A série de Cidade de Deus finalmente trouxe de volta um personagem memorável, e ajuda a explicar uma questão que há anos pode estar na cabeça dos fãs e pessoas que assistiram a obra origiginal.
Quando falamos do filme dirigido por Fernando Meirelles e Kátia Lund, algumas cenas e diálogos surgem imediatamente em nossas mentes.
Desde a trágica morte de Cabeleira, embalada pela canção Preciso Me Encontrar, de Cartola, até as ameaças implacáveis de Zé Pequeno (Leandro Firmino) contra qualquer um que cruzasse seu caminho.
Contudo, há uma cena que certamente impactou a maioria dos espectadores: o momento em que crianças são forçadas a escolher entre um tiro no pé ou na mão.
O que pode ter surpreendido parte do público ao assistir a série Cidade de Deus: A Luta Não Para é a oportunidade de reencontrar um desses meninos.
Felipe Paulino retorna à trama como um dos soldados de Bradock (Thiago Martins). Em uma escolha inteligente da série derivada, seu personagem é colocado em uma situação em que pode mudar o destino de um garoto da comunidade.
Isso porque ele poderá tratá-lo de forma muito diferente daquela com que foi tratado anos antes por Zé Pequeno.
Via Instagram
Felipe Paulino, nascido e criado no Vidigal, já revelou que a impactante cena do filme Cidade de Deus (2002), em que seu personagem leva um tiro no pé, embora fictícia, provocou lágrimas reais.
Em entrevista ao Voz das Comunidades, Paulino confessou que só conseguiu assistir à cena aos 18 anos, uma década após as filmagens, quando era dez anos mais velho do que na época em que interpretou o personagem:
Ele contou que teve uma preparação bem intensa para essa cena, uma das mais famosas e memoráveis do filme até hoje. Durante o processo, o colocaram, criança, em um quarto escuro.
Enquanto isso, o personagem do Leandro Firmino [Zé Pequeno] aparecia com uma arma dizendo que ia o matar, mesmo sendo só um garoto.
Por isso, desenvolveu um forte senso de pânico quando via o personagem. Além disso, evitava almoçar perto do ator, pelo medo. Durante as gravações, precisavam mantê-lo afastado, pois ele não podia vê=lo no set, para manter a fidelidade.
Assim, na hora de gravar, Paulino conta que entrou em pânico quando viu Zé Pequeno, e a cena saiu memorável como lembramos.
Isso explica a dúvida que alguns fãs podem ter, como uma criança atuou tão bem em uma cena tão tensa e profunda. Agora, anos depois, ele volta para dar continuidade ao seu personagem, mesmo que de forma secundária.
Via Adoro Cinema
O filme Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles e Kátia Lund, se baseia no livro de Paulo Lins e retrata a trajetória de violência e criminalidade na favela carioca Cidade de Deus, ao longo de três décadas.
A história é contada principalmente pelos olhos de Buscapé, um jovem que sonha em ser fotógrafo, e acompanha a ascensão do cruel traficante Zé Pequeno e sua rivalidade com Mané Galinha, outro criminoso.
O filme explora o impacto do crime organizado nas vidas dos moradores da favela e a luta pela sobrevivência em meio a um cenário de extrema pobreza e violência.
A aclamação foi internacional. Desde a profundidade da história, direção e cenografia, até elementos gráficos, visuais e como a trama traz personagens secundários tão bem desenvolvidos. Não foi somente a criança da cena do tiro no pé, por exemplo, mas todos que se relacionam ou cruzam o caminho dos protagonistas. O filme original é memorável, e ganhou muitos prêmios.
Agora, temos a série de Cidade de Deus, com o subtítulo A Luta Não Para. Ela se passa vinte anos após os eventos do filme, ambientada no início dos anos 2000 e gravada no mesmo local.
A trama, contada através das lembranças de Buscapé (Alexandre Rodrigues), retrata o impacto dos conflitos entre policiais, traficantes e milicianos na vida dos moradores da comunidade.
Ao sair da prisão, o jovem traficante Bradock (Tiago Martins) decide retomar o controle do morro. No entanto, ele está nas mãos de Curió (Marcos Palmeira), chefe local.
Sua tentativa coloca os moradores da Cidade de Deus em meio a um confronto violento entre milicianos, traficantes e as forças de segurança do Rio de Janeiro.
Cansados da violência, os moradores se unem para evitar que a situação piore. Mesmo não morando mais na CDD, Buscapé, ainda querido pela comunidade, continua documentando a realidade do local com sua inseparável câmera.
Fonte: Adoro Cinema
Imagens: Adoro Cinema, Instagram