Após a execução do hino nacional em linguagem neutra, com um trecho alterado para “des filhes deste solo” durante um comício de Guilherme Boulos, a polêmica em torno da linguagem neutra dividiu as redes.
Enquanto metade das pessoas condenava o ato, metada comemorava a inclusão. Inclusive, há quem diga que quem celebrou de verdade foram os eleitores de Pablo Marçal, que continua subindo nas pesquisas.
Mas para evitar mais discussões sobre esse assunto, um ativista teria até mesmo sugerido substituir as palavras masculinas no hino. A proposta seria incluir palavras que já terminem em “e”, como filhote, e usar o mesmo nos adjetivos. Por exemplo, repetir “retumbante” mais vezes.
Outra sugestão interessante para incluir todos os gêneros seria trocar o título da música de “Hino Nacional brasileiro” para “Hino Nacional das pessoas em situação de Brasil”.
Memes nas redes sociais
Essa notícia foi uma publicação do portal Sensacionalista, que visa divulgar informações reais em tom de piada e exagero. Claro, não existiu uma ativista de verdade com essa indicação.
Contudo, muitas pessoas acabam concordando com essa inclinação, defendendo o discurso de uma linguagem mais inclusiva para todas as pessoas.
O hino nacional em linguagem neutra aconteceu durante alguns trechos cantados no comício, mas, de modo geral, ele permanece oficial, da forma como conhecemos.
A substituição de termos específicos para mais genéricos faz parte de uma das várias estratégias para transformar a comunicação atual.
O que é linguagem neutra?
A linguagem neutra, ou linguagem neutra de gênero, é uma forma de comunicação que busca evitar o uso de termos que remetam a gêneros específicos (masculino ou feminino) para promover a inclusão de pessoas que não se identificam com esses gêneros ou para evitar a predominância de um gênero em expressões gerais.
Essa linguagem é usada para que pessoas de todos os gêneros (incluindo não-binários, agêneros, entre outros) se sintam representadas.
Em português, isso pode significar:
- Substituir “ele” ou “ela” por “elu”.
- Usar palavras que não indiquem gênero, como “todes” em vez de “todos” ou “todas”.
- Evitar sufixos masculinos ou femininos em profissões ou cargos, como “diretor/a” e optar por “diretorie”.
Essa abordagem, no entanto, gera debates e discussões na sociedade, principalmente no que diz respeito à implementação em larga escala e à adaptação da gramática tradicional.
Muitos apontam que mudanças tão bruscas na forma de falar e escrever gera confusão entre as pessoas. Além disso, existe grande parcela da população que não foi sequer alfabetizada. Assim, a preocupação principal seria democratizar a educação, e, depois, transformar lentamente a linguagem.
Essa é a principal crítica de alguns grupos opostos, e acontecimentos como o hino nacional em linguagem neutra acaba fomentando discussões na internet.
Hino nacional em linguagem neutra?
Inicialmente, o Hino Nacional Brasileiro não utiliza linguagem neutra propriamente dita. Ele foi escrito em 1831 (a letra atual é de 1909) e segue as normas gramaticais tradicionais da língua portuguesa, que, na época, não consideravam a neutralidade de gênero como um fator.
A linguagem do hino reflete o uso convencional do masculino como forma genérica para se referir a um grupo misto ou à coletividade.
Por exemplo, na frase “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heroico o brado retumbante,” o termo “povo” é usado no masculino, que tradicionalmente inclui homens e mulheres.
No entanto, o hino não faz distinções explícitas entre gêneros, o que significa que, de maneira indireta, ele se refere a todos os brasileiros, mas dentro das normas de gênero da época em que foi escrito.
Ou seja, o hino não discrimina explicitamente nenhum grupo, especialmente quanto ao gênero. Mesmo usando terminações masculinas, ele fala sobre todos os brasileiros, grupos de homens e mulheres.
Contudo, também não incorpora a linguagem neutra como entendida atualmente, que visa uma representação mais inclusiva de todas as identidades de gênero. Futuramente, essa pode ser uma das várias adaptações para tornar a inclusão mais abrangente.
Fonte: Globo