Curiosidades

O mundo não vai acabar. Mas vai.

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Desde os primórdios da humanidade, o ser humano é fascinado pelo seu próprio fim. Não é à toa que histórias que exploram o fim do mundo fazem tanto sucesso na ficção. São vários os livros que debatem a destruição do mundo. Todos se lembram de “O Dia Depois de Amanhã” ou “2012”. Ou seja, a cultura pop está sempre retratando o tema.

Todos nós sabemos que, em algum momento, o mundo em que vivemos vai acabar. Tanto que não faltam previsões para isso. Até agora, nenhuma delas estava correta. Contudo, não é difícil perceber que realmente a humanidade está caminhando para o seu fim.

Um exemplo disso é a situação vista no Rio Grande do Sul. Até o momento, a quantidade de mortos é de 75, desaparecidos são 103  e 88 mil estão desalojados, infelizmente esses números não param de aumentar a cada dia. De todos os 497 municípios do estado, 322 foram atingidos de alguma maneira.

Mudanças climáticas

G1

Esse volume de chuvas inédito visto, sendo que em uma semana choveu a metade da quantidade prevista para o ano todo, tem como grande culpado uma sequência de frentes frias que eram para ter cruzado os céus do estado apenas de passagem, mas ficaram estacionadas por lá e derramaram água.

Elas congestionaram nos céus gaúchos por conta de uma onda de calor que atingiu o Sudeste e o Centro-Oeste e bloqueou o caminho dessas frentes para latitudes mais altas.

Infelizmente, essa onda não foi a primeira. Visto que as temperaturas extremas vistas no centro-sul do nosso país no meio de março foram marcos históricos. E mesmo que parte da culpa seja do El Niño, a culpa também é dos humanos, já que o calor é uma consequência da emissão de gases de efeito estufa pelos humanos desde o começo da era industrial, no século XVIII.

Tudo isso mostra que o aquecimento global não é mais o futuro do mundo, ele é o presente. É sabido há anos, através de simulações, que o Rio Grande do Sul é um local propenso para o aumento de chuvas extremas. Então, chegou a hora de parar com o negacionismo e pensar em formas de prevenção, não somente lá, mas em todo o Brasil.

De acordo com o sexto relatório do IPCC, que é o mais completo a respeito das mudanças climáticas feito por 801 pesquisadores de 195 países com a leitura de 14 mil artigos científicos, é previsto que o Brasil tenha quedas de 10 a 20% nas chuvas da Amazônia; nos calendários de polinização dessincronizados; aumento das populações de mosquitos como o Aedes; clima incorreto para o plantio de soja, milho, café e outras coisas fundamentais para a economia no Centro-Oeste e Nordeste; reservatórios de água mais vazios no Sudeste; e vários desastres naturais.

Fim do mundo

Governo Federal

O pior de tudo é que poucas pessoas parecem estar preocupadas com isso. E por que será que as pessoas parecem não compreender a gravidade das mudanças climáticas e o que ela está fazendo no mundo?

Um dos motivos é o tempo. E praticamente todos os filmes que mostram o mundo acabando tem esse erro de verossimilhança, visto que os apocalipses não acontecem em semanas, os dinossauros não sumiram do dia para a noite. Depois que o meteoro caiu, vários desastres ecológicos foram gerados e duraram milênios.

Os deslizamentos que aconteceram, como os vistos esse ano no Rio Grande do Sul, em 2023 no litoral norte de São Paulo e em 2022 em Petrópolis comovem muito nos noticiários durante um tempo, mas saem da memória das pessoas, exceto das que foram afetadas por eles. E é difícil que as pessoas compreendam que esses fatos afastados tenham sido originados pelo mesmo processo de degradação ecológica.

Outro ponto que faz as pessoas não perceberem esse “fim do mundo” é o fato de todos serem péssimos em fazer sacrifícios em curto prazo para que benefícios sejam vistos a longo prazo. Tanto que o dilapidar da legislação ambiental é uma pauta de muitos deputados e senadores.

Observações

Portal ODS

No entanto, a calamidade no Rio Grande do Sul é uma prova de que o prejuízo que se tem a longo prazo é maior do que qualquer vantagem política pensada de forma egoísta no presente. Mas o cérebro humano não evoluiu para compreender como ameaça alguma coisa que não está nos afetando de imediato. Esses são obstáculos psicológicos que precisam ser transpostos para que as mudanças climáticas possam ser combatidas.

Portanto, é importante lembrar que quando se fala em “fim do mundo” há  referência a uma coisa mais específica do que o fim da Terra em si. No caso, esse “fim do mundo” é sobre o planeta na sua configuração atual, com oceanos e continentes, com as temperaturas médias, mínimas e máximas que conhecemos, com certas regiões frias e outras quentes, e com culturas e etnias variadas.

Ou seja, não é o mundo que irá acabar se a humanidade deixar as mudanças climáticas acontecerem, mas apenas o mundo que nós conhecemos.

Fonte: Superinteressante

Imagens: G1, Governo Federal, Portal ODS

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