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Anemia espacial: por que os astronautas adquirem a doença?

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Os impactos das viagens espaciais no corpo humano podem ser ainda mais severos do que se imagina. Um estudo canadense indica que pessoas que ficam no espaço por muito tempo podem desenvolver a chamada “anemia espacial”. Isso se dá por conta da destruição dos glóbulos vermelhos, que acontecem de forma mais intensa fora da atmosfera terrestre.

No espaço, os astronautas têm três milhões de glóbulos vermelhos destruídos por segundo, enquanto na Terra o corpo humano destrói dois milhões dessas células por segundo. Esse é um processo natural de todo ser humano, porém, ao sair do nosso planeta, os astronautas têm uma perda 54% maior de glóbulos vermelhos. O estudo foi publicado na revista Nature Medicine.

O estudo

Para a realização do estudo, que durou de 2015 a 2020, pesquisadores da Universidade de Ottawa, no Canadá, colheram amostras de respiração e sangue de 14 astronautas antes da sua estadia de seis meses na Estação Espacial Internacional. Os astronautas também colheram amostras quatro vezes durante seus voos. Além disso, foram coletados sangue dos astronautas até um ano após os voos espaciais.

Nasa

Os pesquisadores acreditavam que a anemia espacial era a forma do corpo se adaptar à mudança do fluido, que resultava na destruição dos glóbulos vermelhos para restabelecer o equilíbrio. Pensava-se, também, que a perda de glóbulos vermelhos era apenas temporária, restabelecendo-se após os astronautas passarem dez dias no ambiente espacial.

No entanto, a equipe descobriu que o ambiente espacial é o verdadeiro culpado. “O nosso estudo mostra que ao chegar ao espaço, mais glóbulos vermelhos são destruídos, e isto continua durante toda a duração da missão do astronauta”, afirmou o autor do estudo, Guy Trudel, que é médico de reabilitação, pesquisador do Hospital de Ottawa (Canadá) e professor da Universidade de Ottawa.

Os pesquisadores acreditam que isso ocorre porque a baixa gravidade enfraquece os músculos e ossos. O mesmo acontece na Terra com pacientes de mobilidade reduzida, que passam por tratamentos de reabilitação ou acamados.

Apesar da produção de glóbulos vermelhos não ter sido medida, os cientistas presumiram que mais células foram geradas para compensar a taxa de destruição. Se esse processo não tivesse ocorrido, os astronautas teriam desenvolvido anemia severa e passado por graves problemas de saúde no espaço.

Nasa

Como se caracteriza a anemia espacial?

Quando os astronautas estão no espaço, eles experimentam um deslocamento de fluidos corporais em direção à parte superior do corpo, devido à falta de gravidade. Isto resulta em um aumento da pressão sobre o cérebro e os olhos, causando problemas cardiovasculares e uma perda de 10% do líquido nos seus vasos sanguíneos.

“A anemia espacial tem sido relatada consistentemente quando os astronautas retornam à Terra desde as primeiras missões espaciais”, explicou Guy Trude. Após o regresso à Terra, cinco dos astronautas estudados foram diagnosticados como clinicamente anêmicos. Um dos astronautas não teve recolha de sangue após a aterragem.

As amostras de acompanhamento recolhidas dos astronautas mostraram que a anemia espacial é reversível, porque a contagem de glóbulos vermelhos regressou progressivamente ao normal entre três a quatro meses após o regresso à terra. Porém, amostras recolhidas um ano após o desembarque dos astronautas na Terra mostraram que a taxa de destruição de glóbulos vermelhos continuava aumentada, cerca de 30% acima do que se verificava antes do seu voo espacial.

Sendo assim, é possível que missões espaciais de longa duração afetem de forma grave a saúde dos astronautas. O estudo é importante para analisar o impacto que essas condições podem ter sobre os corpos humanos e as possibilidades de prevenção e de melhora da anemia espacial.

Posteriormente, quando essas medidas forem implementadas nas viagens espaciais, é possível que o mesmo tratamento seja adaptado para tratar pacientes anêmicos na Terra. Para isso, mais pesquisas devem ser realizadas com astronautas que irão para fora do nosso planeta futuramente.

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