Nematoides vivos foram recentemente encontrados em amostras de sedimentos de permafrost que estavam congelados nos últimos 42 mil anos. E este acontecimento marca um novo recorde para o tempo que um animal pode sobreviver à preservação criogênica.
O que acaba por levantar um novo olhar da ciência para novos limites de resistência e como isso pode ser útil para a preservação de nossos próprios tecidos. O anúncio foi feito por uma equipe de cientistas russos no início deste mês no jornal científico Doklady Biological Sciences.
Cerca de 300 amostras de solo congelado foram retirados do Rio Kolimá, na Sibéria. Em duas delas foram detectadas a presença dos vermes. Uma das amostras foi coletada de uma toca de esquilos que data cerca de 32 mil anos. A outra foi coletada em uma geleira que possui cerca de 40 mil anos.
Os cientistas então decidiram isolar os animais em placas de Petri, garantindo comida e a temperatura regulada em 20º C e passaram a observar o que acontecia. Conforme o tempo passou, os nematoides foram “voltando a vida”. Eles se alimentaram e, inclusive, chegaram a clonar novos membros. Os clones foram então separados.
“Teoricamente, é possível que, se os organismos forem protegidos de danos físicos que comprometeriam sua integridade estrutural durante seu tempo congelados, eles possam ser capazes de reviver após o descongelamento/a reidratação por longos períodos de tempo”, afirmou o nematologista e diretor do Fort Lauderdale Research and Education Center, Giblin-Davis em entrevista ao portal Gizmodo.
Apesar da descoberta apresentar muitos pontos positivos para a ciência moderna, os pesquisadores estão preocupados com a potencial contaminação das amostras antigas com organismos contemporâneos. No entanto, no estudo, os mesmos afirmaram que a contaminação é um processo basicamente improvável.
Procedimentos rigorosos para garantir a esterilidade completa das amostras foram descritos na publicação. Os vermes encontrados na toca dos esquilos foram identificados como pertencentes ao gênero Panagrolaimus e alguns encontrados na geleira como parte do gênero Plectus.
O nematologista da Universidade da Flórida, Byron J. Adams, atestou que as alegações dos pesquisadores russos são criveis com o que se sabe a respeito da biologia dos nemátodos modernos. “Eu amaria que fosse verdade. Vemos o que achamos ser uma estase prolongada nos Plectus e Panagrolaimus na Antártida, mas temos dificuldade de datá-los por radiocarbono”, disse Adams.
Não é a primeira vez que organismos são trazidos a vida de forma assistida. Em 2000, esporos de bactérias Bacillus escondidos dentro de cristais de sal de cerca de 250 milhões de anos foram revividos por cientistas.
A estrutura dos nematodos que foram encontrados podem vir a revelar mais sobre a viabilidade da criopreservação ou tornar possível a compreensão de mecanismos que propiciem a sobrevivência em condições extremas. E, além do mais, fornecer indícios de como os vermes evoluíram ao longo das eras.
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