Em uma cena de “Homem de Ferro 3”, vemos os personagens entrarem em uma projeção digital de um “grande cérebro”. Com isso, eles assistem como um grupo de neurônios se “iluminam” pelo mapa neural, como resposta a toques físicos. De forma similar a esta cena, pesquisadores da Universidade do Missouri encontraram uma nova visão sobre como o mapa neural de nosso cérebro funciona.
Algo muito parecido já havia sido notado em estudos com animais. Entretanto, este é um dos primeiros estudos relatados em humanos. “Quando uma pessoa toca em algo com a mão direita, uma ‘região da mão específica’ no lado esquerdo do cérebro acende”, disse Scott Frey, do Departamento de Ciências Psicológicas da universidade.
“Uma reação semelhante, mas oposta, acontece com a mão esquerda. Mas, quando alguém perde a mão, descobrimos que as duas ‘áreas da mão’ do cérebro – esquerda e direita – se dedicam à mão saudável restante. Este é um exemplo impressionante de reorganização funcional ou plasticidade do cérebro humano”.
No estudo, os cientistas utilizaram ressonância magnética funcional (fMRI, do inglês Functional Magnetic Ressonance Imaging), para escanear o cérebro de 48 pessoas. Entre elas, 19 haviam perdido a mão. Eles criaram um sistema controlado por computador que viabilizasse um leve toque nas mãos e no rosto. Os exames de fMRI são sensíveis à pequenas alterações nos níveis de oxigenação do sangue, no cérebro que ocorrem quando áreas do cérebro estão processando informações.
Nos exames, os pesquisadores perceberam que o cérebro, ao ser privado de informações de uma mão das mãos, ele reorganiza nosso mapa neural. Redirecionando as funções da mão perdida para a mão restante.
Plasticidade
De acordo com Frey, tal descoberta poderá ajudar os cientistas, entre outros profissionais da comunidade médica, a entender melhor os mecanismos subjacentes à plasticidade do cérebro. Sendo esta a capacidade do cérebro em se adaptar às mudanças. Como ocorre com veteranos, que retornam dos campo de batalha, com lesões corporais traumáticas.
“Podemos pensar nas áreas do cérebro que processam as sensações de nossos corpos como sendo organizadas como um mapa com territórios separados dedicados a regiões específicas do corpo, como mãos, rosto ou pés”, disse Frey.
“Sabemos há muito tempo que lesões como amputação ou danos na medula espinhal alteram a organização deste mapa. Se você perder uma mão, por exemplo, a ‘área da mão’ associada pode ser parcialmente ocupada pelas funções vizinhas, no mapa envolvidas no processamento de sensações do braço ou da face. Essa é uma forma de ‘plasticidade cerebral’. Este trabalho demonstra que essa plasticidade também ocorre através de grandes distâncias, entre os hemisférios esquerdo e direito do cérebro”.
Os pesquisadores afirmaram que outros estudos estão em andamento. Isso para que eles possam determinar como, e se essas mudanças afetam a forma como pessoas amputadas experimentam algumas sensações. Incluindo a dor. Os cientistas também esperam que suas descobertas ajudem no desenvolvimento de próteses avançadas. Permitindo assim que estas próteses possam fornecer, aos usuários a experiência do toque.
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