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Como a neve matou pessoas no Paquistão?

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Uma nevasca ocorrida no norte do Paquistão no dia 8 de janeiro deste ano deixou 22 pessoas mortas, incluindo 10 crianças, congeladas. Os turistas faleceram porque decidiram se deslocar até uma estrada para ver a rara tempestade de neve, que continuou a cair e impediu que eles retornassem a seus locais de origem. Muitos morreram congelados dentro dos carros, enquanto outros vieram a óbito por inalação de monóxido de carbono.

Como as mortes aconteceram?

Diversos turistas ficaram interessados em ver a forte nevasca que o Instituto de Meteorologia local anunciou para os primeiros dias de janeiro em Murree, norte do Paquistão, próximo à capital Islamabad. Os interessados em assistir ao fenômeno formaram grandes filas nas estradas de Murree. Isso fez com que houvesse engarrafamento e, como a neve continuou a cair, não havia como retirar os carros dali.

O número de pessoas interessadas em observar a neve foi realmente grande: cerca de 100 mil carros se deslocaram até o local. Várias pessoas morreram congeladas dentro dos seus carros, ou seja, morreram por hipotermia, que é a perda de calor corporal.

AFP

Entre os casos está o de um policial de Islamabad que morreu juntamente com outros sete membros de sua família, segundo a agência Associated Press. As equipes de salvamento resgataram turistas de pelo menos 24 mil veículos presos na neve. Todos receberam cobertores e comida e não correm perigo.

Até o momento, não há novas informações a respeito das mortes por conta da hipotermia. No entanto, as pessoas que faleceram por essa condição podem ter tido, além do congelamento, dificuldade respiratória, parada cardiorrespiratória. Isso porque, quando alguém passa por um processo de hipotermia, pequenos sintomas são sentidos pelo corpo até que consequências graves aconteçam se o indivíduo não for aquecido.

Os sintomas associados à hipotermia são a dificuldade em falar e engolir, respiração lenta, pulso arterial fraco, perda de coordenação, tontura, ruborização da pele e desmaios. Muitas pessoas que passam por esse problema não notam os primeiros sinais e, quando percebem, já estão em um estado avançado, com mãos e pés iniciando o processo de congelamento. 

Uma outra possibilidade para a morte dos turistas é o envenenamento por monóxido de carbono (CO). Isso se deu porque, como forma de manter o calor dentro dos veículos, alguns motoristas deixaram o motor ligado para que o aquecedor funcionasse.

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EPA

Segundo o chefe de doenças infecciosas da Universidade de Maryland, Faheem Yonus, “o CO é inodoro, letal, se um carro parado for enterrado na neve, o escapamento bloqueado pode matar rapidamente os passageiros ao respirarem CO”. A afirmativa foi feita através do Twitter.

Medidas governamentais

O governo declarou estado de calamidade na cidade. Exército e forças paramilitares foram solicitados para ajudar nas operações de resgate. As autoridades forneceram alojamento em escolas e prédios administrativos para aqueles que conseguiram sair das estradas engarrafadas.

“Pela primeira vez em 15 a 20 anos, esse grande número de turistas lotou Murree, o que criou uma grande crise”, disse o ministro do Interior do Paquistão, Sheikh Rashid Ahmed, em uma mensagem de vídeo. Já o primeiro-ministro Imran Khan afirmou que ficou em choque com as “mortes trágicas” dos turistas. “Ordenamos a investigação e estabelecemos regras rígidas para garantir a prevenção de tais tragédias”, publicou Khan no Twitter.

Como os turistas estavam em uma região montanhosa, o resgate se tornou ainda mais complicado. A cidade de Murree fica a 2.300 metros de altura e, como a tempestade de neve derrubou diversas árvores, diversas estradas estavam bloqueadas. Além disso, pelo caminho haviam mais de mil veículos abandonados, que também serviram como bloqueio da região.

G1

O primeiro-ministro Imran Khan disse estar comovido com a tragédia, mas indicou que a nevasca sem precedentes e o engarrafamento pegaram as autoridades do distrito “desprevenidas”. O porta-voz do governo provincial de Punjab, Hasaan Khawar, prometeu que vai realizar uma investigação do ocorrido. “Se houver qualquer tipo de negligência, tomaremos ações contra quem estiver envolvido”, afirmou o porta-voz.

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