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Por que o chapeleiro de Alice no País das Maravilhas é maluco?

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As histórias de Alice no País das Maravilhas certamente podem ser classificadas entre algumas das mais estranhas, surrealistas, bizarras e metafóricas da história da nossa literatura. Com desejos singulares e controversos, Lewis Carrol conseguiu criar personagens que ainda hoje – depois de mais de 150 anos de sua publicação – intrigam e provocam.

Entre o grupo de estranhos que Alice conhece durante sua jornada, está o Chapeleiro Louco. O personagem hiperativo e com a loucura já no nome convida Alice para tomar chá e comemorar festas de Desaniversário. Mas por que será que ele está louco?

Vamos tentar analisar alguns elementos e traços do personagem e da história para conseguir chegar a essa resposta sobre a personalidade de uma das figuras mais marcantes da literatura, animação e cinema.

O Chapeleiro está presente em uma das cenas mais clássicas do livro e de todas as suas interpretações, incluindo a famosa versão de Walt Disney. Durante a realização de um chá que é uma verdadeira festa, ele recebe o Coelho Branco e a Lebre de Março, além da protagonista Alice.

Na história, o Chapeleiro explica a Alice que está preso numa festa de chá que vai durar para sempre, graças a uma maldição lançada pela Rainha de Copas. Conforme o próprio personagem diz, ele tinha apenas a intenção ousada de matar o tempo e acabou condenado a viver para sempre no período das seis da tarde.

O curioso por trás do personagem é que, na verdade, o adjetivo da loucura só aparece em relação ao Chapeleiro a partir do ponto de vista do Gato de Chesire. É o gato que chama o rapaz de louco quando fala sobre a personalidade dele para Alice.

A escolha do desenvolvimento do personagem, no entanto, não aconteceu apenas por conta do acaso. O nome do Chapeleiro possui raízes históricas numa expressão extremamente comum na época em que o livro foi escrito. Naquele tempo, a frase “ser mais louco do que um chapeleiro” era conhecida pela população por conta de um estranho hábito.

No passado, era comum que mercúrio fosse utilizado no processo de fabricação de alguns chapéus, fazendo com que o vapor do metal fosse inalado com frequência. Como os chapéus eram extremamente populares e era estranho não ver homens de quaisquer classe social de chapéu, vários profissionais do ramo passaram a sofrer com intoxicação, problemas neurológicos e perturbações mentais. Por conta da intoxicação, muitos chegavam até mesmo a morte. À condição de contaminação por mercúrio se dá o nome de hidrargirismo.

Como podemos perceber, por meio da metáfora fica claro que Lewis Carroll insere elementos em sua obra tirados de todos os lugares da sociedade, criando situações descritivas que produzem o insano País das Maravilhas. Nesse caso, podemos ver o desequilíbrio do pobre Chapeleiro em toda a sua expressão, enquanto compartilha uma eterna festa do chá com um coelho. Na produção de chapéus, era comum que o mercúrio fosse usado para estabilizar a lã retirada de animais como o próprio coelho.

Agora, você já sabe que apesar dos tons de piada e humor, a história pode ter referências a momentos e pensamentos muito mais trágicos e sombrios do que apenas um louco com seus amigos animais.

O que achou da origem da loucura do Chapeleiro de Alice? Que outros personagens loucos do cinema, da TV e dos livros você gosta muito? Conte para a gente e de repente podemos conseguir explicar o caso de cada um deles também.

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