de lítio na água potável e taxas menores de suicídio.
Esse estudo foi resultado de uma meta-análise de 30 anos de pesquisas, a respeito das concentrações de lítio na água potável e a saúde mental das comunidades.
“É promissor que níveis mais altos de traços de lítio na água potável possam exercer um efeito anti-suicida e ter o potencial de melhorar a saúde mental da comunidade”, disse Anjum Memon, o autor principal e coordenador de epidemiologia na Brighton and Sussex Medical School.
Por conta disso é que o estudo sugere que a medicação seja adicionada na água potável de comunidades que têm um alto risco para que vidas possam ser salvas.
“Nestes tempos sem precedentes da pandemia de COVID-19 e o consequente aumento da incidência de problemas da saúde mental, acessar maneiras de melhorar a saúde mental da comunidade e reduzir a incidência de ansiedade, depressão e suicídio é cada vez mais importante”, ressalta.
O pensamento “fora da caixa” dos cientistas não pode ser atacado. Até porque as estimativas indicam que 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos. A nível mundial, essa é a segunda causa mais comum de morte entre jovens entre 15 e 29 anos. E o isolamento durante a pandemia pode piorar essa tendência.
Essa tese pode parecer uma coisa saída de um filme de ficção científica, e testar essa hipótese também é bastante complicado por conta de todas as implicações éticas. Os pesquisadores sugerem fazer “testes comunitários randomizados” que colocariam o medicamento na água potável sem a população saber em lugares que tem altas taxas de suicídio e distúrbios mentais.
Essa é uma proposta ousada e difícil de ser realidade. Um outro problema enfrentado pelos pesquisadores é que eles não estão certos de qual seria a melhor concentração de lítio colocada na água para que os efeitos sejam vistos nessa proteção contra o suicídio na população.