Uma ilha europeia era habitada por ‘mini elefantes’ — até que o homem chegou

Avatar for Mayara MarquesMayara MarquesNaturezasetembro 25, 2024

Você consegue pensar em uma ilha habitada por mini elefantes? Parece magia, mas eles realmente existiam. Bem, pelo menos até a chegada dos humanos.

Como seria viver em um mundo onde existiam versões menores de grandes mamíferos, como elefantes e hipopótamos? Esse mundo de fato existiu cerca de 14 mil anos atrás.

Na ilha de Chipre, localizada na parte oriental do Mar Mediterrâneo, próximo ao Oriente Médio, habitavam essas espécies em miniatura.

Os hipopótamos anões tinham o tamanho aproximado de um javali e pesavam cerca de 130 quilos, enquanto os elefantes-anões tinham a altura de um cavalo e pesavam 500 quilos — bem menos que as 4 toneladas dos elefantes asiáticos de hoje.

Segundo os cientistas, ambos os animais eram extremamente pacíficos e não enfrentavam grandes predadores naturais na região. No entanto, essas espécies foram extintas há mais de 12 mil anos.

Os pesquisadores sugerem duas possíveis causas para o desaparecimento: ou as mudanças climáticas e ambientais foram fatais, ou os seres humanos, que começaram a se estabelecer em Chipre cerca de 14 mil anos atrás, foram responsáveis pela extinção.

Embora alguns especialistas acreditassem que a pequena população humana da época não teria capacidade de exterminar as espécies, um estudo recente divulgado esta semana confirma essa hipótese.

Via Pexels

A ação predatória do homem

Os cientistas desenvolveram modelos computacionais detalhados para simular os eventos que poderiam ter levado à extinção dos mini elefantes e outros mamíferos na ilha de Chipre.

Para isso, consideraram uma série de fatores complexos, incluindo o tamanho das populações de elefantes e hipopótamos anões, sua longevidade, taxas de sobrevivência e fertilidade.

No lado humano, as simulações incluíram estimativas de quantas pessoas habitaram a ilha, quanto tempo seria necessário para processar cada carcaça de animal caçado, e a quantidade de energia diária que os caçadores precisariam para sobreviver.

A hipótese central dos cientistas é de que essas duas espécies foram usadas como fonte de alimento pelos primeiros habitantes humanos da ilha. As simulações indicam que uma pequena população humana, estimada entre 3 e 7 mil indivíduos, teria sido suficiente para conduzir esses animais à extinção.

Primeiro, eliminaram os hipopótamos-anões, seguidos pelos elefantes-anões. De acordo com as projeções, esse processo de extinção teria levado cerca de mil anos, coincidindo com os achados paleontológicos da região.

Este estudo ressalta que até mesmo populações humanas pequenas podem ter um impacto profundo nos ecossistemas, levando à extinção de espécies.

Os cientistas apontam que Chipre é apenas um exemplo de como os humanos, ao longo da história, foram responsáveis pela extinção de várias espécies ao redor do mundo.

Ilhas de mini elefantes

Via Pexels

Um fato curioso é que Chipre não era a única ilha do Mediterrâneo que abrigava versões em miniatura de grandes mamíferos, como mini elefantes. Outras ilhas, como Creta, Malta, Sicília e Sardenha, também tinham suas próprias populações de elefantes e hipopótamos de tamanho reduzido.

Esses animais compartilhavam ancestrais comuns com os grandes mamíferos que conhecemos atualmente.

O fenômeno é conhecido como nanismo insular, um processo evolutivo em que uma espécie de grande porte que habitava o continente se adapta a um ambiente insular, diminuindo de tamanho.

Isso ocorre como uma forma de adaptação a um habitat com recursos limitados e, principalmente, com poucos ou nenhum predador natural.

Nas ilhas, como não havia predadores ameaçando as espécies, os elefantes e hipopótamos acabaram evoluindo para tamanhos menores ao longo do tempo. Contudo, essa adaptação também os tornou mais vulneráveis.

Por isso, a chegada de um novo predador, os seres humanos, resultou em uma extinção rápida dessas espécies.

Muitas perdas

Infelizmente, essa situação da ilha dos mini elefantes e outros mamíferos em miniatura não é algo inédito, e possivelmente acontecerá ainda mais vezes no futuro.

Afinal, a ação do homem comprovadamente causou a extinção de centenas de espécies ao longo da história.

Por exemplo, o Dodô, das ilhas Maurício, no Oceano Índico, onde essa espécie desapareceu após uma caça indiscriminada por parte dos colonizadores europeus e pela introdução de espécies invasoras, como ratos e porcos, que destruíram seus ninhos.

Ou o Tigre da Tasmânia, um grande marsupial carnívoro nativo da Austrália. Sua extinção foi acelerada pela caça promovida por fazendeiros que o viam como uma ameaça ao gado, além da destruição de seu habitat.

Ou mesmo o Pombo-passageiro, que já foi a ave mais comum da América do Norte, mas desapareceu no início do século XX. Sua população, que chegava a bilhões, foi devastada pela caça em massa e pela destruição de florestas, seu habitat natural.

Esses são apenas alguns dos exemplos de espécies que sofreram com a ação humana, como os mini elefantes. São perdas irreparáveis para a História e para a natureza.

 

Fonte: Olhar Digital

Imagens: Pexels, Pexels

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