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A vida realmente “passa” como um filme antes da morte?

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Novos dados, encontrados por meio de um “acidente” científico, sugerem que a vida realmente pode passar diante dos nossos olhos momentos antes da morte.

Um grupo de cientistas se propôs a medir as ondas cerebrais de um paciente de 87 anos que desenvolveu epilepsia. Porém, durante o monitoramento neurológico, ele sofreu um ataque cardíaco fatal, e isso fez com que fosse registrado algo inesperado de um cérebro quando está morrendo.

Por meio do monitoramento, foi revelado que nos 30 segundos antes e depois as ondas cerebrais do paciente continuaram os mesmo padrões de quando sonhamos ou recordamos de momentos.

Uma atividade cerebral dessa pode demonstrar que uma “recordação final da vida” pode acontecer nos últimos momentos de alguém, de acordo com a equipe em estudo publicado na revista científica Frontiers in Aging Neuroscience, na terça-feira (22/02).

O primeiro registro do cérebro na hora da morte

Foto: Correio Braziliense

Ajmal Zemmar, coautor do estudo, afirmou que o que a equipe, então baseada em Vancouver, no Canadá, obteve de forma acidental, foi o primeiro registro de um cérebro na hora da morte.

“Isso foi totalmente por acaso, não planejamos fazer este experimento ou gravar estes sinais”, contou ele à BBC.

No entanto, Zemmar informa ser impossível afirmar que vamos ver uma retrospectiva de momentos com pessoas queridas e memórias felizes antes de morrer.

“Se eu fosse passar para o reino filosófico, especularia que, se o cérebro fizesse uma retrospectiva, provavelmente gostaria de lembrá-lo de coisas boas, em vez de coisas ruins”, explica. “Mas o que é memorável seria diferente para cada pessoa.”

Zemmar, neurocirurgião da Universidade de Louisville, nos EUA, conta que nos 30 segundos antes do coração do paciente parar de fornecer sangue ao cérebro, suas ondas cerebrais continuaram com os mesmos padrões de quando fazemos tarefas de alta demanda cognitiva. Foi usado como exemplo quando nos concentramos, sonhamos ou evocamos memórias.

As ondas seguiram nos 30 segundos após o coração do paciente parar de bater, momento em que normalmente é declarado morto.

“Esta poderia ser uma última lembrança de memórias que tivemos na vida, e elas são reprisadas em nosso cérebro nos últimos segundos antes de morrermos.”

Quando a vida termina

Foto: Getty Images/BBC News Brasil

A pesquisa também estuda sobre quando a vida realmente termina, quando o coração para de bater ou quando o cérebro para de funcionar.

Zemmar e sua equipe destacam que conclusões amplas não podem ser retiradas de um estudo feito com apenas uma pessoa. Assim, o fato do paciente ser epiléptico, com o cérebro com hemorragia e inchado, complica ainda mais para uma conclusão.

“Nunca me senti à vontade para relatar um único caso”, informa Zemmar.

Um ano depois do registro inicial, em 2016, ele procurou casos parecidos para fortalecer a hipótese, mas não teve sucesso. Porém, um estudo de 2013, feito em ratos saudáveis, pode oferecer uma nova informação.

Neste estudo, pesquisadores dos Estados Unidos descreveram altos níveis de ondas cerebrais na hora da morte até 30 segundos após o coração do animal parar de bater, o mesmo que ocorreu com o paciente epiléptico de Zemmar.

Para o especialista, as semelhanças entre os estudos são surpreendentes. Agora, a equipe espera que com a publicação desse único caso humano surjam novos estudos sobre os momentos finais da vida.

“Acho que há algo místico e espiritual em toda essa experiência de quase morte”, afirma Zemmar. “E descobertas como esta são um momento pelo qual os cientistas vivem.”

Fonte: BBC

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