Os cenários e os animais descritos pelo paleontólogo americano Steve Brusatte em seu livro “Ascensão e Reinado dos Mamíferos” (Record) parecem saídos de um filme de fantasia, mas são baseados em intensas pesquisas de campo e laboratório com inúmeros fósseis descobertos ao redor do mundo.
Em uma viagem pelo tempo, milhões de anos atrás, podemos ver, em detalhes, quem foram e como viveram os ancestrais dos grupos que deram origem a cães, leões, baleias e, claro, seres humanos.
Trata-se de uma narrativa interessante, falando sobre as criaturas desde o início. Aquelas que eram mais dinossauros do que mamíferos, seguindo para os animais que lembravam os roedores.
Com a extinção do tiranossauro e muitos outros, abriu-se o caminho, em terra e mar, para que o clã dos elefantes, macacos e companhia pudesse crescer, se destacar e dominar o planeta, deixando marcas como as de preguiças-gigantes, tigres-dente-de-sabre e mamutes.
O livro também nos convida a imaginar o que pode acontecer conosco e com nossos companheiros animais se o aquecimento global continuar no ritmo atual.
Mamíferos
Não aprendemos muito sobre o surgimento dos mamíferos na escola. Afinal, eles vieram de uma longa e complexa jornada evolutiva que começou há centenas de milhões de anos.
A história dos mamíferos é intimamente ligada à dos répteis, já que ambos compartilham um ancestral comum que viveu durante o período Carbonífero, aproximadamente 320 milhões de anos atrás.
Durante o final do período Permiano, cerca de 252 milhões de anos atrás, um grupo de répteis conhecidos como sinapsídeos começou a se diversificar.
Entre esses sinapsídeos estavam os terápsidos, que apresentavam algumas características que seriam fundamentais para o surgimento dos mamíferos, como dentes diferenciados e uma postura mais ereta.
A transição mais significativa ocorreu durante o período Triássico, entre 252 e 201 milhões de anos atrás. Os terápsidos continuaram a evoluir e se diversificar, e alguns desenvolveram características que os aproximavam dos mamíferos modernos.
Essas características incluíam ossos do ouvido médio derivados de ossos da mandíbula, uma maior capacidade de regular a temperatura corporal e um cérebro relativamente maior.
Primeiros da espécie
Por volta de 200 milhões de anos atrás, no final do Triássico, os primeiros verdadeiros mamíferos começaram a surgir.
Esses pequenos animais eram geralmente noturnos, possivelmente para evitar predadores dinossauros, e já apresentavam muitas das características que associamos aos mamíferos modernos, como pelos e glândulas mamárias.
Ao longo do Jurássico e do Cretáceo, os mamíferos continuaram a evoluir. No entanto, eles permaneceram relativamente pequenos e pouco diversificados, em parte devido à dominação dos dinossauros.
No entanto, após a extinção em massa no final do Cretáceo, há cerca de 66 milhões de anos, que eliminou os dinossauros não aviários, os mamíferos tiveram a oportunidade de se diversificar e ocupar uma ampla variedade de nichos ecológicos.
Durante o período Paleogeno, os mamíferos se diversificaram rapidamente, levando ao surgimento de muitos dos grupos de mamíferos que conhecemos hoje, incluindo primatas, ungulados (mamíferos de casco), carnívoros e cetáceos (baleias e golfinhos).
Essa explosão de diversidade permitiu que os mamíferos se tornassem os animais dominantes em muitos ecossistemas ao redor do mundo.
Assim, os mamíferos surgiram como resultado de uma série de adaptações evolutivas que lhes permitiram sobreviver e prosperar com as mudanças de ambiente.
Ascensão e Reinado dos Mamíferos
O livro Ascensão e Reinado dos Mamíferos vem justamente trazer mais detalhes sobre todo esse processo evolutivo.
Muitos pensam que se tratou de uma jornada simples, mas foram preciso milhões de anos e ancestrais para chegarmos até essa posição. Por isso, é importante entender mais dessa linha evolutiva, para saber para onde vamos.
Afinal, o mundo está em constante mudança e eventos como o aquecimento global podem causar uma nova seleção natural. Quais espécies poderão sobreviver às mudanças de temperatura e ambiente? Apenas o tempo dirá.
Fonte: Abril