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Bactérias da caatinga brasileira podem combater seca

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A mudança climática vem afetando o mundo todo de várias maneiras diferentes. Pode-se ver isso nos mais variados ambientes da Terra. Tanto que, as projeções da Organização das Nações Unidas (ONU) e do Banco Mundial apontam que a humanidade sofrerá secas severas por conta do uso de água de boa parte do segmento agrícola. Felizmente, uma possível solução pode estar nas bactérias da caatinga brasileira.

Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Estadual da Bahia (Uneb) mostrou que as bactérias da caatinga funcionam para evitar situações de estresse hídrico. Sem contar que são eficazes para que se utilize de forma mais econômica a água nas atividades agrícolas.

Segundo Adailson Feitoza, pesquisador e professor da Uneb, essas bactérias presentes na própria natureza podem ser a solução para que se otimize a eficiência da absorção de água pelas plantas cultivadas.

Seca

Canal matopiba

O pesquisador está à frente do estudo que isola e seleciona bactérias do semiárido nordestino que tenham a capacidade de tolerar as condições características dos ambientes com temperaturas altas, solos salinos e que tenham uma disponibilidade baixa de água.

Depois dessas bactérias selecionadas, o objetivo é usá-las como um bioinsumo e aplicá-las nas culturas como milho, feijão, soja e tomate.

“Durante muito tempo as pesquisas têm focado na seleção de microrganismos isolados para promoção de crescimento ou outra característica de interesse. No entanto, para mitigação da tolerância à seca em culturas de interesse é necessário que se acione diferentes mecanismos, sejam fisiológicos (metabólicos), sejam morfológicos”, explicou Feitoza.

Bactérias

Canal matopiba

Como não é fácil encontrar um único microrganismo que seja multifuncional e que consiga garantir estabilidade suficiente para a indução de tolerância à seca, a biotecnologia recorre a consórcios bacterianos para alcançar resultados melhores.

Nesse ínterim, Feitoza afirma que esses consórcios microbianos podem ser a maior tendência para o mercado de biológicos. Isso porque espécies diferentes, cada uma tendo a sua função, podem dar uma multifuncionalidade para o produto.

Essa pesquisa com bactérias ainda está em fase de validação. Isso quer dizer que já se começou os trabalhos de teste em campo. Contudo, é necessário a capilaridade para testar a tecnologia em outros ambientes com solos diferentes.

Observações

Canal agro

Embora não se tenha publicado os resultados mais recentes desse estudo, eles mostram uma possibilidade de se manter o crescimento e o desenvolvimento da cultura do milho usando somente 40% da quantidade de água necessária.

Além disso, a pesquisa também mostrou um maior comprimento de raiz (21,02%) e parte aérea (53,75%), de massa seca de raiz (124,67%) e parte aérea (41,83%). Constatou-se isso quando os dados foram tratados com um consórcio de três diferentes bactérias.

“A gente tem um problema nas empresas. Muitos dos bioinsumos, dos produtos que existem hoje, que foram isolados no Sul e Sudeste, são microrganismos adaptados em condições ambientais totalmente diferentes”, pontuou o pesquisador.

Portanto, para que se transforme isso em um produto é preciso de uma parceria com iniciativa privada, para que então se vise o desenvolvimento de uma fórmula consistente. Ademais, essa fórmula precisa ter um tempo de prateleira e estabilidade dos microrganismos do ponto de vista ambiental.

“Falta uma parceira firme entre a academia e a iniciativa privada. Falta um pouco ainda para a gente avançar e precisamos de investimento para avançar na próxima etapa”, concluiu Feitoza.

Fonte: Globo Rural 

Imagens: Canal matopiba, Canal Agro

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