Já falamos sobre diversos exoplanetas curiosos, como o WASP-43b, onde chove lava, e o WASP-12b, que está destinado a desaparecer, mas a chuva de joias é inédita.
O WASP-121b, que orbita a mesma estrela que seu peculiar vizinho, se destaca. Este exoplaneta possui nuvens metálicas das quais chovem pedras preciosas em estado líquido.
Imagine acordar e ver uma chuva de rubis ou safiras! Isso acontece nesse Júpiter quente (embora a parte difícil seja alguém acordar lá).
Esse fato surgiu em 2022, e virou notícia na época. Foi quando os pesquisadores usaram o Telescópio Hubble para observar o lado escuro do planeta.
Sim, essa é mais uma característica estranha do WASP-121b: o exoplaneta gasoso tem um lado permanentemente escuro, essencial para a existência das nuvens metálicas preciosas.
Via Exoplanet.org
De acordo com a NASA, o WASP-121b é um exoplaneta gigante gasoso que orbita uma estrela do tipo F. Sua massa é de 1,157 vezes a de Júpiter, e ele leva 1,3 dias para completar uma órbita em torno de sua estrela, que está a 0,02596 Unidades Astronômicas de distância. Sua descoberta foi anunciada em 2016.
O estudo revelou que, no lado diurno do WASP-121b, metais e minerais evaporam. Durante o dia, a temperatura da atmosfera superior pode chegar a 3000 graus Celsius, tão quente que a água na atmosfera brilha e as moléculas se desintegram.
Entretanto, no lado escuro do planeta, a equipe identificou que a temperatura atmosférica tem metade desse valor. Essa diferença de temperatura gera ventos fortes que sopram de oeste para leste ao redor do planeta, puxando a água da atmosfera do lado diurno para o lado noturno.
À medida que as moléculas de água são separadas em átomos de hidrogênio e oxigênio pelo calor durante o dia, as temperaturas frias à noite recombinam os átomos em vapor de água. Essa água é então puxada de volta para o lado diurno pelos ventos, entrando em um ciclo contínuo.
As altas temperaturas no WASP-121b também acontecem pela proximidade do planeta com seu sol. Todo esse processo extremamente violento e quente está fazendo com que sua atmosfera seja “rasgada” e destruída aos poucos.
Infelizmente, ainda não temos tecnologia para visitar exoplanetas como o WASP-121b e ver a chuva de joias de pertinho.
Isso porque as distâncias são longas, medindo dezenas a centenas de anos-luz. As viagens espaciais humanas são limitadas ao nosso sistema solar, com missões tripuladas ainda restringidas à órbita terrestre e, futuramente, possivelmente a Marte.
Ou seja, ainda permanecemos aqui, sem acessar essas chuvas misteriosas e certamente interessantes.
Mas como sabemos que isso acontece por lá?
Via Freepik
Na verdade, a ciência que nos permite conhecer detalhes sobre exoplanetas, como a presença de chuvas de joias. Ela se baseia em observações astronômicas e técnicas avançadas de análise de dados.
Alguns dispositivos ajudam nessa empreitada. Por exemplo, os telescópios espaciais, como o Hubble e, mais recentemente, o James Webb, são capazes de observar exoplanetas com grande precisão.
Eles analisam a luz das estrelas e como ela é filtrada ou alterada quando passa pela atmosfera do exoplaneta durante um trânsito (quando o planeta passa na frente da sua estrela).
Além disso, existem técnicas específicas, como a Espectroscopia. Ela permite aos cientistas estudar a composição da atmosfera dos exoplanetas. Quando a luz da estrela passa pela atmosfera do exoplaneta, certos elementos absorvem partes específicas dessa luz.
Assim, ao estudar os espectros resultantes, os cientistas podem identificar a presença de diversos elementos e compostos químicos.
E nem tudo precisa de comprovação completa. Afinal, com base nos dados observacionais, os cientistas criam modelos teóricos e simulações para entender as condições atmosféricas dos exoplanetas.
Estes modelos ajudam a prever fenômenos como a formação de nuvens metálicas e a precipitação de materiais como rubis e safiras em estado líquido.
E existem medições físicas que ajudam nos cálculos. Por exemplo, no caso do WASP-121b, as temperaturas extremamente altas e a composição química da atmosfera levam à formação de nuvens metálicas e precipitação de pedras preciosas líquidas.
Ou seja, conseguimos saber que existe a chuva de joias simplesmente por saber os elementos do planeta. Mesmo assim, seria curioso presenciar um dia.
Fonte: Olhar Digital
Imagens: Exoplanet.org, Freepik