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Nos tempos atuais as pessoas dificilmente se imaginam sem os serviços de streaming ou canais fechados. No entanto, nem sempre elas têm essas coisas de uma forma correta e legal. É nesse ponto que entra a IPTV pirata. Muitas pessoas podem acreditar que ela só existe no Brasil, mas ela está presente no mundo todo.
Tanto é verdade que, um grupo de cinco homens que eram operadores de um serviço de IPTV pirata foi condenado a mais de 30 anos, com as penas somadas, no Reino Unido.
Essa “gatonet” deles se chamava “Flawless TV” e tinha os jogos da Premier League como o seu produto principal. Quem assinava esse IPTV tinha acesso a todas as partidas do campeonato inglês e pagavam mais barato do que a taxa cobrada pelos serviços legais de transmissão.
IPTV pirata
BBC
O valor da Flawless TV era de 10 libras, equivalente a 62,50 reais, ao mês e os assinantes tinham disponíveis mais de 300 canais, que podiam ser acessados tanto na televisão como em dispositivos móveis. O serviço era tão grande que ele tinha até um atendimento ao cliente 24 horas por dia.
Para se ter uma noção de como essa IPTV pirata era mais barata, na época, os canais que tinham o direito de transmissão dos jogos da Premier League cobravam entre 60 e 80 libras, entre 375 e 500 reais. E claro que sabendo desse serviço pirata, tanto os canais como os organizadores do campeonato processaram quem estava vendendo o serviço pirata.
Condenação
BBC
Esse IPTV britânico estava em operação somente 22 meses, mesmo assim ele gerou um lucro de 3,7 milhões de libras para seus operadores, algo em torno de 23 milhões de reais. Desse valor, cerca de 1,7 milhão de libras ficou com Mark Gould, o chefe do grupo. Por conta de sua posição, a sentença dele foi de 11 anos de prisão.
Um milhão de libras ficou com Steven Gordon, e Peter Jolley ficou com 773 mil libras. Os dois também eram parte do grupo e foram condenados a cinco anos e dois meses de prisão. Além deles, Christopher Felvus ficou com 164,5 mil libras, e William Brown com 15 mil libras de lucro. A condenação deles foi de três anos e 11 meses, e quatro anos e nove meses respectivamente.
Esquema
UOL
Assim como no Reino Unido, no nosso país também existem várias IPTVs piratas que a Anatel começou a bloquear o sinal e ir atrás das pessoas responsáveis. E recentemente, o Ministério Público de São Paulo e Polícia Civil apreenderam duas pessoas em Carapicuíba, cidade a 21 quilômetros de São Paulo, que são acusadas de compartilharem listas de IPTV. Depois disso, eles descobriram como funcionava uma quadrilha que tinha um faturamento mensal de 550 mil reais com a venda de pacotes de gatonet.
Os suspeitos foram detidos na operação “Not Found” e são acusados de violação de direitos autorais, organização criminosa e lavagem de dinheiro. De acordo com a Promotoria de Carapicuíba, os suspeitos revendiam por 25 reais o mês um IPTV que tinha acesso a mais de 300 mil conteúdos, tanto de canais de televisão a cabo como de plataformas de streaming.
“Embora o valor cobrado por cada acesso à lista de IPTV Pirata não seja alto, as associações criminosas conseguem lucros exorbitantes, diante da altíssima adesão alcançada. Importante destacar que parte deste dinheiro é lavado e ocultado, dando aparência de lícito, por meio de compra de imóveis, por exemplo”, disse a promotoria.
Conforme a investigação da polícia, essa venda do gatonet era como se fosse um esquema de pirâmide para que não fosse possível chegar aos donos dessa distribuição.
“É uma lógica de atacado e varejo. Uma pessoa que tem uma central de IPTV vende o acesso por um preço baixo para varejistas, como R$ 3. [Revendedores] vão montando operações para chegar ao maior número possível de clientes, vendendo a R$ 25. O cara que está lá em cima fica protegido, pois o intermediário dificilmente compartilha o contato dele com outros”, explicou Sandra.
Por mais que esses dois suspeitos tenham sido presos, a investigação da promotoria vai continuar para que outros integrantes do grupo sejam identificados, como por exemplo, os operadores da central de distribuição e os donos das contas laranjas que recebem o dinheiro da mensalidade.
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