Será que existem um planeta de estrelas? O Universo é um grande mistério e cientistas estão sendo tentando entender o que é possível.
As estrelas são corpos celestes compostos principalmente por hidrogênio, com quantidades significativas de hélio e uma pequena proporção de outros elementos químicos, que possuem massa que permite que seus núcleos alcancem temperaturas acima de 4 milhões de graus Celsius.
Esse valor é adequado para iniciar a fusão nuclear de átomos mais leves em elementos mais pesados.
Já os planetas – como os presentes em nosso próprio Sistema Solar – podem ser sólidos ou gasosos, mas não possuem massa necessária para alcançar temperaturas suficientes em seus núcleos para iniciar reações de fusão nuclear.
Se a quantidade de massa é crucial para desencadear reações nucleares, seria viável remover massa de uma estrela para interromper esse processo e resfriá-la a ponto de se tornar um planeta?
À primeira vista, essa ideia pode parecer altamente improvável, uma vez que poucas coisas têm a capacidade de retirar uma quantidade tão significativa de massa de um objeto tão denso quanto uma estrela.
No entanto, o Universo possui um mecanismo para realizar essa tarefa e já testemunhamos alguns casos em que esse fenômeno ocorreu.
Planeta de estrelas
Quando ocorre a formação das estrelas, o processo não resulta apenas em sistemas solares como o nosso, nos quais uma estrela central se cerca por corpos menores como planetas, luas, asteróides e outros.
Na verdade, alguns sistemas solares se formam com características semelhantes aos nossos, mas esses representam apenas cerca de metade de todas as estrelas que se formam no Universo.
A outra metade se associa a sistemas multiestelares: binários, trinários e sistemas múltiplos com um número ainda maior de estrelas.
De maneira geral, em relação à evolução estelar, os sistemas com estrelas solitárias seguem padrões previsíveis e se comportam de acordo com os modelos teóricos: a estrela central inicia a fusão nuclear do hidrogênio em seu núcleo e continuará até que o combustível se esgote.
Nesse momento, a taxa de fusão diminui e a pressão da radiação externa não consegue mais sustentar o núcleo da estrela contra a gravidade.
Sequência
O que ocorre em seguida são uma série de eventos significativos. Internamente, o núcleo começa a se contrair à medida que a força gravitacional interna supera a pressão da radiação externa.
Por exemplo, uma bola em queda gera conversão de energia potencial gravitacional em energia cinética. O mesmo acontece na contração do núcleo estelar, que converte energia potencial gravitacional em energia cinética.
Assim, as colisões entre partículas no núcleo transformam rapidamente essa energia cinética em calor.
À medida que o centro se contrai, no entanto, ele também se aquece. Esse calor se propaga para fora da estrela e causa a expansão das regiões internas (onde ocorre a fusão).
Enquanto o núcleo, agora composto principalmente por hélio, se contrai e se aquece, uma fina camada de hidrogênio em forma de casca ao redor começa a fundir em hélio, adicionando mais calor à estrela.
As camadas mais externas, por outro lado, começam a se expandir e a inchar. Com o passar do tempo, a estrela se tornará uma subgigante, enquanto o núcleo interno se torna mais quente.
Eventualmente, o núcleo interno atinge uma temperatura suficientemente alta para que o hélio comece a fundir em carbono. Isso ao mesmo tempo em que as camadas externas se tornam tão difusas que a estrela evolui para uma gigante vermelha.
É comum?
Todas as estrelas únicas que possuem mais de 40% da massa do Sol têm um destino semelhante.
O que ocorre em seguida depende da quantidade dessa massa: estrelas com menos de 8 vezes a massa solar eventualmente expulsarão suas camadas externas, enquanto seus núcleos se contraem e se tornam anãs brancas.
Já as estrelas com mais massa passarão por reações de fusão adicionais, resultando em uma supernova cataclísmica.
O resultado final será um remanescente estelar menos massivo, porém mais denso e concentrado do que a estrela original.
Caso esse resquício esteja em um sistema binário, ele pode “devorar” sua estrela companheira, recebendo uma quantidade de massa o bastante para que a estrela doadora perca sua condição de estrela. Ou seja, seria o primeiro passo para um planeta de estrelas.
No cosmos, a transição de uma estrela, cuja fusão nuclear era sua característica principal, para um objeto sem massa o bastante para iniciar e manter a fusão é um evento marcante.
Entre os mais de 5 mil exoplanetas encontrados, há 3 ex-estrelas na relação: ASASSN-16kr, ASASSN-17jf e SSSJ0522-3505.
Esses são corpos cujas camadas externas foram arrancadas e roubadas por um remanescente estelar próximo.
Todos os três tipos de planeta de estrelas são consideravelmente mais massivos que Júpiter e formam o primeiro grupo conhecido de estrelas que perderam massa o suficiente para serem rebaixadas à categoria planetária.
Em outras palavras, no Universo tudo é possível, e certamente nada se perde, tudo se transforma.
Fonte: Tecmundo