Curiosidades

DNA coletado no ‘lago dos esqueletos’ intriga cientistas

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O ácido desoxirribonucleico, ou DNA, é o grande elemento que une as várias pontas da existência. Ele é um composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéticas, que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos e de alguns vírus. Além disso, transmite as características hereditárias de cada ser vivo. Resumindo, o DNA é a matéria que nos torna o que nós somos.

Geralmente, ele é uma mistura do DNA da mãe e do pai. Mas ele pode ter algumas peculiaridades que deixam os pesquisadores intrigados. Esse foi o caso que aconteceu no chamado Lago Roopkund, que também é conhecido com lago dos esqueletos.

Esse lago fica no Himalaia indiano e atiça a curiosidade dos cientistas há tempos. E como ele é, assim como o próprio nome dá a entender, cercado por esqueletos, o local é um objeto de estudo constante.

DNA

BBC

Tanto é que, recentemente, uma equipe de pesquisadores foi para um novo caminho quando coletaram amostras de DNA de 38 esqueletos. Com isso, eles descobriram coisas reveladoras que aumentam as fronteiras do entendimento humano a respeito do lago e da sua história.

De acordo com os resultados dessas amostras de DNA, foi visto um quadro surpreendente de diversidade de origens das pessoas que tiveram o lago como seu último destino.

A maior parte dos esqueletos são de origem indiana. Contudo, 14 deles são do Mediterrâneo Oriental e um único esqueleto é de um viajante do Sudeste Asiático. Isso faz com que a história do lago fique mais complexa.

Visto isso, os pesquisadores usaram a análise biomolecular, que inclui o DNA antigo, reconstrução alimentar através de isótopos estáveis e datação por radiocarbono e entenderam mais detalhes a respeito da vida dessas pessoas que vieram do Mediterrâneo Oriental.

Lago dos esqueletos

National geographic

Segundo David Reich, professor da Escola de Medicina de Harvard, essa natureza fora do comum do perfil ancestral desses esqueletos com relação à região traz questões interessantes a respeito da vida e morte deles em um período relativamente recente: algumas centenas de anos atrás.

Essas descobertas trazem uma janela de complexidade na história do lago e desafia as previsões anteriores feitas pelos pesquisadores. Uma dessas coisas que lança um novo olhar é justamente esses migrantes do Mediterrâneo Oriental que têm origens genéticas bem diferentes das populações atuais da região.

Dentre as perguntas, o que mais intriga é como eles foram até o Himalaia Indiano e o que teria levado a um encontro fatal. Justamente por isso que o lago dos esqueletos é bem mais do que um enigma geográfico. Ele é também uma espécie de portal para histórias entrelaçadas de vidas perdidas.

História

Manoel Guimarães

O DNA é capaz de revelar partes da história que antes eram desconhecidas, como por exemplo, essa análise dos genomas do mais famoso dos humanos antigos, que são os neandertais e os denisovanos, que revelou um ancestral da nossa espécies que ainda não foi identificado. Esse é um ramo distante à nossa árvore genealógica, que não tem nenhum rótulo conhecido para colocar nele.

Além disso, o estudo encontrou também mais evidências de cruzamento entre os humanos e os neandertais, e coloca esse cruzamento acontecendo muito antes do que era imaginado, entre 200 e 300 mil anos atrás. Esse cruzamento adicionaria uma nova visão sobre a história do nosso surgimento como espécie, e da migração para fora da África.

Existe uma possibilidade desse ancestral desconhecido ser, na verdade, o Homo erectus. Que é um ancestral humano bem antigo que foi dado como morto há mais de 100 mil anos. Mas essa certeza ainda não existe porque nenhum DNA de Homo erectus foi encontrado.

“O que acho empolgante sobre este trabalho é que ele demonstra o que você pode aprender sobre a história humana profunda. Reconstruindo em conjunto a história evolutiva completa de uma coleção de sequências de humanos modernos e hominíneos arcaicos”, disse o biólogo computacional Adam Siepel, do Laboratório Cold Spring Harbor, em Nova York.

A equipe usou um algoritmo bayesiano para conseguir se aprofundar nos padrões dos genomas, em específico, no DNA de dois neandertais antigos, que era um denisovano e dois humanos africanos modernos. O modelo então combina a mistura de DNA com determinados períodos de tempo.

O algoritmo buscou eventos de recombinação, em que dois conjuntos de cromossomos são misturados. Isso deu aos cientistas a possibilidade de voltar muito no tempo na história do cruzamento das espécies. E aproximadamente 1% do DNA denisovano é de origem desconhecida.

“Este novo algoritmo desenvolvido pela Melissa Hubisz, da Cornell University, o ARGweaver-D, é capaz de retroceder mais no tempo do que qualquer outro método computacional que já vi. Parece ser especialmente poderoso para detectar introgressões antigas”, disse Siepel.

Segundo o estudo, aproximadamente 15% dessas regiões misteriosas “super arcaicas” do DNA encontradas no genoma denisovano ainda circulam nos humanos de hoje em dia.

Além disso, o estudo descobriu que entre três e sete por cento do DNA neandertal é influenciado pelo antigo Homo sapiens, outra coisa que mostra a quantidade de cruzamentos que estava acontecendo ao longo dos séculos. Tudo isso muito antes da grande migração em massa dos ancestrais humanos modernos para fora da África.

“Esta linha do tempo parece ser inconsistente com uma troca genética envolvendo os ancestrais diretos da maioria dos eurasianos atuais, que migraram para fora da África 50.000 anos atrás. Em vez disso, nossa linha do tempo sugere uma migração anterior, ocorrendo pelo menos 200.000 anos atrás. Notavelmente, as linhas ortogonais de evidência agora apoiam a possibilidade de uma ou mais dessas migrações iniciais para fora da África”, escreveram os autores.

Fonte: Multiverso notícias

Imagens: BBC, National geographic, Manoel Guimarães

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