Extinção de espécie de cangurus, há 40 mil anos, foi causada por ação humana

Avatar for Bruno DiasBruno DiasCuriosidadesjaneiro 21, 2025

Quando se fala em extinção em massa, logo nos vem à cabeça uma situação caótica e apocalíptica. Contudo, ela pode acontecer de maneira gradual e quase imperceptível. É justamente isso que a atividade humana está fazendo com várias espécies de plantas e animais. Infelizmente, isso não é algo novo, como por exemplo, há 40 mil anos, a extinção de uma espécie de cangurus que foi causada por ação humana.

Hoje em dia, a Austrália é o lar de aproximadamente 60 espécies de cangurus, wallabies e outros marsupiais saltadores. Esse número já impressiona, mas no passado a diversidade era ainda maior. Tanto que, conforme os registros, existia até 50% mais variedade de animais.

Contudo, isso mudou de forma drástica no fim do Pleistoceno, entre 65 e 40 mil anos atrás. Nessa época, 27 espécies de cangurus desapareceram e tal desaparecimento era creditado, principalmente, às mudanças climáticas do período, afinal, a mudança para um clima mais seco mudaria a disponibilidade de alimentos e favoreceria os ambientes com gramíneas ao invés das florestas densas e úmidas.

Entretanto, um novo estudo feito pelos pesquisadores da Universidade Flinders, em Adelaide, e do Museu e Galeria de Arte do Território do Norte, em Darwin, mudou essa ideia. Conforme ele, a dieta dos cangurus do Pleistoceno era bem mais variada do que o imaginado anteriormente.

O estudo sugere que a extinção de uma espécie de cangurus foi causada por ação humana e não pelas mudanças climáticas e ofertas de alimentos. “Nosso estudo desafia a ideia de que os cangurus de focinho curto [subfamília Sthenurinae] eram herbívoros especializados em folhagem, ou seja, que sua dieta era composta principalmente de folhas e galhos em vez de gramíneas ou, mais importante, uma mistura de ambos”, disse Sam Arman, autor principal do estudo e técnico em ciências da Terra no Museu do Território do Norte.

Para o estudo, Arman e sua equipe analisaram mais de 2.650 scans de material dentário de  937 espécimes de 12 espécies fósseis e 16 atuais. Através da técnica chamada DMTA, que é uma análise da textura de microdesgaste dentária, eles conseguiram imagens detalhadas dos dentes e com isso aplicaram um algoritmo que quantificava as texturas resultantes.

Extinção de cangurus por ação humana

Aventuras na história

Tendo por base a ideia de que variedades de alimentos causam marcas diferentes nos dentes, os pesquisadores fizeram uma análise estatística para conseguir identificar se os padrões vistos eram correspondentes a um dos três tipos conhecidos de dieta entre os cangurus. Os animais eram diferenciados por suas dietas: pastadores, os que consomem gramíneas; “browsers”, (que se alimentam principalmente de folhas; e mistos que combinam os dois tipos.

Segundo a morfologia craniana das espécies de cangurus extintas, o indicado era uma dieta predominantemente composta por folhas suculentas, o que é diferente da pastadora vista nas espécies atuais. Por conta disso que vários estudos anteriores diziam que a extinção de uma espécie de cangurus tinha sido causada pelas mudanças climáticas e não por ação humana.

De acordo com Arman, o que diferencia o seu estudo dos demais é a análise que foi feita do microdesgaste dentário, porque ela dá informações diretas a respeito da dieta que os cangurus consumiam. “A anatomia craniana pode sugerir adaptações alimentares, mas nosso método revela o que realmente era consumido”, explicou ele.

Entre as várias espécies que a Austrália perdeu, há cerca de 40 mil anos, está o Protemnodon mamkurra, um canguru pré-histórico que podia pesar até 170 quilos e não saltava como os atuais. Além dele, também tinham as espécies Sthenurus andersoni e Sthenurus maddocki, que eram conhecidas por causa do seu tamanho de até três metros e dieta de folhas suculentas.

Conforme concluiu Arman, a extinção dessas espécies não foi somente às mudanças climáticas. “Como as gramíneas favorecem condições mais secas e a vegetação arbustiva prefere condições mais úmidas, é ainda menos provável que as mudanças climáticas tenham sido responsáveis por eliminar ambos os extremos do espectro alimentar. Como sabemos, a janela de extinção inclui a chegada dos humanos na Austrália e isso, certamente, influenciou o desaparecimento”, disse.

Fonte: Aventuras na história 

Imagens: Aventuras na história 

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