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O ‘desprogramador de seitas’ que já salvou centenas de pessoas

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Seita é uma palavra utilizada para designar grupos que acreditam em uma doutrina, ideologia, sistema filosófico, religioso ou político divergentes da correspondente doutrina ou sistema dominantes. Ao longo dos anos, várias seitas fizeram uma “lavagem cerebral” em seus membros. Mas esse desprogramador trabalha para reverter isso.

O trabalho do americano Rick Alan Ross é como desprogramador de seitas, e é assim que ele é conhecido pela imprensa. Através das suas intervenções, ele conseguiu ajudar mais de 500 pessoas a deixarem de seguir grupos perigosos.

“Na essência, todos esses grupos são muito parecidos: um líder totalitário que se torna foco de adoração; um processo de doutrinação que resulta em influências indevidas; e a exposição de pessoas ao risco, uma vez que o grupo de fato se torna destrutivo”, explicou Ross.

Atualmente com 60 anos, o desprogramador convive há tempos com ameaças. “Já fiquei sob proteção do FBI (polícia federal dos EUA) e do Departamento de Justiça, já fui perseguido por detetives particulares, processado judicialmente cinco vezes. Alguns grupos já até compraram meu lixo para obter informações sobre mim”, disse ele.

Técnica de desprogramação

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De acordo com Ross, a técnica dele “sempre seguiu o mesmo processo básico, mas foi se tornando cada vez mais sofisticada. Trata-se de voltar ao processo de recrutamento e examiná-lo: quais técnicas foram usadas para recrutar uma pessoa? Eles foram enganosos? Prenderam a vítima no grupo, de alguma forma?”.

Normalmente, as seitas podem empregar desde uma pressão coletiva até hipnose para criar um sentimento de pertencimento exclusivo. No entanto, para descobrir essas estratégias é preciso que o desprogramador converse com a vítima durante várias horas.

A primeira intervenção feita por Ross, geralmente, costuma ser de surpresa, para evitar que a seita sabote o seu trabalho. “A pessoa poderia ir até o grupo e contar: ‘Minha família quer conversar comigo sobre meu envolvimento neste grupo. O que vocês acham que devo fazer?’. O grupo diria: ‘Não vá'”, explicou.

Mesmo assim, Ross reconhece que essa intervenção surpresa muitas vezes não gera boas reações, mas sim tristeza e raiva. Além de a pessoa se sentir encurralada.

“A família vai falar à pessoa de suas preocupações. Explicarei o motivo de estar ali. É um diálogo que normalmente dura dois ou três dias. Ou seja, ao final da intervenção, cerca de 70% das pessoas dirão: ‘vou dar um tempo do grupo'”, disse o desprogramador.

Ameaças

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O trabalho de Ross começou a ganhar espaço na imprensa em meados dos anos 1980. À medida que isso aconteceu, ele ficou cada vez mais visado pelos grupos que ele tentava combater.

“Fui chamado, sabe, de Satanás e palavras que não vou repetir. Existem grupos que realmente têm ressentimento e me odeiam. Mas simplesmente percebi que o fato desses grupos não gostarem de mim era uma evidência de que estava tendo algum impacto. Eles estavam preocupados com a perda de seguidores, porque frequentemente a desprogramação teria um efeito cascata”, contou.

A primeira ameaça de morte que o deprogramador recebeu foi em 1988 quando ele denunciou, na televisão, o líder de uma seita. Desde que isso aconteceu, várias outras ameaças foram feitas a ele.

“Diria que não há um mês em que não receba alguma ameaça por e-mail, ou que o Departamento de Justiça não me envie um aviso sobre um grupo ter me colocado na sua lista de alvos”, disse.

Além das ameaças, Ross também já recebeu várias críticas, como por exemplo, de odiar religiões, ou de que está tentando de alguma forma restringir a liberdade religiosa.

As técnicas de desprogramação usadas por ele também já foram acusadas de mudar o comportamento das pessoas de maneira forçada, ou até de serem também uma “lavagem cerebral”.

Para essas alegações, o desprogramador disse que só age contra grupos que representem algum tipo de perigo para seus seguidores.

“Estou focado no comportamento, não na crença. As pessoas podem acreditar em todos os tipos de coisas com as quais não concordaria, mas se não fizerem mal, se não machucarem as crianças, se não tiverem um comportamento destrutivo, elas nunca estarão no meu radar”, finalizou.

Fonte: BBC

Imagens: BBC

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