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‘Marmitagate’: entenda como e por que surgiu o termo

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Praticamente todo mundo sabe o que é uma marmita, que é quando a refeição vem montada em uma embalagem para viagem. Contudo, recentemente um termo estranho para muitos viralizou na internet, o “marmitagate”.

O termo foi criado depois que suspeitas foram levantadas a respeito da existência de um projeto social que funcionava por meio de doações em dinheiro em Blumenau.

De acordo com Ricardo Bruno Boff, professor e mestre em Relações Internacionais pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o marmitagate foi um dos assuntos mais comentados no Twitter nos últimos dias.

O sufixo “gate” do termo faz referência ao escândalo que aconteceu nos EUA na década de 1970 e fez explodir a administração do presidente norte-americano Richard Nixon, em 1974. Até hoje o sufixo é usado em casos de corrupção de grande repercussão.

O professor explica que, na época do escândalo nos EUA, um suposto roubo ao edifício Watergate, em Washington, acabou trazendo à tona toda uma rede de espionagem que funcionava na Casa Branca.

“Investigadores foram descobrindo que o Partido Republicano de Nixon tinha um sistema de caixa 2, ou seja, havia um desvio de verbas que funcionava para várias coisas, como para pagar espiões para grampear o partido Democrata, dos adversários, e fazer espionagem”, disse.

Esse caso ficou tão conhecido e foi tão marcante que, nos anos 1990, políticos brasileiros se inspiraram e usaram o sufixo para a CPI do Collorgate, que teve como resultado o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello.

“Como o escândalo foi de repercussão mundial, o pessoal acabou adotando o termo. Era ‘Watergate’ e virou Marmitagate, Collorgate, em referência ao edifício onde todo esse escândalo nos Estados Unidos começou”, contextualizou Boff.

Na visão de Mariana Joffily, professora de História das Américas da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), o caso da década de 1970 ainda é referenciado porque foi “altamente midiatizado, levando à queda do presidente da maior potência mundial. Não surpreende que tenha se tornado um ícone internacional de escândalo envolvendo altas autoridades”.

Marmitagate

Época negócios

Sabendo o contexto do nome, agora é o momento de saber o escândalo que envolve as marmitas. Através das suas contas no Instagram e no Twitter, que somam quase 30 mil seguidores, o projeto “Alimentando Necessidades” conseguiu arrecadar dezenas de milhares de reais para que fossem feitas entregas de marmitas e cestas básicas para aproximadamente 60 pessoas.

E de acordo com as reclamações das pessoas que doaram para ajudar a causa, a suspeita é de que esse valor não tenha sido convertido nos alimentos prometidos. Por conta dessas suspeitas de fraude, os internautas chamaram o caso de marmitagate.

Teoricamente, quem administraria a conta do “Alimentando Necessidades” seriam duas jovens que se descrevem como coordenadoras da causa e investem no engajamento das publicações para a divulgação. Contudo, os internautas apontaram que um desses perfis é falso.

Claro que todo o caso viralizou nas redes sociais. Por conta disso, a Polícia Civil de Santa Catarina abriu uma investigação, na quarta-feira dessa semana, para investigar esse suposto golpe envolvendo as marmitas.

Segundo o delegado à frente do caso, existem indícios de crime de estelionato. No entanto, até o momento, somente uma doadora do “Alimentando Necessidades” registrou boletim de ocorrência.

Com isso, o G1 SC procurou a responsável pelo projeto e perguntou a respeito das denúncias que foram levantadas nas redes sociais e que estão sendo investigadas pela polícia. A jovem disse que não tinha sido notificada, mas que estava tranquila, além de reafirmar que o projeto realmente existe.

“Não fomos notificados ainda. Eu estou muito tranquila, acredito que quem não deve não teme. A respeito dos diversos crimes de calúnia, difamação e danos morais, com certeza medidas serão tomadas. pessoas tiram a própria vida por causa disso”, disse.

Investigação

Folha do ES

De acordo com o delegado Felipe Orsi, um boletim de ocorrência sobre o caso foi feito depois de o marmitagate ter repercutido nas redes sociais. Ele também afirmou que até o momento existem indícios de fraudes no projeto, mas que a prioridade é confirmar que o dinheiro arrecadado realmente foi destinado a marmitas e cestas básicas.

Através de uma nota, a Polícia Civil disse que o modus operandi “consistia em pedir quantias em dinheiro, que seriam destinadas à compra de alimentos para pessoas necessitadas, mas os valores seriam desviados para benefícios próprios”.

“Os indícios de fraude consistem em fotos divulgadas pela ONG, nas quais há uma certa divergência entre datas. E também porque, uma das arrecadadoras dos valores supostamente estava usando um perfil fake”, disse o delegado.

Infelizmente, o delegado disse que não tem uma estimativa do total de pessoas que foram lesadas.

Fonte: G1

Imagens: Época negócios, Folha do ES

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