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Com a carne mais cara, o que brasileiros estão comendo?

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Todos sabemos que uma boa alimentação pode influenciar na nossa saúde e na disposição que temos para enfrentar o dia a dia. Contudo, nos tempos atuais, os brasileiros estão enfrentando cada vez mais dificuldades em poder ter uma alimentação balanceada. Isso porque os preços dos alimentos, principalmente da carne bovina, estão aumentando constantemente.

Justamente por conta disso, a carne está se tornando cada vez mais rara na mesa dos brasileiros. O que é um problema, visto que um dos pratos mais “simples” e comuns que praticamente todos cresceram comendo é arroz, feijão e bife.

Só que parece que esse prato tradicional está cada vez mais difícil de se fazer. Por isso, o jeito é encontrar uma forma de mudar o cardápio e diminuir o consumo de carne vermelha, ou até mesmo tirar a proteína do prato. Nesse caso, os brasileiros estão colocando uma concha a mais de feijão no prato.

Para se ter uma ideia, em 2020, o consumo de carne pelos brasileiros registrou uma queda de 10% em comparação com 2019. Essa queda foi a maior redução em 16 anos, de acordo com um estudo feito pelo especialista de consultoria agrícola do Itaú Unibanco, Cesar de Castro Alves.

Carne

Brasil de fato

Além do estudo, o levantamento feito pelo Datafolha mostrou que 85% dos entrevistados diminuíram o consumo de algum alimento em 2021. Dessa diminuição, 67% dos brasileiros diminuíram o consumo de carne vermelha.

Um desses brasileiros é o motorista José Pacheco da Silva, de 47 anos, que cortou drasticamente a compra de carne. “Caiu uns 50% o consumo e a frequência também. Tenho tentado substituir a carne bovina por frango, porco e ovo. Eu compro muito feijão, mesmo estando mais caro agora”, explicou.

Além do motorista a aposentada Terezinha Bezerra, de 70 anos, também está sentindo o impacto da alta dos preços da carne e também está procurando formas de substituí-la quando o orçamento fica mais apertado.

“A gente não deixa de comprar carne mesmo cara, porque não pode ficar sem, né? O preço está um absurdo não só da carne, mas de tudo. Às vezes, a gente troca a carne pelo frango, uma verdura e, assim, vai levando a vida. O feijão não pode faltar, mas a carne também não”, contou ela.

Consumo

BRK ambiental

Até mesmo os especialistas reconhecem que a diminuição do consumo de carne pelos brasileiros e a sua substituição por outros alimentos é causada pelos preços altos dos alimentos e por conta do desemprego elevado. Além disso, com a inflação batendo recordes, a desigualdade no país aumenta e quem sente mais o impacto disso são os mais pobres.

A mudança não afeta apenas quem compra a carne bovina, mas também quem a vende, como por exemplo, o açougueiro Edilson Damasceno, de 45 anos. Ele observa todos os dias a tendência de os brasileiros substituírem a carne vermelha pelas aves. Além disso, ele também constata que para não deixar de ter a carne no prato, muitas pessoas têm optado por opções mais baratas, como por exemplo, a carne moída.

“Os clientes estão trocando a carne bovina por frango. Ainda que elas também tenham aumentado o preço, não estão tão caras quanto a carne bovina. O que mais aumenta as vendas aqui é a carne moída. Ela está vendendo bastante, porque é mais barata e vem em menor quantidade, em uma bandeja pequena. E, aí, os clientes fazem essa troca”, contou ele.

Preço

La Vanguardia

Além de preços subindo constantemente, de acordo com o último levantamento realizado pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas ( FGV Social), ano passado, 27,6 milhões de brasileiros estavam na pobreza. Isso quer dizer que 13% das pessoas do nosso país acabaram 2021 vivendo com até 290 reais por mês.

“Uma parte do aumento dos preços da carne vem do custo das rações, que também está subindo. Outra explicação está no preço do frete. Sabemos o quanto o diesel ficou mais caro e toda a produção agrícola é escoada para os centros urbanos em cima dos caminhões. Então, uma parte desse frete mais caro se materializa em aumento no preço final para o consumidor”, afirmou André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).

Além disso, o economista também diz que outra coisa que deixa a carne mais cara é a exportação. “Digamos que aqui as rações fiquem baratas e o frete já não seja mais um problema. Se o país está exportando muito para outros países, diminui a oferta de carne no mercado brasileiro e isso faz com que o preço suba. Então, essa dinâmica de exportação é algo importante que a gente deve ter sempre no radar”, explicou.

Alternativa

Tudo gostoso

Com a carne mais cara e quase inacessível para vários brasileiros, o feijão tem sido uma saída mais em conta para aqueles que não querem deixar de consumir uma boa quantidade de proteína nas refeições.

Além dele, os especialistas sugerem trocar a carne por outros produtos de origem vegetal para que a proteína animal seja compensada. Segundo a nutricionista Camila Pessoa, a troca da carne vermelha pelo feijão é vantajosa porque ele consegue suprir de forma plena todos os nutrientes que tem na carne. Além disso, o feijão também dá o ferro, que é outra substância importante para o corpo.

“A troca da carne pelo feijão é válida, pensando na quantidade de proteína e de ferro e já considerando a biodisponibilidade do ferro do feijão. Então, sete colheres de sopa de feijão equivalem a um pedaço de 100g de carne vermelha”, pontuou ela.

Futuro

CBN Campinas

Infelizmente, segundo o economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), as perspectivas para os brasileiros não são das melhores.

De acordo com ele, por conta da proximidade com um período de estiagem no Brasil, o produtor rural terá de comprar mais rações para manter o gado em forma, e isso, consequentemente, fará o preço da carne aumentar.

“Estamos entrando agora nos meses de estiagem, saindo do outono e entrando no inverno. À medida que o inverno se aproxima, o volume de chuvas diminui e isso piora as condições de pastagem. Com isso, os pecuaristas têm que entrar com rações para não perder muito a produção de leite, ou mesmo favorecer a perda de peso do gado. Então, para o gado não emagrecer, o produtor entra com ração e isso aumenta o custo, o que prolonga esse ciclo de carne com o preço mais alto por mais um tempo”, concluiu ele.

Fonte: Correio Braziliense

Imagens: Brasil de fato, BRK ambiental, La Vanguardia, Tudo gostoso, CBN Campinas

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