Encontrar uma cobra provavelmente não é algo que deixa as pessoas animadas, mas a última sexta-feira (6) foi um caso à parte. Uma cobra de coloração rara foi resgatada pelo Corpo de Bombeiros na cozinha do Instituto Federal de Mato Grosso, em Alta Floresta, a 800 km de Cuiabá.
Segundo o biólogo e especialista em serpentes, Henrique Abrahão Charles, a cobra possui uma das colorações mais raras da espécie, apesar da espécie em si ser facilmente encontrada. Assim sendo, o que chama mais atenção é que a cobra aparece sorrindo nas fotos do resgate.
No entanto, o que para humanos é um sorriso é, na verdade, um mecanismo de defesa para a espécie, explica o especialista. Ela faz uma triangulação da cabeça para parecer uma naja. A boca parece que está sorrindo, mas pode ter certeza que ela dá um bote atrás do outro. Ela também não é uma serpente peçonhenta, mas tem dois dentes traseiros que se morder, perfuram”, contou.
Segundo os funcionários do instituto, a cobra estava agitada e agressiva. Logo, acionaram os bombeiros para que realizassem o resgate. Após a equipe chegar no local, os servidores já haviam capturado a cobra para que ela não fugisse ou picasse alguém.
Depois, ela foi colocada em uma caixa e solta em uma área de mata. De acordo com o biólogo, a serpente é chamada de “Capitão do Mato Boipeva”, sendo da espécie Xenodon merremii.
“Essa serpente possui policromia e tem várias cores na sua genética. Pode encontrar ela amarela, malhada, esverdeada, mais escura, preta. Essa coloração malhada é um pouco mais rara, mas já foram registradas”, disse.
Xenodon merremii
Ainda segundo o biólogo, o animal se parece com jararacas, cascavéis e corais por conta da camuflagem. Por isso, é muito comum que as pessoas confundam a capitão do mato com essas espécies.
Dessa forma, os adultos da espécie geralmente têm 1 metro ou menos de comprimento. Contudo, podem atingir dois metros. Essa serpente se alimenta de insetos, rãs, sapos e lagartos. Assim, o biólogo explica que a cobra possui algumas características especiais para se alimentar de anfíbios, principalmente de sapos. Por exemplo, utiliza-se os dentes traseiros para perfurar os animais. Além disso, ela chega a comer cobras menores.
“Várias cobras fazem esse achatamento na cabeça para imitar uma naja, isso é para aumentar o tamanho dela e fazer medo”, explicou. Segundo Henrique Abrahão Charles, a cobra não possui canal no dente ligado à alguma glândula que seja apta para soltar veneno. Portanto, ela não é peçonhenta.
Cobra mais venenosa do país pica criança de 6 anos
Uma cobra coral-verdadeira picou uma criança de 6 anos em Nova Trento, na grande Florianópolis. Em seguida, os bombeiros a levaram para o Hospital Infantil de Gusmão, na capital. Considera-se a espécie a mais venenosa presente no Brasil. Porém, segundo informações dos bombeiros, o quadro de saúde da criança é estável.
Acionou-se a equipe de operações aéreas por volta das 10h40. A cobra picou a criança quando ela mexeu em um local próximo de casa pouco tempo antes.
Por mais que o estado de saúde do menino “não era grave no momento do atendimento”, segundo os bombeiros, a transferência foi necessária devido à periculosidade do veneno.
De acordo com o biólogo especialista em serpentes, Christian Raboch, em casos de picada dessa espécie, o atendimento precisa ser imediato. Sendo assim, o tratamento envolve a injeção de um soro antielapídico. “Quanto mais rápido utilizar o soro, menor vão ser os sintomas”, afirma o biólogo.
No caso do veneno da coral-verdadeira, ele age no sistema nervoso e se espalha rapidamente pelo corpo. Então, caso seja picado por uma cobra, não se deve amarrar o local, segundo o biólogo. Isso porque o torniquete pode aumentar o risco de necrosar o local e resultar em amputação, possivelmente.
Algumas dicas são: não fazer corte, perfuração ou sucção no local, lavar a picada com água e sabão. Por fim, ir ao hospital o mais rápido possível. Se possível, identifique a serpente por meio de uma foto para facilitar a escolha do soro que será aplicado na vítima.
Fonte: G1
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