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Animais músicos que provam que a música não é só dos humanos

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Quem gosta de música de verdade sabe que o mais bonito nela é o seu teor animal, irracional, mágico; e não são poucas as experiências da atualidade e da história que mostram que animais são capazes de ser mesmerizados, ficarem felizes, tristes ou até agressivos diante de determinados tipos de música – que eles podem até não entender as letras, ok, mas são afetados pelas melodias da mesma forma. E se você acha que afirmar que animais são capazes de apreciar música é demais, que tal se dissermos que eles também a fazem, mas nós não percebemos?

Sim, pois da mesma forma que funk ou música clássica pode ser só barulho pra você, os sons de um grilo, as “cordas” de uma teia de aranha ou até o jeito que um passarinho pia podem, na verdade, ter muitos mais em comum com as nossas vidas musicais do que pensamos. Confira abaixo os exemplos:

Aranhas

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Através de vibrações em sua teia, que ela produz usando suas patas, essa menor tocadora de berimbau do mundo é capaz de saber como está a condição de sua teia, se há presas nelas e até mesmo o tamanho delas. Por isso, não seria incorreto afirmar que uma aranha afina sua teia, assim como um violonista faz com seu violão, já que é assim que ela sabe se a qualidade da mesma está garantida, funcionando com uma sensibilidade, flexibilidade e resistência que levam pesquisadores a tentar mimetizar as teias na vida real.

Cornos cantam bem

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Ou ao menos é isso que os pardais-franceses fazem, já que seu canto é usado para atrair fêmeas e desafiar outros machos, e quanto mais velho o pássaro, melhor o seu canto. Enquanto machos geralmente repetem um mesmo tema – os mais velhos, de forma mais lenta e “sensual” – as fêmeas são consideradas melhores de acordo com o tempo, duração e altura de seu canto.

É através do canto que os pardais-franceses avaliam a fertilidade (e sex appeal?) de seus possíveis parceiros, mas isso não garante que os mais velhos, que geralmente ganham a disputa pelas fêmeas, terão descendentes: é bastante comum que esses parceiros tenham em seus ninhos ovos de outros machos, que eles conseguem identificar.

Mas não é que as fêmeas sejam poligâmicas e os machos não; sabendo disso, a solução encontrada pelos velhotes é acasalar com o máximo de fêmeas. E aí, como você pode imaginar, muitos pássaros acabam ficando cornos. E o mais irônico é que, nessa situação, eles passam a cantar mais alto e agudo, atraindo mais fêmeas, pois podem ser ouvidos de longe.

Ratos também amam

Da mesma forma que pássaros, a espécie de ratos Alston, da América Central, usa o canto para rituais de acasalamento. E as fêmeas gostam de “rock stars”, que cantam músicas mais espalhafatosas, rápidas e agressivas. “O que faz uma performance ótima é a rapidez com que os machos conseguem repetir as notas e modulá-las”, explica o pesquisador Bret Pasch.

De acordo com o cientista, quanto mais rápidas as notas, mais agudas elas serão, pois haverá menos tempo para recuperar o oxigênio. E aparentemente, as fêmeas sabem do que ouvem, já que resultados de testes mostraram que quanto mais androgênio os machos tinham, mais fortes eram suas mandíbulas e a força com a qual conseguiam expelir ar pelo diafragma. Será que o mesmo se aplica para nós?

Sotaque

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Apesar disso não ser exatamente um canto, é uma forma de identidade sonora que se aplica para nós e permite que saibamos que alguém é paulistano, nordestino, carioca, catarinense ou até estrangeiro em uma ou duas palavras, algo que também se aplica para os animais.

Os macacos do gênero Gibão são um exemplo, e usam o canto regionalista para atrair parceiros e parceiras à distância. Seus cantos combinados formam sons de fundo característicos, como pássaros, em florestas do Camboja, Laos, Vietnã e China, onde habitam, e seus cantos se diferenciam para cada uma dessas áreas e florestas.

O cantar dos passarinhos

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Você pode achar que pardais ou passarinhos “brincando” no seu quintal são muito festivos e divertidos, mas na verdade eles estão disputando território, e a briga é pior que fim de festa de Natal, com muita baixaria e insulto. Sim, porque o cantar deles é, na verdade, usado principalmente por machos mais velhos e dominantes, e serve como um aviso ofensivo de “saiam da minha área, seu bando de otários”.

Caso for ignorado ou desafiado por um pássaro invasor, a tática do defensor é imitar o canto do pássaro invasor, o que serve como um aviso de briga. Se ainda assim for ignorado, o pássaro irá começar a cantar uma música calma e leve, que é um último aviso sonoro. O próximo passo é bater uma asa de cada vez em frente ao inimigo, e, se depois disso tudo o invasor ainda estiver em seu território, a única escolha é atacar.

Entretanto, quanto mais agressivo for o pássaro, menos ele irá cantar – o canto é usado como uma forma de blefe, e nem sempre continua até a agressão. Ainda assim, de 48 espécies de pardal estudadas, 31 seguiram essa rotina, indo do canto ao bater de asas, antes de atacar. “Esse é um dos sistemas de comunicação mais complicados, fora a linguagem humana. Aqui, sabemos que se um pássaro começa a cantar a mesma música que um intruso , isso quase sempre prevê que haverá um ataque”, aponta o pesquisador responsável pelo estudo, Caglar Akcay.

Moby

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As baleias corcundas macho do Pacífico sul têm músicas de acasalamento que variam de acordo com a estação e acabam sendo reproduzidas ao longo de todo o período e se espalhando pelos oceanos, o que poderia ser chamado de “hit de sucesso” na linguagem humana.

A teoria é que essas músicas sejam ou introduzidas por machos dominantes nômades, que determinam o sucesso de cada estação, ou que sejam criadas em grupo, enquanto as baleias fazem sua migração. É comum que as músicas sejam baseadas nas estações anteriores, como “remixes”, mas também há casos em que as baleias simplesmente descartam as músicas e começam algo do zero.

Em questão de dois ou três meses, essas músicas se espalham por toda a população de baleias macho da espécie. Não se sabe se as músicas são usadas compor uma unidade entre os indivíduos (como num coro), para atrair fêmeas ou para disputar território. Será que já tem alguma delas que se apelidou de “DJ Moby”?

O galanteador de serenatas

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Qual garota nunca sonhou com seu príncipe encantado surgindo embaixo de sua janela, acompanhado de instrumentistas mexicanos usando sombreiros e cantando declarações de amor? Infelizmente, a única espécie que pode se gabar de sempre receber esses galanteios é a dos morcegos mexicanos da espécie Tadaridas brasiliensis, que precisam capturar a atenção de fêmeas em pleno vôo, e por isso não têm tempo para compor sinfonias.

Ao invés disso, as serenatas precisam ser ouvidas à sua velocidade de vôo, 10 m/s, o que os dá em torno de um décimo de segundo ao cruzar com uma fêmea para emitir algum som. Por isso, eles costumam voar “cantando” pequenos trechos, e, se uma fêmea se interessar, continuam explorando e ampliando os trechos até que se tornem músicas. Quando a fêmea percebe, já foi fisgada. Só faltou mesmo a banda de apoio pra ser uma cena de filme.

Timbre refinado

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Já os rouxinois cantam melhor com a idade, mas, diferente dos pardais franceses, não ficam só repetindo um mesmo tema, sendo na verdade uma das espécies de pássaros com as vocalizações mais sofisticadas e complexas, por isso um símbolo entre músicos há centenas de anos. Conseguem dispor até 100 elementos musicais por segundo, entre notas, bends, efeitos e distorções, e geralmente têm um repertório de 200 músicas, que duraria mais de 1 hora se tocado por completo.

Mas como eles não têm esse tempo todo pra se apresentar, precisam de músicas impactantes, mais ou menos o análogo a ouvir AC/DC, com seus épicos solos, que são de difícil execução para os machos. Por isso, quando conseguem cantar bem, isso mostra que estão em boa forma.

BONUS

Animais tocando instrumentos humanos (o urso em 01:00 é assustador):

https://www.youtube.com/watch?v=BC7X4MuLafs

Veja como é o canto dos grilos em câmera lenta, 2000x desacelerado – não vamos dar detalhes pra não estragar a surpresa!

E aqui, alguns sons meramente engraçados de animais:

https://www.youtube.com/watch?v=Kdsxho2Cnog

E pra finalizar com chave de ouro:

8 razões que podem nos levar a acreditar que vivemos em uma Realidade Virtual

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