Curiosidades

Existem plantas que ‘sangram’ para se defender, entenda o mecanismo

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As plantas são a espinha dorsal de toda a vida na Terra, sendo essencial para o bem-estar do ser humano. Elas fornecem alimentos para quase todos os organismos terrestres, mantêm a atmosfera, produzem oxigênio e absorvem dióxido de carbono durante a fotossíntese.

Além disso, elas também são seres vivos. Então não seria tão estranho pensar que elas “sangram” não é mesmo? Nas plantas vasculares, a seiva é como se fosse o sangue nos animais. Ele circula por toda a estrutura e alimenta as células. E uma planta em específico, a Solanum dulcamara, que é uma espécie de videira de batata, tem um truque que impressiona.

Essa planta usa sua própria seiva, que vai escorrendo dos ferimentos que os insetos  fizeram, para chamar ajuda contra esses predadores. Da mesma forma que os animais, as plantas também fecham seus ferimentos para evitar infecções e a morte. Contudo, de acordo com um estudo feito pela Universidade Livre de Berlim, na Alemanha, essa espécie em específico parece não ter muita pressa.

“Sangrando”

Identificación de Plantas

Isso porque, ao invés de criar uma cicatriz em suas feridas, ela “sangra” onde está sendo atacada para que as formigas sejam atraídas. Assim, elas irão ajudar a planta a se livrar dos insetos que a estão machucando.

O estudo viu que, quando as formigas receberam o néctar de recompensa, elas defenderam a planta contra as larvas de pulgas e lesmas adultas. Mesmo que elas não ataquem os besouros adultos, as formigas atacam as larvas dele que podem acabar se alimentando dentro dos brotos e serem prejudiciais para a planta.

Pode parecer uma coisa rara, mas aproximadamente quatro mil plantas tem nectários extraflorais, que são glândulas de açúcar fora das flores, para atrair as formigas.

“As formigas sobem para coletar as gotas de açúcar e, como formigas de dieta mista precisam de proteínas, elas atacam os herbívoros que estão comendo as folhas e os levam para o formigueiro. É uma troca de favores”, explicou o professor Paulo Oliveira, do Instituto de Biologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

No caso da Solanum dulcamara, ela não tem essa glândula, então ela usa o lugar do ferimento como forma de se defender. Ainda conforme o estudo, existe uma variação no açúcar da seiva e um controle na quantidade do líquido. Isso deixa claro que é a planta que define quanto tempo ela precisa da ajuda das formigas. O tempo varia conforme a ameaça, a eficácia das formigas e a quantidade de energia para pagar o favor prestado.

Plantas

Metrópoles

Como dito, elas são seres vivos, por conta disso as plantas se comunicam com a natureza através de sons. Como elas fazem isso? De acordo com uma pesquisa da Universidade de Tel Aviv, os pés de tabaco e de tomate conseguem emitir frequências supersônicas para dizer que estão estressados.

Os sons de estresse dessas plantas costumam ser emitidos quando elas estão com falta de água ou então estão com excesso de luz. Os humanos não conseguem escutar esses gritos das plantas, já que a frequência desses sons ultrapassa a capacidade sonora que nós podemos escutar. Mas alguns animais e outras plantas conseguem ouvi-las.

“Nossos resultados sugerem que animais e possivelmente até outras plantas poderiam usar estes sons para obter informações sobre a condição de uma planta. Muitas traças são capazes de ouvir e reagir a sinais ultrassônicos nas frequências e intensidades que registramos, e algumas delas usam tomateiros e pés de tabaco com hospedeiros para suas larvas. Elas podem se beneficiar disso ao evitar colocar ovos em uma planta que emite estes sons”, escreveram os pesquisadores.

Para saber mais sobre esse grito de socorro das plantas, os pesquisadores fizeram seu estudo dentro de estufas. Nelas, as plantas foram divididas em dois grupos. Um receberia tratamentos adequados e condições ideais de temperatura e luz. Já o outro grupo receberia altos níveis de estresse tendo menos água e luz.

Para conseguir ouvir o grito das plantas, os pesquisadores usaram microfones com captação de frequências entre 20 khZ e 150 khZ. Conforme o estudo foi se desenrolando, os resultados curiosos começaram a aparecer.

Como resultado, os pesquisadores viram que as plantas do primeiro grupo emitiam ondas de alta frequência uma vez por hora. Já as do segundo grupo, vivendo em uma situação de estresse, gritavam constantemente. O chamado de socorro dessas plantas era feito por tempo indeterminado, mas não podia ser ouvido por humanos.

O que os pesquisadores acreditam é que as plantas, provavelmente, emitem esses sons através de um processo chamado cativação. O processo acontece principalmente nos períodos de seca ou quando as plantas sofrem algum ferimento. Visto que, quando isso acontece, elas geralmente desenvolvem bolhas que explodem no xilema, que é o tecido vegetal responsável por transportar água e outros minerais.

Por conta dessa explosão, uma vibração nos vegetais é causada. Então, é ela que acaba sendo interpretada por nós como um “grito”. Além disso, o estudo  mostrou que as plantas emitem diferentes tipos de ruído para os vários tipos de estresse que elas podem sofrer. Se os humanos pudessem ouvi-las isso seria de grande ajuda para os cultivadores e também para os cientistas que as estudam.

Os pesquisadores da Universidade de Tel Aviv dizem em seu estudo que essas descobertas podem mudar a forma como se pensa no reino vegetal. Até porque, as plantas eram consideradas seres silenciosos até as observações feitas pelo estudo.

Dessa forma, a interpretação dos ruídos feitos pelas plantas tem a possibilidade de facilitar a qualidade da irrigação delas e dar um novo tipo de indicador para a saúde delas.

A possibilidade dessa descoberta não para por aí. Elas também podem ser úteis para diminuir o consumo de água e aprimorar o controle de luz nas fazendas e no campo, o que por sua vez pode fazer com que as novas tecnologias pensadas para as plantas levem em consideração o que as próprias querem e mostrem aos produtores rurais uma nova realidade.

Fonte: UOL, Hypeness

Imagens: Identificación de Plantas, Metrópoles

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