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Pessoas que dormem depois das 23h têm IMC mais alto, diz estudo

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Os profissionais da saúde buscam maneiras de definir quem está abaixo do peso, no peso “normal”, com sobrepeso ou com obesidade. Isso é feito através do cálculo de Índice de Massa Corporal (IMC). Com o IMC calculado, e caso ele não estiver ideal, é possível definir quais os tratamentos corretos para que as condições de saúde da pessoa sejam melhoradas.

Em outras palavras, esse cálculo do IMC mede se o peso da pessoa está proporcional com a sua altura. Contudo, a forma de medi-lo não é tão simples assim e fatores podem fazer com que ele varie.

Tanto que, um estudo brasileiro viu que o horário que uma pessoa vai para a cama em relação direta com seu peso. Foi visto que quanto mais tarde a pessoa dorme, maior é o seu IMC.

Essa descoberta foi feita pelo estudo “SONAR-Brasil: investigações cronobiológicas do sono, alimentação e nutrição”, feito em 2021 pelos pesquisadores da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Mas os resultados só foram divulgados em outubro desse ano no Congresso Mundial do Sono, no Rio de Janeiro.

Para o estudo, os pesquisadores fizeram a análise das respostas dadas por 2,500 brasileiros adultos, entre 18 e 65 anos, de todas as regiões do país. A primeira etapa aconteceu em 2021, com aproximadamente 700 pessoas, a segunda em 2022, e a terceira começou eu março de 2023 e ainda está aberta para quem quiser participar.

Os voluntários tiveram que responder um questionário online com perguntas a respeito do seu peso e altura; aspectos do sono, como o horário de dormir, acordar e se tinham o sono interrompido durante a noite; hábitos alimentares; prática de atividades físicas; entre outros.

Hora de dormir e IMC

Fernando Guanabara

Por mais que não exista uma quantidade mínima de horas para uma pessoa dormir por noite, a Sleep Foundation, que é uma organização sem fins lucrativos que faz diferentes pesquisas sobre o assunto, recomenda que um adulto durma entre sete e nove horas por noite.

No estudo, a nutricionista Giovana Longo Silva, professora da UFAL e principal autora, usou isso como base para fazer a análise dos dados dos voluntários. Como resultado, ela viu que quase metade dos entrevistados, 45.1%, eram “dormidores tardios”, o que quer dizer que dormiam depois das 23h.

Outro ponto visto foi que mais da metade, 51,7% , tinha uma prevalência curta de duração do sono e dormiam menos de sete horas por noite. O estudo também mostrou que 30,1% das pessoas estava com excesso de peso e 14,7% com obesidade.

Mais uma conclusão do estudo foi que o IMC diminuiu em 0,19 kg/m2 para cada hora a mais de sono. Enquanto que ele aumentou em 0,19 kg/m2 para cada hora adiada no horário de ir para a cama.

Em outras palavras, as pessoas que dormiam mais horas e iam se deitar mais cedo tinham um IMC menor do que as que dormiam menos horas e se deitavam mais tarde.

Embora outros estudos já tivessem mostrado a relação entre a duração do sono e o IMC, o foco no horário de dormir é algo novo. “Nós constatamos que dormir muito tarde e menos do que o necessário tem uma influência direta no IMC, mas estatisticamente não conseguimos comprovar uma associação entre o despertar e o índice”, disse Giovana.

Peso e sono

Globo esporte

Existem muitas hipóteses sobre como o sono pode influenciar na saúde, principalmente com relação à alimentação. De acordo com a nutricionista, a primeira hipótese é que ter um sono ruim gera mudanças fisiológicas.

“Dormir pouco ou dormir mal aumenta a produção de leptina, que é o hormônio da fome, e reduz a produção da grelina, que é o hormônio da saciedade. Isso tem um impacto direto no dia seguinte, com aumento da fome. Uma única noite mal dormida já causa esse efeito no dia seguinte. Tendo mais fome, a tendência é comer mais. Imagine o efeito de dormir tarde ou dormir pouco todos os dias”, explicou Giovana.

Outra hipótese possível é que uma noite mal dormida faz com que a fome hedônica aumente. Essa fome é aquele desejo de alimentos ricos em gorduras e açúcar.

“Com o corpo fadigado porque não dormimos bem, a nossa tendência é buscar alimentos que nos deem sensação de prazer e conforto. É como o efeito de uma ressaca. A gente busca alimentos que aumentam a energia de forma rápida e, normalmente, são alimentos mais calóricos”, disse ela.

O que os pesquisadores da UFAL esperam é que seus resultados ajudem na conscientização dos profissionais da atenção básica à saúde a colocarem perguntas a respeito dos hábitos de sono dos pacientes. Até porque já é comprovado que um sono de qualidade é essencial para a saúde.

“O padrão de sono e da alimentação do paciente devem ser avaliados junto a outros fatores de risco. O sono adequado e uma alimentação saudável são essenciais na prevenção de doenças crônicas, entre elas a obesidade e o diabetes”, finalizou Giovana.

Fonte: VivaBem

Imagens: Fernando Guanabara, Globo esporte

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