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Idiomas podem interferir na percepção de tempo e espaço. Saiba como

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Segundo relatos bíblicos, um dia, os homens já falaram todos um mesmo idioma. Até que, certo dia, enquanto construíam a lendária Torre de Babel de forma extremamente ambiciosa, Deus confundiu seus idiomas e estes acabaram se espalhando. Por mais que essa não seja uma explicação científica para a pluralidade de idiomas, é algo bem aceito por diversas crenças e religiões do mundo.

Ao longo da história, os idiomas sempre estiveram presentes na humanidade. De fato, esse foi um dos principais fatores para nossa civilização. E com uma pluralidade tão grande no mundo não é de se espantar que eles tenham uma importância para além da comunicação.

Por exemplo, vários estudos já defenderam que as línguas que as pessoas falam podem influenciar de forma direta na percepção delas a respeito do tempo e espaço. Segundo os pesquisadores, pensar na escrita da esquerda para direita ou da direita para esquerda pode sim ter uma influência na maneira como as pessoas veem o tempo e o espaço.

Outro ponto dito por eles é que a linguagem pode limitar essa percepção. Até porque, na maior parte dos idiomas, o passado é apresentado como alguma coisa que já passou e não pode ser mudada. Enquanto que o futuro é algo que ainda virá e está sendo construído.

Contudo, no caso do povo indígena aimará, que vive em regiões do Peru, Bolívia, Argentina e Chile, o passado está na frente e o futuro está atrás. Enquanto que no idioma falado por Pormpuraaw, uma remota comunidade aborígene da Austrália, não usa os termos “esquerda” ou “direita”, mas sim “leste” ou “oeste”.

Isso acontece porque na visão deles, o tempo caminha da esquerda para direita quando a pessoa está voltada para o sul, e da direita para a esquerda quando se está voltado para o norte. E na direção do corpo quando a pessoa está voltada para leste, e para longe do corpo quando ela está voltada para o oeste.

Falar mais idiomas muda percepção

Guia da carreira

Outro ponto visto por linguistas em 2017 foi que, as pessoas bilíngues podem pensar a respeito do tempo de forma diferente conforme o idioma que elas estão empregando.

Isso acontece porque idiomas como o inglês tendem a usar distâncias físicas na explicação da duração dos eventos, já outros como o grego medem o tempo se referindo a quantidades físicas. Por conta disso, o fluxo do tempo é percebido como se fosse um volume crescente e não como uma distância percorrida.

E no caso de uma pessoa falar inglês e grego, ela iria mudar sua forma de explicação do movimento do tempo dependendo da língua em que ela fosse usar.

Segundo a teoria dos especialistas, aprender um novo idioma faz com que a pessoa se sintonize com dimensões perceptivas das quais não tinha consciência antes. Até porque, a linguagem pode se infiltrar facilmente nas emoções, percepções visuais, senso de tempo e sentidos mais básicos.

Outros fatores

Meu cérebro

Além disso, a percepção do tempo de uma pessoa pode mudar por conta de outros fatores. De acordo com um estudo publicado na Nature Reviews Neuroscience, aqueles que estão sempre atrasados enxergam o tempo de forma diferente.

Quem processa alguns aspectos do tempo é o hipocampo. Os neurônios presentes nessa região ajudam na percepção e memória de eventos. Na visão dos especialistas, as pessoas fazem estimativas baseadas em quanto tempo acham que levou para acabar a mesma tarefa no passado, contudo, as memórias e percepções nem sempre são precisas.

Esse ano, um outro artigo da Nature Neuroscience deu mais teorias sobre como o cérebro processa a passagem do tempo. Segundo ele, essa percepção é flexível e descentralizada. Assim, o cérebro iria manter o tempo dependendo de padrões regulares de atividade que são desenvolvidas em grupos neurais de acordo com o que as pessoas se comportam.

Quantidade

UFV

Sabendo que a língua falada pode interferir na percepção do espaço e tempo, você já se perguntou quantos idiomas existem no total?

O número total de línguas está sempre em mudança. Até porque se aprende mais sobre os idiomas do mundo todos os dias. Além disso, as próprias línguas estão sempre em fluxo porque são vivas e dinâmicas e moldadas pelas comunidades, que também se moldam pelo mundo sempre em constante e rápida mudança.

No entanto, atualmente, o número oficial de idiomas no mundo é de 7.151 línguas faladas. Mas esse momento é frágil porque aproximadamente 40% dos idiomas estão ameaçados de extinção. Tendo muitos deles menos de mil falantes vivos. Em contrapartida, somente 23 línguas representam mais da metade da população mundial.

O idioma mais falado no mundo é o inglês, se o que for levado em consideração for nativos e não nativos. Agora, se for contado somente os nativos, o chinês mandarim é o maior idioma. Isso acontece por conta da população significativamente grande da China.

Agora, quando se leva em consideração os falantes de segunda, terceira ou mais línguas, o inglês é o maior idioma do mundo. Isso acontece primeiro por conta da influência colonial do Império Britânico, e depois à disseminação da cultura americana.

Fonte: Olhar digital, Ethnologue

Imagens: Guia da carreira, Meu cérebro, UFV

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